Silvio Barbosa

Professor concursado do Curso de Comunicação Social da UFPI, campus Teresina. Doutor em Comunicação e Mestre em Filosofia do Direito é advogado e jornalista, com 24 anos de experiência de mercado, tendo trabalhado em empresas como Rede CBS (Estados Unidos), Globo, Bandeirantes, Record e TV Cultura. Autor dos livros TV e Cidadania (2010) e Imprensa e Censura (no prelo) e dos documentários Vale do rio de lama - no rastro da destruição, e Sergio Vieira de Mello, um brasileiro em busca da paz no mundo.
Professor concursado do Curso de Comunicação Social da UFPI, campus Teresina. Doutor em Comunicação e Mestre em Filosofia do Direito é advogado e jornalista, com 24 anos de experiência de mercado, tendo trabalhado em empresas como Rede CBS (Estados Unidos), Globo, Bandeirantes, Record e TV Cultura. Autor dos livros TV e Cidadania (2010) e Imprensa e Censura (no prelo) e dos documentários Vale do rio de lama - no rastro da destruição, e Sergio Vieira de Mello, um brasileiro em busca da paz no mundo.

“Homossexuais têm direito a uma família”, diz o Papa

Francisco, de Roma, se parece cada vez mais com Francisco, de Assis.

É uma revolução teológica nos dois mil anos de cristianismo. Desde Pedro, Papa após Papa governaram uma Igreja Católica homofóbica, baseada, principalmente, nas proibições de Levíticos - que proíbe relações homossexuais, e também que homens façam a barba ou o consumo de carne de porco ou frutos do mar. Por causa desse interpretação mais radical em relação à sexualidade que à carne de porco, a Igreja Católica e as demais igrejas cristãs dela derivadas incutiram terror aos homossexuais ao longo da história. O amor entre pessoas do mesmo sexo levou muita gente às fogueiras da Inquisição e à tortura nas masmorras. Humilhação pública e cadeia inclusive no século XX, já que a homossexualidade só deixou de ser crime em países como a Inglaterra, por exemplo, no final dos anos 1960.

Foto: cenas do documentário FrancescoPapa diz que "homossexuais têm o direito de ser parte de uma família"
Papa diz que "homossexuais têm o direito de ser parte de uma família"

Mas, agora, o Papa desafia os mais conservadores, que o cercam e que forçaram seu antecessor, Bento XVI, a renunciar por muito menos do que isso. Francisco, xingado de comunista e anticristo pelos fariseus (religiosos na aparência, hipócritas no coração) que controlam a máquina estatal da Igreja, enfrenta ataques violentos na Internet porque falou de caridade, de amor ao próximo, num documentário que leva seu nome: Francesco.

No documentário, ele diz que incentivou um casal gay com três filhos adotivos a ir à Igreja, reconhecendo-os como família, e completou:

"As pessoas homossexuais têm direito de estar em uma família. Elas são filhas de Deus e têm direito a uma família. Ninguém deverá ser descartado ou ser infeliz por isso. O que precisamos criar é uma lei de convivência civil. Dessa forma eles são legalmente contemplados".

Enquanto era cardeal em sua cidade natal, Buenos Aires, Bergoglio já havia deixado claro o apoio à união civil, discutida e aprovada na Argentina. São palavras caridosas do Papa para uma minoria sempre tão perseguida, forçada a viver nas sombras, no armário.

Dessa forma, Francisco, de Roma, se parece cada vez mais com Francisco, de Assis, aquele que trocou o conforto, o status e o luxo pela caridade com os necessitados. O Francisco do nosso século nos mostra que está disposto a trilhar esse mesmo caminho da caridade. Há poucas semanas, telefonou e prestou apoio ao Padre Júlio Lancelotti, que realiza todos os dias a parábola do Bom Samaritano, ajudando os mendigos da cidade mais rica do país, São Paulo. Padre Júlio é ofendido e ameaçado por quem acha que essa caridade só serve para alimentar vagabundos. Como Santa Dulce de Salvador, Padre Júlio não interroga os sem-teto para saber se merecem ou não compaixão. Padre Júlio apenas socorre, como o Bom Samaritano fez, segundo Jesus.

Francisco reforça a fé de Padre Júlio Lancelotti e de tantos homens e mulheres que se dedicam à verdadeira caridade, ao verdadeiro cristianismo. Francisco acende a luz que indica o caminho do Bem. Vamos deixar que ela nos ilumine ou vamos apagá-la?

Foto: Igreja CatólicaMensagem do Padre Júlio Lancelotti
Mensagem do Padre Júlio Lancelotti

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