Giulieny Matos

Gosta do cotidiano. É especialista em segurança pública e educadora autônoma. Formada pela Unb, trabalha atualmente em prol da prevenção precoce da violência. Colaboradora da Magazine Internacional IPA Brazil. Possui 12 livros publicados.
Gosta do cotidiano. É especialista em segurança pública e educadora autônoma. Formada pela Unb, trabalha atualmente em prol da prevenção precoce da violência. Colaboradora da Magazine Internacional IPA Brazil. Possui 12 livros publicados.

O resgate do deus Sol

Apesar de tanto sol disponível, o exército de coronavírus torna reféns pessoas com baixa taxa de Vitamina D

Resgatemos a presença do deus Sol em nossas vidas. Joga a corda! Puxa o sol mais para baixo. Tira o teto da sala! Encosta o sofá na janela! Talvez a expressão “viver de luz” nunca fez tanto sentido para a vida humana. Recebi esse banner via Whatsapp e lembrei-me de um episódio bem interessante.

Foto: Whats'AppQual a sua taxa de vitamina D?
Qual a sua taxa de vitamina D?

Quando estive em Munique, pela primeira vez, fiquei espantada ao ver mulheres alemãs, muito brancas, deitadas na grama de uma rotatória qualquer para tomar sol. Sim, é bem comum essa cena.

Nem era um espaço grande, ou um parque, mas estavam elas ali, deitadas sobre a toalha, somente com a parte de baixo (nem posso afirmar se era mesmo um biquíne), espichadas igual lagartixas, a tomar sol, entre carros, bicicletas e alguns ônibus.

O detalhe é que, para nós brasileiros, “tropicalientes” como somos, aquele momento não seria considerado um tempo adequado para tomar sol... poderiam até nos convidar, mas, duvideodó que algum brasileiro iria acompanhá-las (risos).

Qualquer brasileiro estaria de casaco por causa da fria temperatura. Qualquer um de nós iria mil vezes preferir um chocolate quente e um bom filme. 

Fiquei intrigada sobre a motivação que leva uma pessoa a insistir em tomar sol naquele tempo frio, sem ao menos imaginar que eu também era uma vítima da falta da mesma vitamina que elas precisavam desesperadamente.

Acordei num cansaço extremo, uma angústia inexplicável. Eu nunca fui assim! Reclamava de muita moleza no corpo, desânimo, falta de coragem e um cansaço extremo recorrente. Eu não era assim!  Sempre fui uma criança, uma jovem muito ativa e aquilo não me parecia normal, em hipótese alguma. Não dava mais conta de suportar aquele desânimo.

Foi iniciativa minha pedir ao médico o exame da vitamina D, apesar de ir todo ano para exames rotineiros, ninguém nunca havia me pedido essa taxa. Imagine, minha vitamina D estava em 10. O médico disse “-Não sei como a senhora está de pé!” Com certeza descobri que outras taxas também estavam bem prejudicadas...

Foto: iStockAssim como o cálcio dos alimentos é indispensável para a saúde dos ossos, também é a vitamina D, pois faz o organismo reter esse cálcio que é ingerido

Relembrando sempre aquele momento das duas mulheres transparentes numa rotatória, pude perceber como nós, brasileiros, desperdiçamos um recurso bem precioso: o sol!

O sol para nós é livre. Muitos, no nosso país, o endemonizam como um inimigo mortal, o vilão dos vilões. As crianças quase não possuem momentos em suas agendas para brincar ao sol.

Eu gostava muito da escola das minhas crianças porque até banho de mangueira eles tomavam lá. Era tanta alegria! Agora, imagine crianças passando o dia todo dentro da sala de aula. Momentos preciosos do sol concorrem com o espaço da sala de TV, do quarto, além da própria sala de aula.

Boa parte das crianças não podem ir mais para rua como íamos, outras passam o dia em frente aos eletrônicos, já nem importa se é um apartamento ou uma casa. Do outro lado da cidade, uma boa quantidade de trabalhadores de escritórios não têm como tomar sol, laboram com poucos intervalos de descanso e perdem muito tempo no transporte.

Cadê a vitamina D que estava aqui?

A sombra comeu.

Cadê a sombra?

Na sala e no quarto,

No escritório do moço.

Cadê a pessoa que trabalhava aqui?

O COVID levou.

Cadê o COVID?

Pode estar batendo na sua porta agora...

Não abre, não!!!

Cadê a vitamina D? A sociedade comeu! É inadimíssivel num país tropical existir gente com baixa taxa de vitamina D. A nossa medicina precisa ser repensada. Qual a taxa ideal para sua idade? Para a idade de seus filhos? De seus pais? 

Acredito que a escola, a família e a sociedade, diante das novas descobertas de contenção do Coronavírus, precisamos valorizar o sol, a fonte de vitamina D primária disponível naturalmente todos os dias para nós. A parte da conversão biológica deixo para vocês relembrarem (risos).

Sendo assim, minha lista de reivindicações para o pós-pandemia só aumenta, porque, pela falta da vitamina D, raquitismo nas crianças e oesteoporose nos idosos, a gente já sabia que causava... agora, corona não gostar, é uma novidade ótima...

São estes os dois requerimentos de hoje:

- Estabelecer horário do sol para alunos (crianças, jovens e adultos) em igual ao tempo de uma hora-aula de professor, com um detalhe, é de graça, a escola não paga pela presença do Rei Sol, só do monitor (risos)

- Estabelecer banho de sol oficial para os trabalhadores "presos" nos escritórios.

Estamos numa guerra biológica.

Se tomar sol é uma arma potente no combate do Coronavírus, vamos usá-la, pois, além de tudo, é gratuita e disponível, dado a todos nós, de presente, pelo Deus Criador.

Ouça esse texto!

#XôCorona #HoraDaVirada #BoraTomarSol

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