Grazi Mantovaneli

Esposa, enfermeira, especialista em UTI e Emergências Pré-Hospitalares e especializando em Pediatria e Neonatologia e artista. Atuou como enfermeira na Atenção Básica e foi tutora em Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. Amante de artes é aquarelista, ilustradora, desenhista, pintora à óleo, bordadeira e estudante de violoncelo. Aprecia uma boa culinária, se arriscando na cozinha. Proprietária do Dona Corujinha Ateliê (Instagram @donacorujinhaatelie). Recentemente, unindo a paixão por saúde da criança e artes, ilustrou o livro Amamentar: entre o querer e o poder.
Esposa, enfermeira, especialista em UTI e Emergências Pré-Hospitalares e especializando em Pediatria e Neonatologia e artista. Atuou como enfermeira na Atenção Básica e foi tutora em Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. Amante de artes é aquarelista, ilustradora, desenhista, pintora à óleo, bordadeira e estudante de violoncelo. Aprecia uma boa culinária, se arriscando na cozinha. Proprietária do Dona Corujinha Ateliê (Instagram @donacorujinhaatelie). Recentemente, unindo a paixão por saúde da criança e artes, ilustrou o livro Amamentar: entre o querer e o poder.

Roberto Burle Marx

O ilustre pintor de jardins, reconhecido internacionalmente. Um artista plástico completo, um verdadeiro multitarefas

Roberto Burle Marx nasceu em São Paulo, no dia 04 de gosto de 1909. Foi o quarto, dos seis filhos do casal Wilhelm Marx (um judeu alemão) e Cecília Burle (uma pernambucana de família francesa).

Foto: ACERVO: SÍTIO ROBERTO BURLE MARX (SRBM/IPHAN)Roberto Burle Marx
Roberto Burle Marx

Em 1913, enfrentando dificuldades no negócio de importações e exportações de couro, seus pais se mudaram de São Paulo para o Rio de Janeiro, quando o empreendimento deslanchou.

Moraram em um casarão, perto do mar, e ali ele começou a cuidar do seu primeiro jardim. Sua mãe sempre o motivava e trazia consigo o estilo europeu de jardinagem. Ela era sua companheira nas plantações, colocando as mãos na terra com ele. Seu pai lhe presenteava com a assinatura de revistas estrangeiras de jardinagem. 

O casarão no bairro do Leme, zona Sul do Rio de Janeiro, foi o local em que ele iniciou a sua coleção plantas, onde cultivava alguns canteiros e possuía um viveiro de mudas.

Burle Marx era vizinho e amigo do arquiteto Lúcio Costa (vencedor do projeto urbanístico para a nova capital do Brasil). Eles se conheceram quando Roberto ainda era um adolescente.

Já rapaz, com 19 anos, apresentou um problema na visão e seus pais o levaram para a Alemanha em busca de tratamento médico. Aproveitou a viagem para estudar pintura e iniciou a sua jornada nas artes, após o contato com obras de artistas renomados como Picasso, Matisse, Paul Klee e Van Gogh.  

Ainda na Alemanha, ao conhecer e frequentar, assiduamente, o Jardim Botânico de Dahlem, lá descobriu algumas espécies brasileiras nas estufas. Ao deixar o país, teve a certeza de que o paisagismo era mesmo a sua vocação.

De volta ao Rio de Janeiro, incentivado pelo amigo Lúcio Costa, ingressou na Escola Nacional de Belas Artes (1930-1934), convivendo de perto com seus contemporâneos no estudo das artes, Oscar Niemeyer, Hélio Uchoa e Milton Roberto.

Foto: Acervo: SRBM, foto de Oscar Henrique LiberalGravura Jardim Casa da Fonte
Gravura Jardim Casa da Fonte

De 1934 a 1937, foi Diretor de Parques e Jardins de Recife/PE e viajava para o Rio de Janeiro para ter aulas com o pintor Cândido Portinari e com o escritor Márcio de Andrade, no Instituto de Arte da Universidade do Distrito Federal, na antiga capital.  

Em 1937, mudou-se, definitivamente, para o Rio e trabalhou como assistente de Portinari.

Seu sonho de colecionar espécies botânicas brasileiras realizou-se em 1949, quando ele adquiriu o sítio de 400.000 m², em Barra de Guaratiba, na cidade do Rio de Janeiro.  Foi assim que iniciou suas viagens por todo o país, catalogando plantas e levando diversas espécies da flora brasileira para o seu viveiro. Ele era um botânico amador, mas viajava acompanhado por biólogos e botânicos.

Foto: Acervo: IPHANSítio Roberto Burle Marx
Sítio Roberto Burle Marx

Foi um artista plástico completo, um verdadeiro multitarefas. Era pintor, ceramista, desenhista, designer de joias, pesquisador, escultor, gravurista, tapeceiro e cantor. Mas foi o paisagismo que o tornou conhecido internacionalmente.  

Burle Marx trouxe o paisagismo modernista ao Brasil e foi um dos pioneiros a utilizar plantas nativas brasileiras e jardins aquáticos em seus projetos. Pensando na valorização, durabilidade e excelente adaptação, usava plantas regionais em suas composições, por isso, seus jardins são lindas obras de arte.

Foto: Acervo: IPHAN, foto de Michel CorbouSítio Roberto Burle Marx
Sítio Roberto Burle Marx

“Ele pintava com a natureza”, muito bem descrito por Sigfried Giedion, historiador de arte e arquitetura, em 1952, em seu livro Le Brésil et L'architecture contemporaine (Brasil e Arquitetura Contemporânea): “É um pintor abstrato. É um artista sensível que compreende a linguagem das plantas. As flores são plantadas em cores e massas uniformes. Essas moitas de cor forte, de formas livres, são como que extraídas de um pano de padrão moderno e colocadas sobre a grama. Essa afinidade com a arte contemporânea constitui o segredo dos jardins de Burle Marx”.

O artista colecionou numerosos trabalhos, alternando entre a jardinagem e a pintura. Era um pintor nas horas vagas. Seu primeiro trabalho profissional de jardinagem foi no ano de 1933, em uma casa projetada por Lúcio Costa. 

Foi detentor de grandiosos trabalhos paisagísticos, entre eles a Pampulha, em Belo Horizonte (1940); o Largo do Machado, no Rio de Janeiro (1945); o Parque Ibirapuera, em São Paulo (1954); o Museu de Arte Moderna e a Praia de Botafogo, no Rio de Janeiro (1955); o Eixo Monumental de Brasília (1958); o Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro (1959); o Centro Cívico de Curitiba (1966); além de diversos projetos no exterior como Parque Del Este (Caracas), o Jardim das Nações (Áustria), a Praça Peru (Buenos Aires), entre outros.

Foto: Foto de Maria Elisa Costa (Instituto Antônio Carlos Jobim)Burle Marx e Lucio Costa
Burle Marx e Lucio Costa: amigos desde a adolescência de Roberto

Admirador da flora brasileira, demonstrava em seus projetos a integração perfeita entre a botânica e a arquitetura moderna. Lutou pela preservação das paisagens e da vegetação nativa, dedicando-se à pesquisa e à busca de novas plantas. Existem mais de 3.500 espécies em sua coleção, sendo que 30 delas levam o nome ‘burlemarxii’, em sua homenagem, ou seja, para primeira pessoa que as identificou. Seu legado está exposto no Sítio Roberto Burle Marx, pelas ruas e jardins de diversas cidades e alegra aos olhos de quem os contempla.

Foto: PinterestCalathea Burle Marxii
Calathea Burle Marxii

Roberto Burle Marx faleceu no Rio de Janeiro, aos 85 anos, no dia 4 de junho de 1994, mas deixou uma linda herança através de suas obras.

O sítio onde residia foi doado em 1985 a União e, em agosto de 1999, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) o transformou no Museu-Casa de Burle Marx, que além de contar sua história e trajetória, também exibe diversas artes suas, reunidas em um acervo com mais de 3.000 peças, entre elas: objetos de uso pessoal, obras do próprio Roberto, imagens sacras e barrocas em madeira policromada, cerâmicas primitivas pré-colombianas, carrancas, esculturas em madeira e cerâmica, cristais, vidros decorativos, telas, tapeçarias, gravuras, projetos e rascunhos.

Foto: Acervo: IPHANSítio Roberto Burle Marx
Sítio Roberto Burle Marx

O museu está aberto a visitações e outras atividades culturais, como concertos musicais, cursos e exposições. A capela do sítio ainda é usada pelos habitantes da comunidade.

Para visitar o Sítio Roberto Burle Marx é necessário realizar agendamento:

Horário do agendamento: de segunda a sexta, das 08h às 16h. 

Horário de visitas: de terça a sábado, das 09h30min e 13h30min.

E-mail: [email protected]

Referências:

http://portal.iphan.gov.br/

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