São João, acende a fogueira no meu coração!
A tristeza há de passar e a festa retornaráEsse artigo é inspirado numa excelente postagem sobre cultura popular feita pelo Prof. Alfredo Vizeu, da Universidade Federal de Pernambuco. Ele nos conta a(s) história(s) em torno dessa tradição tão querida em nosso país, a Festa de São João, celebrada em 24 de junho, sempre com muita alegria, gente reunida, com parentes e amigos, a fogueira, música, dança, a quadrilha e comida prá lá de farta... Só que este ano, não!
Esse, sem dúvida, é o São João mais triste de nossa história, porque nada disso está acontecendo. Estamos confinados, em casa ou dentro de nós mesmos. A economia, tão fragilizada quanto nosso emocional, conta o prejuízo. Segundo o jornal Folha de São Paulo, apenas três estados, Bahia, Paraíba e Pernambuco, devem perder R$ 1 bilhão de reais com o cancelamento das festas. Some a isso os demais estados do Nordeste, onde o São João movimenta mais dinheiro que o Natal. E junte com o restante do Brasil, que também festeja a data tão querida do nosso folclore. Perdas bilionárias para nossa economia.
Mas Prof. Vizeu nos lembra que a festa não é mercadológica. É profundamente espiritual. Vamos à história: Dia de São João, o Batista, não o xará dele, o Evangelista, que escreveu o Apocalipse) é o anúncio da Boa-Nova... E que Boa Notícia, a vinda do Cristo!
A tradição começa bem lá atrás na história, quando a Igreja Católica se formalizava na passagem da Idade Antiga (que termina com a queda do Império Romano, durante as invasões dos chamados povos bárbaros) e o início da Idade Média. Na segunda quinzena do mês de junho, quando acontecia o solstício de verão (dia mais longo do ano), ocorria o culto a deuses da natureza, das plantações, colheitas... Isso se repetia entre os povos celtas e germânicos, que seriam cristianizados, e, também, na cultura greco-romana, que celebrava Adônis, o belo jovem que vivia parte do ano com Afrodite, a deusa do amor, e a outra parte com Perséfone, a deusa dos infernos. Enquanto estava à luz do Sol, tínhamos os meses quentes e, quando descia ao submundo, os meses frios. O culto a Adônis, cujo dia específico era 24 de junho, celebrava o verão europeu, a boa-nova do renascer da natureza.
A ideia foi apropriada pelo cristianismo, que substituiu Adônis por São João Batista - conforme os Evangelhos, ele anunciou a boa-nova da vinda do Messias para renovar o mundo. São João tornou-se o Batista porque batizava em nome de Deus nas águas do rio Jordão. Ele batizou ninguém menos que seu próprio primo, Jesus. A psicóloga teresinense Conceição Batista nos diz que "nossa natureza selvagem continua saudando a mãe terra através de seus ritos repaginados e domesticados através de longos séculos". Um belo resumo do pensamento do maior mitologista de todos os tempos, o norte-americano Joseph Campbell, autor de O Poder do Mito. Mas, voltando à nossa história, o sincretismo religioso, com a adaptação dos ritos pagãos, continuou com outros símbolos, como a fogueira, em torno da qual a tribo dançava e que, no cristianismo, ganhou outra explicação.
Santa Isabel, estando grávida de São João Batista, prometeu à prima, Maria, que acenderia uma fogueira em sua aldeia, quando a criança nascesse, para avisá-la. E dessa forma, Maria ficou sabendo e foi à casa de Isabel para saudá-la. Eis aí porque cantamos a São João e pedimos que acenda a fogueira em nossos corações. A fogueira que arde sem queimar, a fogueira da fé, anunciada pela Boa-Nova, pela boa notícia que todos esperamos, mais do que tudo, em nosso confinamento.
Que em breve tenhamos a Boa-Nova em nossas vidas, para voltarmos a fazer a fogueira da quermesse, a cantarolar, dançar quadrilha e nos alimentar fartamente, de comida e de gente que nos queira bem.
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