Papa visita Tailândia e Japão para pedir desarmamento nuclear

Papa Francisco, antes de sair em viagem, deixou uma mensagem falando a respeito da missão e sobre proteger todas as vidas contra a guerra

Após o evento do Dia Mundial dos Pobres no último domingo (17), o papa Francisco inicia hoje (19) visita oficial à Ásia onde vai tratar de desarmamento nuclear global, luta contra o tráfico de pessoas além e participar de uma homenagem às pequenas comunidades católicas da Tailândia e Japão.

Foto: VaticanMediaPapa Francisco
Papa Francisco

Antes da viagem, o papa deixou uma mensagem sobre a missão na Ásia.

Queridos amigos, enquanto preparo a minha próxima visita ao Japão, gostaria de dirigir-lhes estas palavras de amizade.

O tema escolhido para a minha visita é "Proteger toda a Vida". Este forte instinto que ressoa em nosso coração, de defender o valor e a dignidade de cada ser humano, adquire particular importância diante das ameaças à convivência pacífica que hoje o mundo deve enfrentar, especialmente nos conflitos armados.

O seu país está ciente do sofrimento causado pela guerra. Junto com vocês, rezo para que o poder destrutivo das armas nucleares nunca mais volte a ocorrer na história da humanidade. Usar as armas nucleares é imoral.

Sabeis também como é importante a cultura do diálogo, da fraternidade, especialmente entre as diversas tradições religiosas, que podem ajudar a superar as divisões, promover o respeito pela dignidade humana e avançar no desenvolvimento integral de todos os povos.

Espero que a minha visita os encoraje no caminho do respeito mútuo e do encontro que conduz a uma paz segura, que dura no tempo, que não volta atrás. A paz tem esta beleza que, quando é real, não se retrai: a paz se defende com os dentes.

Terei também a oportunidade de apreciar a grande beleza natural que caracteriza a sua nação e de expressar o desejo comum de promover, reforçar a proteção daquela vida que inclui a terra, a nossa casa comum e que de modo tão bonito a sua cultura simboliza com as cerejeiras em flor.

Eu sei que há muitas pessoas que estão trabalhando para preparar a visita, sinceramente obrigado por esse esforço. E com a esperança de que nestes dias em que estaremos juntos sejam ricos em graça e alegria, asseguro-lhes a minha oração solidária, por todos e por cada um de vocês. E peço-lhes, por favor, que rezem também por mim. Muito obrigado.

A Viagem

A viagem terá como ponto alto a visita às cidades japonesas de Nagasaki e Hiroshima. Nestes locais, o papa deve se encontrar com sobreviventes das bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos em 1945.

Francisco é apontado como o papa que mais condenou o uso e a propriedade de armas nucleares e deve repetir o apelo quando visitar as duas cidades. No último domingo (17), o papa divulgou uma mensagem pedindo para que "o poder destrutivo das armas nucleares nunca mais seja utilizado".

A vontade de visitar as duas cidades tomou forma em 2017, depois de Francisco ver, pela primeira vez, uma fotografia captada em 1945 pelo fotógrafo norte-americano Joseph Roger O`Donnell, logo depois do bombardeio de Nagasaki. A imagem mostra um menino ao lado de seu irmão morto esperando o momento para levá-lo para o crematório. No último dia desse ano, o papa enviou a fotografia para a imprensa com a mensagem "o fruto da guerra", pedindo que se falasse dos perigos de uma guerra nuclear.

Os bombardeios (6 de agosto de 1945, em Hiroshima, e 9 de agosto do mesmo ano, em Nagasaki) provocaram a capitulação do Japão e o fim da segunda Guerra Mundial. Os ataques provocaram a morte de mais de 220 mil pessoas.

Além dos sobreviventes das bombas atómicas, o papa pretende também prestar homenagem às vítimas do desastre de março de 2011, ocorrido na central nuclear de Fukushima. Um terramoto de magnitude 9 provocou um tsunami que cortou a energia na central nuclear e suspendeu o sistema de refrigeração. Cem mil pessoas foram deslocadas e um rasto de radioatividade foi deixado por toda a região.

A visita à Ásia servirá também para reforçar os laços entre religiões nos dois países onde os católicos representam uma ínfima parte da população: 0,59% dos 65 milhões de tailandeses e 0,42% dos 126 milhões de japoneses.

No entanto, tanto os tailandeses como os japoneses esperam fervorosamente que o papa aborde uma outra questão na sua visita: o respeito pela vida, quer através da condenação do tráfico humano na Tailândia, quer pela defesa do fim da pena de morte no Japão.

A Tailândia foi classificada pelas Nações Unidas como um dos mais importantes destinos de tráfico de pessoas, mas também fonte primordial de trabalho forçado e de escravatura sexual.

No Japão, os católicos esperam que Francisco se oponha à pena de morte e que se encontre com Iwao Hakamada, um antigo boxer e ativista dos direitos humanos que está no corredor da morte há quase 50 anos.

Hong Kong

O protocolo das visitas papais poderá ainda permitir a Francisco tomar uma posição sobre os protestos em Hong Kong e reforçar as delicadas relações com Pequim.

A expectativa é que seja enviada mensagem ao Presidente da República Popular da China, Xi Jinping no sábado, quando a comitiva papal atravessar os territórios de Taiwan e Hong Kong, na viagem de Banguecoque para Tóquio.

Honk Kong vive há vários meses num ambiente de contestação social, desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

A proposta já foi retirada, mas as manifestações generalizaram-se e reivindicam agora a implementação do sufrágio universal no território, a demissão da atual chefe do Governo, Carrie Lam, uma investigação independente sobre violência policial e a libertação dos detidos ao longo dos protestos.

Fonte: Agência Brasil

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