Lula declara que o mundo regrediu na última década e projeta a ‘volta de um Brasil soberano’

Em discurso na renomada SciencesPo, Lula assegurou que os brasileiros, assim que voltarem a decidir os rumos do país, ajudarão no combate à desigualdade e na construção da segurança ambiental

Na tarde dessa terça-feira (16/11), o ex-presidente Lula discursou no Instituto de Estudos Políticos de Paris, o Sciences Po, em um evento intitulado “Qual o lugar do Brasil no mundo de amanhã?”, dez anos depois de receber o título de doutor honoris causa da renomada instituição, em reconhecimento às suas políticas de combate à desigualdade.

Foto: Reprodução/Instagram/Ricardo StuckertEx-presidente Lula, durante evento em Paris
Ex-presidente Lula, durante evento em Paris

Em seu discurso, que incluiu diversas falas de improviso em meio à leitura do texto que havia preparado, o ex-presidente defendeu que o Brasil precisa retornar à normalidade ética e democrática para não só voltar ao caminho da inclusão e da justiça social, mas também ajudar o mundo a superar seus mais fundamentais desafios, como as mudanças climáticas, a fome e a miséria.

“Uma nova inserção do Brasil no cenário mundial passa, necessariamente, pela reconstrução do país, num processo de eleições democráticas e verdadeiramente livres, sem fake news, diferentemente do que ocorreu em 2018”, afirmou

Ao longo do discurso, enalteceu realizações de seus governos, criticou a gestão de Jair Bolsonaro e se disse otimista com o futuro do Brasil. Ele também disparou contra a decisão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de segurar os pedidos de impeachment de Bolsonaro e mencionou o orçamento secreto.

Foto: Ricardo StuckertLula discursa na renomada SciencesPo
Lula discursa na renomada SciencesPo

O ex-presidente também denunciou que o governo de Jair Bolsonaro, resultado direto do processo reacionário que tirou Dilma Rousseff da Presidência e o levou à prisão injustamente, corrói as finanças públicas e destrói setores da economia essenciais, como os de engenharia, óleo e gás, acabando com a maior empresa do povo brasileiro, a Petrobras, para transformar o Brasil “numa economia onde apenas especuladores e oportunistas obtêm benefícios”. 

“O objetivo indisfarçável do golpe era reverter o projeto de país soberano, voltado para o desenvolvimento econômico, social e ambientalmente sustentável, com a geração de emprego e distribuição de renda para a imensa maioria historicamente excluída”, ressaltou. “O resultado é que, em apenas cinco anos, os trabalhadores perderam direitos fundamentais, o desemprego e o custo de vida explodiram, programas sociais foram abandonados ou descontinuados, incluindo o Bolsa Família. A fome voltou ao cotidiano das famílias”, acrescentou.

Lula ainda criticou a condução política da Lava Jato, especialmente a atuação do ex-juiz Sergio Moro, e as consequências do golpe de 2016 contra a então presidenta Dilma Rousseff.  “Foram cinco anos de luta pela justiça, até que o STF viesse a estabelecer a suspeição e a parcialidade do juiz que me condenou sem provas e sem causa”, declarou o petista.

Apesar do diagnóstico e da consciência de que o desafio do Brasil, hoje, é maior que o enfrentado em 2003, quando chegou à Presidência, Lula fez questão de se dizer otimista na capacidade do país de se reerguer e voltar a contribuir para a construção de um mundo mais justo. Internamente, o Brasil precisa voltar a fazer política voltada para o seu povo, disse o criador do Partido dos Trabalhadores.

“A ideia de que não tem dinheiro é induzida para que você guarde para pagar ao sistema financeiro. Quando, na verdade, você poderia gastar, era só ter vontade de fazer uma coisa mais produtiva para o país. (…) Tem gente que acha que dinheiro é bom é dinheiro guardado. Não. Dinheiro bom é dinheiro transformado em investimento, em educação, em obras, em estrada, ferrovia, ponte, em laboratório, em universidade… Porque é um dinheiro que vai ter retorno, que vai voltar”, defendeu, pouco antes de classificar o ministro da Economia de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, de um “destruidor de países”.

Globalmente, após retomar sua soberania, caberá ao Brasil contribuir para que o mundo supere seus desafios. “O Brasil são 213 milhões de seres humanos, das mais diversas origens, com capacidade de trabalhar, aprender, ensinar e sonhar. Na medida em que o povo brasileiro volte a decidir sobre os rumos do país, estou certo de que atuaremos fortemente em todas as iniciativas para superar a indecente desigualdade entre países, e garantir a segurança ambiental do planeta. Esta é a nossa vocação e foi nossa prática quando governamos”, assegurou.

Assista abaixo à íntegra do discurso do ex-presidente Lula

Lula é aplaudido de pé depois de discurso no Parlamento Europeu

Em tour pela Europa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi ovacionado por eurodeputados da Conferência de Alto Nível da América Latina nesta 2ª feira (15.nov.2021).

No discurso, disse que o Brasil “tem jeito” e que é possível “construir uma economia justa, sem a destruição do meio ambiente e livre da exploração desumana da força de trabalho”. O discurso foi realizado no Parlamento Europeu, em Bruxelas, capital da Bélgica.

Fonte: JTNEWS

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