Ex candidato à Prefeitura de Teresina defende Bolsonaro e diz que não deu golpe de Estado porque não quis
A fala segue um padrão de revisionismo histórico que tenta afastar Bolsonaro da responsabilidade dos ataques à democracia. Afirmar que “ele poderia, mas não quis” soa quase como um elogio.O professor Tonny Kerley, ex-candidato à Prefeitura de Teresina, fez declarações polêmicas ao minimizar as tentativas de golpe no Brasil e defender Jair Bolsonaro. Em sua fala, Kerley admitiu que o ex-presidente participou de reuniões com generais das Forças Armadas onde se discutiu um possível golpe de Estado, mas argumentou que Bolsonaro "não teve interesse" em seguir com a ideia.
A afirmação, no entanto, levanta uma questão preocupante: se houve discussões entre Bolsonaro e militares sobre um golpe, isso não já seria, por si só, um ataque à democracia? A fala de Kerley parece tentar normalizar o fato de que o ex-presidente cogitou romper a ordem democrática, como se fosse apenas mais um tema de conversa entre amigos.
Outro ponto problemático no discurso do professor é a ideia de que um golpe só aconteceria caso o Exército invadisse o Congresso ou depredasse o Supremo Tribunal Federal (STF). Esse pensamento ignora como golpes de Estado modernos acontecem. A democracia pode ser destruída não apenas com tanques nas ruas, mas também por meio de articulações internas, enfraquecimento das instituições e disseminação de desinformação.
Relatórios da Polícia Federal apontam que Bolsonaro e aliados tinham, sim, um plano detalhado para impedir a posse de Lula. O ex-presidente teria tentado apoio dos militares, mas recuou diante da falta de adesão das Forças Armadas e do risco de retaliação internacional.
Kerley também tentou minimizar os atos do dia 8 de janeiro de 2023, dizendo que foram conduzidos por “cidadãos comuns” e não pelo Exército. Mas a verdade é que esses ataques foram alimentados por meses de discursos golpistas e incentivos de Bolsonaro e aliados.
Investigações da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal já mostraram que os acampamentos diante dos quartéis não surgiram do nada. Empresários, políticos e militares foram apontados como financiadores e incentivadores do movimento. Além disso, há provas de que houve omissão e até apoio de agentes da segurança pública para que os vândalos conseguissem chegar aos prédios dos Três Poderes. A Operação Lesa Pátria já prendeu dezenas de envolvidos.
A fala de Tonny Kerley segue um padrão de revisionismo histórico que tenta afastar Bolsonaro da responsabilidade pelos ataques à democracia. O discurso de que “ele poderia, mas não quis” soa quase como um elogio, quando deveria causar indignação. Afinal, ninguém que verdadeiramente respeita a democracia senta para debater um golpe de Estado com militares.
Kerley pode ter o direito de expressar sua opinião, mas as palavras têm peso. No Brasil, ainda há instituições fortes para impedir rupturas autoritárias, mas a normalização desse tipo de discurso mostra que a ameaça à democracia continua viva.
Fonte: JTNEWS
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