STF instaura inquérito sobre declarações de Moro e o ministro Celso de Melo é o relator

Em tese, vai se apurar se houve crimes de falsidade ideológica, coação no curso do processo, denunciação caluniosa e crime contra a honra. O PGR tem como contrariar possíveis interesses de Bolsonaro?

O procurador-geral da República, Augusto Aras, solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (24) a abertura de um inquérito para apurar os fatos narrados e as declarações feitas pelo então ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro.

Foto: Jacinto Teles/JT NewsSede da PGR, onde Raquel Dodge vai emitir parecer na Ação dos delegados
Sede da PGR de onde Augusto Aras preparou pedido de Inquérito para apurar declarações de Moro no STF

Entre as providências, o procurador-geral da República solicita ao Supremo a oitiva de Sergio Moro em razão da abertura do inquérito.

Foto: Carlos Moura/STFCelso de Melo Ministro do STF
Ministro do STF, Celso de Melo é o relator do Inquérito que vai apurar denúncias de Moro contra Bolsonaro

O pedido, autuado no STF como Inquérito 4.829, aponta a eventual ocorrência, em tese, dos crimes de falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de Justiça, corrupção passiva privilegiada, denunciação caluniosa e crime contra a honra.

“A dimensão dos episódios narrados revela a declaração de ministro de Estado de atos que revelariam a prática de ilícitos, imputando a sua prática ao presidente da República, o que, de outra sorte, poderia caracterizar igualmente o crime de denunciação caluniosa”, aponta o procurador-geral.

“Indica-se, como diligência inicial, a oitiva de Sergio Fernando Moro, a fim de que apresente manifestação detalhada sobre os termos do pronunciamento, com a exibição de documentação idônea que eventualmente possua acerca dos eventos em questão.

Foto: José Cruz/Agência BrasilAugusto Aras que posa pra foto ao lado do presidente Bolsonaro
Augusto Aras - ao final vai pedir a absolvição de Bolsonaro e acusar Moro? Ou terá a imparcialidade necessária?

Uma vez instaurado o inquérito, e na certeza da diligência policial para o não perecimento de elementos probatórios, o procurador-geral da República reserva-se para acompanhar o apuratório e, se for o caso, oferecer denúncia”, conclui Augusto Aras no pedido.

Augusto Aras tem sido criticado por tentar livrar Bolsonaro de outro Inquérito Policial nesta semana

Muitos não acreditam na imparcialidade do procurador-geral da República, Augusto Aras, quando o assunto envolve interesse direto do presidente da República, Jair Bolsonaro, mesmo diante da complexidade do caso, o JTNEWS prefere esperar o momento de oferecimento de possível denúncia contra o presidente Jair Bolsonaro para opinar nesse ponto específico. 

Foto: CNN/BRASILBolsonaro participou diretamente do ato antidemocrático de fechamento do STF
Bolsonaro participou diretamente do ato antidemocrático de fechamento do STF

Vários colegas seus do MPF já declararam que sua escolha para a chefia nacional do Ministério Público da União, não atendeu a parâmetros mínimos que pudesse causar a garantia de agir com plena imparcialidade, ou seja, diferente dos últimos procuradores gerais do MPF nos últimos 14 anos aproximadamente.

Recentemente, ou melhor no começo desta semana o PGR, Augusto Aras, pediu abertura de Inquério no STF para apurar a responsabilidade de possíveis violadores à Constituição e à Lei de Segurança Nacional. 

Embora o Inquérito está  em trâmite em segredo de justiça, mesmo havendo indícios fortes da participação do presidente Bolsonaro nos atos de defesa de ações antidemocráticas contra instituições como o STF e o Congresso Nacional [inclusive defesas expressas de fechamento dessas instituições imprescindíveis ao regime democrático], Augusto Aras sequer citou Jair Bolsonaro, o qual apoiou publicamente os manifestantes pró-fechamento das instituições já referenciadas. 

É uma situação complexa e para uns até compreensível, pois sua gratidão ao chefe do Executivo Federal, o presidente da República, deve ser muito grande, porque o mandatário da Nação rompeu com uma tradição de mais de 10 anos para escolha democrática do procurador-geral da República, que vinha sendo escolhido por meio de eleição de lista tríplice entre seus pares [do Ministério Público Federal], cuja organização estava a cargo da Associação Nacional dos Procuradores da República.

Para quebrar essa tradição e essa atenção especial de forma democrática para com a instituição do MPF, Bolsonaro escolheu "a dedo" o procurador-geral da República, Augusto Aras, e ficou declarado expressamente que a escolha ou indicação do PGR seria pessoal do presidente da República, obviamente com o aprovo do Senado Federal. Então é aí que pairam dúvidas se o PGR tem realmente condições de ser imparcial na condução desse processo. 

Essa é a nossa opinião, salvo melhor juízo.

Fonte: JTNEWS

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