Polícia Federal investiga quadrilha acusada de causar rombo de R$ 19 milhões na Caixa Econômica no Piauí

O inquérito apura a concessão irregular de empréstimos a empresas mediante uso de documentos falsos.

A Polícia Federal está investigando um esquema criminoso de fraudes que teria causado prejuízo de quase R$ 20 milhões à Caixa Econômica Federal no Piauí. O inquérito apura a concessão irregular de empréstimos a empresas mediante uso de documentos falsos e intermediação de terceiros, com a participação de um ex-gerente de uma agência da instituição financeira em Teresina.

Foto: Reprodução/ internetCaixa Econômica Federal
Caixa Econômica Federal

O inquérito policial foi instaurado em 6 de novembro de 2023, a partir de comunicação encaminhada pela própria Caixa Econômica, informando indícios de fraude na concessão de operações de crédito a pessoas jurídicas.

A partir da investigação preliminar, foi deflagrada, em novembro do ano passado, a Operação Smart Fake, quando foram cumpridos quatro mandados de prisão temporária e 12 mandados de busca e apreensão em Teresina e Pedro II, no Piauí, e Timon, no Maranhão. Foram presos temporariamente, na ocasião: Thompson Cavalcante Fernandes, Marcos Victor de Araújo Moura, Francisco Danrley Martins do Nascimento e Francisco Dhoney de Araujo Reis.

Foto: Reprodução / GP1Thompson Cavalcante Fernandes e Marcos Victor de Araujo Moura
Thompson Cavalcante Fernandes e Marcos Victor de Araujo Moura

Segundo informações encaminhadas pela própria instituição financeira, as empresas com faturamentos falsificados estariam pleiteando empréstimos sem intenção de pagamento, com a ajuda de intermediários que atuavam junto ao setor de crédito.

De acordo com a Caixa, foram identificadas uma série de operações de crédito concedidas com fortes indícios de irregularidades, no período de abril de 2022 a novembro de 2023, sob a gestão do gerente da agência situada na capital.

O funcionário atuava juntamente com dois agenciadores, que intermediavam as operações de crédito junto ao banco, fornecendo documentações das empresas para concessão de crédito.

Agenciadores

Os agenciadores, de acordo com a PF, eram Marcos Victor de Araújo e Thompson Cavalcante, presos na Operação Smart Fake.

Foto: Reprodução / PFPF realizando busca na residência de Thompson Cavalcante Fernandes
PF realizando busca na residência de Thompson Cavalcante Fernandes

Eles não possuíam vínculo legal com as empresas envolvidas, não eram contadores, mas atuavam como tal, fornecendo a documentação para avaliação do crédito, geralmente via WhatsApp, diretamente para o próprio gerente, que atuava, ao que tudo indica, sob promessa de pagamento de vultosa quantia pela facilitação da fraude na documentação.

Empresas

Um dos clientes que chamaram mais atenção por conta do volume de crédito contratado foi Francisco Dhoney de Araújo Reis, sócio titular das empresas Francisco Dhoney de Araújo Reis, Moda Shopping Ltda e Ótica Veja Bem Ltda. As três empresas acumularam R$ 859.990,00 em contratos inadimplentes.

Foram identificadas ainda movimentações suspeitas nas contas das empresas relacionadas, seja por ausência de movimentação, contas encerradas e contas liquidadas por inadimplência, além de muitos CNPJs se encontrarem baixados ou inaptos perante a Receita Federal, após a utilização do crédito.

De acordo com a investigação, todos os créditos identificados foram concedidos a empresas situadas em endereços inexistentes, ou precários, que apresentavam CNPJs com modificação nas atividades, titularidades e endereços, além de faturamentos possivelmente inexistentes e/ou não comprovados, todos encaminhados por Marcos Victor de Araújo e Thompson Cavalcante.

Gerente

Ao analisar as operações de crédito concedidas pelo citado funcionário, durante o período em que esteve designado efetivamente como Gerente de Carteira PJ, foi identificada uma quantidade considerável de operações suspeitas, que se enquadram no mesmo modus operandi.

Foram constatados, ao todo, 179 contratos, concedidos a 115 CNPJs, pertencentes a 101 CPFs, que acumulam um valor total concedido de R$ 19.848.961,43 (dezenove milhões, oitocentos e quarenta e oito mil, novecentos e sessenta e um reais e quarenta e três centavos).

Desse montante de empréstimos, 109 constavam no período de carência, total de R$ 11.812.214,43; e 66 já estavam incluídas na base de contratos inadimplentes, que totalizam R$ 7.702.767,00.

A investigação segue em andamento e tramita na Justiça Federal, na 3ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Piauí.

Fonte: JTNEWS com informações do GP1

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