Em carta aberta, servidores da Anvisa afirmam que não servem "aos interesses de governos"

A agência tem enfrentado pressão dos governos federal e do Estado de São Paulo pela liberação da vacina contra a COVID-19

Servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicaram uma carta aberta nessa quinta-feira (10/12), afirmando que realizam um trabalho técnico e independente e que não servem "aos interesses de governos, de pessoas, de organizações ou de partidos políticos." A agência tem enfrentado pressão dos governos federal e do Estado de São Paulo pela liberação da vacina contra a COVID-19.

Foto: Marcelo Camargo/Agência BrasilSede da Anvisa
Sede da Anvisa

A carta, divulgada pela Associação dos Servidores da Anvisa (Univisa), diz que os profissionais estão a serviço do povo brasileiro e que a agência é uma referência na área de saúde.

"Pressões externas são inerentes ao trabalho desenvolvido por nós, servidores da Anvisa, mas o trabalho técnico está acima de qualquer pressão."

Em reunião na última terça-feira (8/12), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), cobrou uma posição do ministro da Saúde Eduardo Pazuello sobre a compra da Coronavac, vacina para COVID-19 que está sendo desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantã, ligado ao governo paulista. O ministro respondeu que a Anvisa poderia levar até 60 dias para realizar a análise dos imunizantes.

Ainda nesta semana, interlocutores de Doria afirmaram que o governador pretende acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para seguir o plano de iniciar a imunização contra o novo Coronavírus em 25 de janeiro de 2021.

Nesta quinta-feira (10/12), a agência aprovou uma resolução com regras para permitir o uso emergencial de vacinas contra o vírus.

Na carta aberta, os funcionários informaram que foi montado um comitê para analisar os pacotes de dados dos pedidos de registro e autorização para uso emergencial das vacinas e que o grupo segue as normas sanitárias vigentes no Brasil.

"Tal comitê tem trabalhado incansavelmente, por meio de avaliação técnica criteriosa, que inclui uma análise rigorosa dos dados laboratoriais, de produção, de estabilidade e clínicos, de forma isenta e sem se submeter a qualquer tipo de pressão política e no menor tempo possível, com o objetivo de assegurar que as vacinas contra a COVID-19 que venham a ser registradas pela agência sejam seguras, eficazes e produzidas com qualidade", diz a carta.

Fonte: Estadão Conteúdo

Comentários