Grazi Mantovaneli

Esposa, enfermeira, especialista em UTI e Emergências Pré-Hospitalares e especializando em Pediatria e Neonatologia e artista. Atuou como enfermeira na Atenção Básica e foi tutora em Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. Amante de artes é aquarelista, ilustradora, desenhista, pintora à óleo, bordadeira e estudante de violoncelo. Aprecia uma boa culinária, se arriscando na cozinha. Proprietária do Dona Corujinha Ateliê (Instagram @donacorujinhaatelie). Recentemente, unindo a paixão por saúde da criança e artes, ilustrou o livro Amamentar: entre o querer e o poder.
Esposa, enfermeira, especialista em UTI e Emergências Pré-Hospitalares e especializando em Pediatria e Neonatologia e artista. Atuou como enfermeira na Atenção Básica e foi tutora em Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. Amante de artes é aquarelista, ilustradora, desenhista, pintora à óleo, bordadeira e estudante de violoncelo. Aprecia uma boa culinária, se arriscando na cozinha. Proprietária do Dona Corujinha Ateliê (Instagram @donacorujinhaatelie). Recentemente, unindo a paixão por saúde da criança e artes, ilustrou o livro Amamentar: entre o querer e o poder.

Profissão Dublador

A arte de três excelentes profissionais

Como e quando surgiu o cinema?

Como eram os filmes antes da dublagem?

Hoje, conversaremos com três profissionais nessa arte.

Foto: PinterestAqueles que doam a sua voz dando vida aos personagens
Aqueles que doam a sua voz dando vida aos personagens

Quando surgiu o cinema?

Desde que o mundo é mundo, o homem gosta de contar histórias e registrar acontecimentos. A fotografia surgiu dessa paixão. A evolução da captação de imagens nos trouxe o cinema, cujos fragmentos de imagens (em rolo) ainda se fazem presentes no mundo da sétima arte (cinema). Até hoje, muitos rolos de fotografias são usados para contar histórias.

Mas toda história tem um começo. Foi em 1895, na França, que os irmãos Louis e Auguste Lumière projetaram um filme pela primeira vez, em um café parisiense. Com 45 segundos de duração, a obra “Sortie de L’usine Lumière à Lyon” (Empregados deixando a Fábrica Lumière), criada por Louis Lumière é considerada a primeira obra a ser projetada (um curta-metragem).

Sabia que até o ano de 1925 o cinema era mudo?

Sim! O cinema sonoro iniciou em somente em 1927, quando surgiram alguns filmes, como o “Cantor de Jazz”. Isso causou uma revolução no mundo audiovisual. As pessoas iam de outros países até os Estados Unidos para assistir os filmes de Hollywood (que eram gravados apenas em inglês). Para contornar essa situação, a MGM e a Paramount (grandes companhias cinematográficas) começaram a filmar seus “longas” também no idioma francês. Mas ficava extremamente caro gravar um filme duas vezes (em inglês e em francês), sem contar que só alcançavam quem entendia algum desses dois idiomas. Como resolver essa situação?

O início da profissão de dublador:

A solução chegou em 1930, quando dois diretores (Edwin Hopkins e Jacob Karol) lançaram o filme “The flyer” e criaram uma nova forma de gravar. Tal inovação possuía um sistema de sonorização que permitia substituir as vozes originais por vozes gravadas em estúdio. A qualidade sonora dos filmes também melhorou muito a partir daí, e vários países aderiram à nova tecnologia.

No Brasil, a primeira dublagem aconteceu no desenho “A Branca de neve e os sete anões” (de Walt Disney), em 1938, no Rio de Janeiro. Nessa época, os dubladores tinham que gravar todos juntos (no mesmo estúdio e ao mesmo tempo) e demoravam três a quatro vezes mais que nos dias atuais.

Foto: WhatsappMarcia Coutinho, Gabriel Verta e Júlia Freitas
Marcia Coutinho, Gabriel Verta e Júlia Freitas

Hoje, conheceremos e conversaremos com três dubladores: Marcia Coutinho, Gabriel Verta e Júlia Freitas.

MARCIA COUTINHO:

Foto: Reprodução/Arquivo PessoalMarcia Coutinho: uma mulher forte com personagens fortes
Marcia Coutinho: uma mulher forte com personagens fortes

(https://www.instagram.com/marciacoutinhooficial/)

É dubladora, atriz, cantora e diretora de dublagem. Começou a sua carreira artística em 1992, quando dublava cantando. Em 2001, iniciou a dublagem falada. Ficou conhecida pelos ótimos trabalhos de dublagem em filmes e animações, como por exemplo, em "Procurando Nemo" (vozes adicionais).

Ela atuava há 03 anos quando fez seu primeiro grande trabalho nesse meio, dando voz à Mulher Elástica (Os Incríveis).

Marcia é a voz de Connie Corleone (Tália Shire) na trilogia "O poderoso chefão"; também é a voz de Frigga (Renee Russo), mãe de Thor em dois filmes do super-herói (2013 e 2017); é a Mamãe Pig, na série animada "Peppa Pig" (2004-2021) e Naameh (Jennifer Connely) no filme "Noé" (2014).

Ela também deu voz à bela e intrépida Agente Maria Hill (Cobie Smulders) nos filmes da Marvel e na série "Agents of S.H.I.E.L.D.". Dublou a Fada Madrinha (em Shrek 2, 2004) e a Mãe do Umavezildo (O LOrax: A busca pela Trúfula perdida,2012). Rapunzel (Shrek 3, 2007), Garnet (Steven Universe, 2019), Malígna (Mestres do Universo), Morag (The loud house) e ainda existem muitos outros trabalhos feitos por essa profissional incrível. Sem querer soar redundante, essa talentosa mulher é a voz de personagens fortes e marcantes, como ela.

Foto: PinterestMarcia e alguns de seus personagens
Marcia e alguns de seus personagens

Ela deu dicas e orientações para quem deseja ingressar no mundo da dublagem:

Marcia, como uma profissional experiente, o que recomendaria aos jovens que desejam conhecer e entrar para o mundo da dublagem?

Vou dizer o que sempre digo aos meus alunos: que encare isso com muita seriedade. Não adianta ter só uma voz dublando (preenchendo a boca daquele personagem que está na tela). A nossa voz é a alma do personagem. Somos somente um instrumento para dar vida àquele personagem que foi criado. Então, a gente tem que entender que a emoção não é nossa. Temos que estar na medida exata da emoção daquele personagem na tela. A voz é nossa (nós a doamos), mas ela vem recheada dos sentimentos que o personagem está vivenciando, naquele momento. Então, eu diria para encarar a dublagem com essa seriedade. Trazer verdade, trazer vida e não apenas fazer a dublagem para ter a voz em um personagem ou para a voz aparecer nos créditos finais. Ter o compromisso que a cada trabalho que se faz, cada vez que entra no estúdio, você tem que trazer vida e suprir toda exigência que o personagem requer naquele momento. É isso!   

Que tipo de curso é indicado para quem deseja ser um dublador?

Os cursos indicados são os seguintes:

- Se tiver até 16 anos:

Curso de dublagem (mas curso de dublagem com profissionais experientes, com profissionais que estejam com o objetivo de passar adiante às novas gerações ou para aqueles que estejam chegando ao mercado, todas as orientações para que aquele aluno possa vir a ser um excelente profissional da dublagem). Na hora de procurar um curso de dublagem é bom pesquisar se o professor é experiente para passar tudo isso.

- Se tiver mais de 16 anos:

Tem que ter o registro profissional de ator. Então, se não ainda não tem, vai precisar fazer um curso técnico ou profissionalizante, uma faculdade de teatro para poder ter o registro de ator. Também fazer o curso de dublagem (porque a dublagem tem toda uma técnica própria: é a emoção fora da gente. É a gente passando uma emoção que não está criada, não é no nosso ritmo, é no ritmo do ator. A dublagem tem toda uma técnica, toda uma maneira de se fazer a interpretação e ela precisa ser trabalhada).

Dica: Quem tem menos de 16 anos ou quem resolveu entrar para a dublagem após os 16 anos e tiver alguns trabalhos como artista (uma peça que apresentou ou qualquer trabalho que tenha como comprovar que fez na área de atuação) pode procurar o Sindicato dos Artistas de sua cidade e ver se com aquele material ele consegue um registro provisório (que vale por um ano); após um ano, ele tem que comprovar para o sindicato que, naquele período (de um ano), ele continuou trabalhando com atuação.

Quais principais habilidades que devem ser desenvolvidas para quem deseja se tornar um dublador?

As habilidades adquiridas do dublador vêm com a prática, por isso, que o curso é tão importante. Prática e conscientização (do que se tem que buscar). O que é falado em aula e toda a orientação são importantes e, também colocar em prática o que lhe foi orientado.

O dublador tem que ter uma concentração muito grande, observação muito grande: observar a cena como um todo, para poder encaixar a voz na medida certa, com a emissão certa, com a interpretação certa, o ritmo certo, no tempo certo, com a energia certa. Então, todas essas habilidades ele tem que desenvolver para na hora de trabalhar, ele poder passar a cena (uma ou duas vezes, no máximo), gravar com tudo que a cena está pedindo. Por exemplo, a emissão certa para o grito ou para a fala (dentro da situação, do ambiente), vai ter que saber sincronizar na boca. Por isso tem que entender do ritmo, da movimentação do corpo, porque a fala vem sempre em um ritmo parecido com essa movimentação corporal, com os gestos; os gestos, às vezes, pontuam algumas sílabas. Então, essas são as habilidades que ele tem que ter; ele tem que resolver isso muito rápido, porque o processo da dublagem é muito rápido: tem que olhar para a cena e ter todas essas habilidades de uma só vez.

Em quais áreas um dublador pode atuar?

O dublador é ator, tem que ser ator. Então ele pode fazer locução, pode fazer dublagem de filme, colocar vozes em jogos. Ele é um profissional da voz, então em qualquer área que utilize a voz para trabalho, por ele ser ator e ter um domínio grande da tonalidade (de onde colocar a voz em cada situação), ele pode atuar em qualquer uma dessas áreas.

GABRIEL VERTA (14 anos)

Foto: Arquivo PessoalDublador Gabriel Verta
Dublador Gabriel Verta

(https://www.instagram.com/gabrielvertadub/)

É dublador, ator e locutor.

Gabriel, o que te levou a entrar no mundo da dublagem?

Entrei no mundo da dublagem por curiosidade. Quando era pequeno, gostava de assistir desenhos animados. No final deles, quando apareciam os créditos, eu notava que aparecia um nome de uma pessoa e em seguida o nome do personagem; por curiosidade, pesquisei do que se tratava e foi aí que descobri que era uma profissão e se chamava dublagem.

Eu já adorava a ideia de uma pessoa emprestar sua voz para dar vida a um personagem e foi isso que me levou a entrar nesse mundo.

Qual personagem que você mais se identificou ao dublar?

Foi com o personagem Michael, da série “Sereno o Panda Z”. Me identifiquei muito, porque ele é quase igualzinho a mim: o cabelo, a alergia (risos), a forma como ele é cuidadoso, por ele também gostar de cachorro; basicamente, tudo.

Foto: InstagramO personagem Michael em "Sereno, o panda Zen"
O personagem Michael em "Sereno, o panda Zen"

Quais são seus maiores sonhos como dublador?

Dublar um jogo e dublar um personagem ou herói da Marvel.

Como você se prepara antes de fazer as dublagens?

Faço alguns exercícios vocais, para articulação da boca, para a voz e também para a respiração.  

Tem algum tipo de personagem que você ainda não dublou e tem vontade?

Sempre tive vontade de dublar um vilão.

Como quantos anos você começou a dublar?

Com 12 anos.

Foto: WhatsappDublador Gabriel Verta e alguns personagens que dublou
Dublador Gabriel Verta e alguns personagens que dublou

O que você acha mais difícil na dublagem?

Sustentar uma voz, que não é sua, de maneira natural.

Além da dublagem, quais outros tipos de habilidades artísticas você pratica?

Faço aulas de teatro, aula de canto (para dublagem), acompanhamento semanal com a minha fonoaudióloga e exercícios diários. Tudo isso para desenvolver melhor o meu trabalho.

JÚLIA FREITAS (14 anos)

Foto: Reprodução/InstagramAtriz e dubladora Júlia Freitas
Atriz e dubladora Júlia Freitas

(https://www.instagram.com/oficial_julia/)

É atriz e dubladora.

Recentemente, como atriz, Júlia fez a personagem Dolores, na primeira fase de “Nos tempos do imperador”.

Júlia, quais foram seus principais trabalhos em dublagem?

Meus principais trabalhos foram:

Emília (criança) de Re.Zero (é um anime); Marceline (mais nova), Hora de aventura, Terra distante; Márcia, Snoop; Beth, Gambito da Rainha; Thalia, Monstros no Trabalho (Monstros SA, Disney).

O que a dublagem significa em sua vida?

Hoje, é um trabalho, mas não é cansativo (só em alguns momentos, mas isso faz parte). A dublagem é um trabalho divertido para mim. Eu me divirto fazendo. É muito legal quando você dubla alguma coisa que é fã. A dublagem para mim é um trabalho e uma diversão.

Foto: WhatsappJúlia Freitas e alguns personagens
Júlia Freitas e alguns personagens

Você pretende continuar na dublagem quando adulta?

Sim, pretendo e como atriz também. Deixando, em paralelo, essas duas profissões, porque são duas profissões que eu gosto e tenho um domínio parcial, porque sei como funciona, já conheço muita gente e gosto muito de fazer também.

Dublando juntos:

Julia Freitas e Gabriel Verta trabalharam juntos na animação “Sereno, o Panda Zen”, dublando os irmãos Addy (Júlia) e Michael (Gabriel).

Marcia Coutinho e Gabriel Verta acabaram de fazer a dublagem do filme O “Diário de um banana (Escola nova. Queijo velho)”, lançado dia 03/12/21, na Disney Plus. Gabriel dublou o personagem Greg Heffley e Marcia Coutinho dublou a Susan Heffley (mãe do Greg).  

Dublar não é apenas dar voz a um personagem, mas a capacidade de se tornar o próprio personagem. Essa profissão, além de dar vida àqueles personagens que tanto admiramos, tem uma grande importância: a acessibilidade. Sim! Graças a esses artistas, as pessoas com problemas de visão também são incluídas no mundo da sétima arte (o cinema).

Por ser uma arte do espaço e do tempo, o cinema seria a grande síntese de todas, a sétima arte, pois parte de uma imagem projetada em uma superfície, como a pintura ou a fotografia, mas envolve o movimento, relacionando-se ao ritmo, ao tempo”.

(Ricciotto Canudo, teórico e crítico de cinema)  

Hoje, conhecemos um pouco da profissão Dublador.

Esses três profissionais falaram conosco com muito carinho, nos doando um pouco do seu tempo, do seu dia, de suas vidas.  

Para mim, foi enriquecedor conhecer mais sobre essa arte. Com certeza, passarei a enxergar a dublagem com outros olhos, valorizando ainda mais o trabalho dessas pessoas.

Obrigada, Marcia, Gabriel e Júlia!

Foi uma honra e uma imensa felicidade conversar com vocês!

Novamente, obrigada.

 E vocês, gostaram de conhecer esses artistas?  

Um grande abraço e até a próxima...

REFERÊNCIAS:

https://www.instagram.com/marciacoutinhooficial/

https://www.instagram.com/gabrielvertadub/

https://www.instagram.com/oficial_julia/

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