Ciência explica por que tomar leite antes de dormir pode ser benéfico

Cientistas identificaram na bebida de origem animal peptídeos capazes de ajudar no sono e realizaram testes em camundongos, alcançando resultados promissores

Sua avó estava certa: tomar um leitinho antes de se deitar pode realmente ajudar você a dormir melhor. A bebida contém triptofano, um aminoácido envolvido na produção de serotonina e melatonina, que são fundamentais na regulação do sono. Mas não só por isso.

Foto: Charlotte May/UnsplashLeite morno contém peptídeos que ajudam a aliviar o estresse para uma noite de sono mais tranquila
Leite morno contém peptídeos que ajudam a aliviar o estresse para uma noite de sono mais tranquila

O líquido proveniente da vaca também tem uma mistura de peptídeos que alivia o estresse e pode ajudar a adormecer, segundo aponta um novo estudo publicado no jornal científico Journal of Agricultural and Food Chemistry, no último dia 20 de setembro.

Os autores da pesquisa, que atuam na Universidade de Tecnologia do Sul da China identificaram os peptídeos presentes nessa mistura, conhecida como caseína hidrolisada tríptica (CTH). Para obter esse mix, a caseína, uma proteína do leite de vaca, costuma ser tratada com a enzima digestiva tripsina.

Entre os peptídeos já conhecidos da CTH, está a α-casozepina (α-CZP), que pode gerar alguns efeitos possivelmente benéficos ao sono. Mas os pesquisadores queriam encontrar outros pedaços de proteína que também pudessem ajudar a dormir – e quem sabe de modo ainda mais potente.

Então, eles resolveram testar isoladamente os efeitos da CTH e da α-CZP em camundongos. A mistura de peptídeos demonstrou mais benefícios ao sono do que a α-CZP sozinha, segundo informa um comunicado. Logo, os cientistas concluíram que outros peptídeos também estavam dando “uma força” nesse processo de adormecer.

Ao utilizarem espectrometria de massa, a equipe conseguiu rastrear esses peptídeos durante o processo de digestão dos roedores. Com isso, os especialistas descobriram várias das substâncias que se ligam ao GABA, um receptor atuante no sistema nervoso responsável pelas sensações de calma e relaxamento.

Em seguida, os ratos foram medicados com os peptídeos e aquele que se saiu melhor foi o YPVEPF. Esse peptídeo em específico aumentou em cerca de 25% o número de camundongos que dormiram. Além do mais, a duração da soneca dos animais aumentou em 400%, em comparação com um grupo de roedores que não foram tratados.

Com os resultados positivos, os cientistas têm esperanças de que outros peptídeos da CTH também possam ser utilizados para melhorar a qualidade do sono. As moléculas podem ser usadas na fabricação de medicamentos contra a insônia, por exemplo.

Fonte: Revista Galileu

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