Surto de beribéri teria ocasionado mortes de presos da Cadeia Pública de Altos (CPA) no Piauí

Após ouvir profissionais do CE que vivenciaram caso semelhante, o JTNEWS foi o único meio de comunicação a sugerir naquele momento que fosse observada a possibilidade de ser surto de beribéri

Um relatório técnico do Ministério da Saúde mencionado pelo EL PAÍS [mas ainda não disponibilizado na matéria] apontou que ao menos seis pessoas presas na Cadeia Pública de Altos (CPA), no Piauí, morreram no ano passado devido a um surto de beribéri, doença causada pela falta de vitamina B1 que pode ser relacionada a uma alimentação inadequada e pobre em nutrientes, além de outros fatores.

Foto: Jacinto Teles/JTNewsCPA-Cadeia Pública de Altos
Cadeia Pública de Altos (CPA) na região metropolitana de Teresina

Naquela oportunidade, especialmente em 8/5/20, o JTNEWS foi o único meio de comunicação que, após conversa com profissionais experientes do Sistema Prisional do Ceará, sugeriu que poderia estar acontecendo no Piauí o mesmo que outrora havia ocorrido no presídio CEPIS de Itaitinga no estado cearense, um surto de beribéri, inclusive no começo do mesmo ano de 2020.

Conforme relataram os servidores da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado do Ceará (SEAP-CE) ao JTNEWS, os presos cearenses da CEPIS, pertencentes à Itaitinga, região metropolitana de Fortaleza, apresentavam os sintomas de "dificuldade de respirar, inchaço nas pernas, anemia (palidez), ferimentos nas gengivas e clara deficiência nutricional, com bastante fraqueza," sintomas coincidentes com os que foram acometidos os presos da CPA em Altos região metropolitana de Teresina.

Segundo o EL PAÍS, o Ministério da Saúde foi acionado pelo Ministério Público do Piauí (MP-PI) para verificar as condições da prisão. O documento apontou que 199 dos 656 presos na CPA foram atendidos no serviço de saúde com sintomas e 56 foram internados.

A investigação avaliou os casos atendidos nos serviços de saúde, entrevistou presos e avaliou o ambiente da CPA, bem como suas rotinas, cardápios diários e faturas de compras de comida. Uma de suas principais conclusões é a de que “a alimentação dos detentos apresentava características de monotonia alimentar, com presença predominante de carboidratos simples, em especial o arroz branco”.

Também chamou atenção dos técnicos que entre a entrega do jantar e do café da manhã havia um intervalo de 15 horas, um período muito longo de jejum segundo o relatório [ainda não conhecido publicamente]. Além de arroz, o cardápio do almoço e do jantar continha basicamente frango ou galinha. No café da manhã, cuscuz e bolacha.

“Concluiu-se que a hipovitaminose causada pela monotonia alimentar/dieta pobre em vitaminas, especialmente a B1, é a etiologia provável do surto”, afirma o documento, além de outras informações constantes da matéria do El País.

Muito ainda precisa ser esclarecido acerca desse fato

Acerca do mesmo assunto e idêntico fato existem mais de duas versões, principalmente as dos órgãos de sáude [estadual e nacional], pois são conclusões díspares, sem falar na versão do Ministério Público do Piauí, por meio do órgão competente relacionado ao caso ora sob análise, que, até onde se tem conhecimento não parece estar em harmonia com o relatório ora noticiado a nível nacional, pois o MP-PI afirmara, por meio do promotor Elói Pereira Júnior, que os presos haviam sido envenenados.

Foto: Jacinto Teles/JTNewsSede do Ministério Público do Piauí
Ministério Público do Piauí, neste caso, tem posição díspare do Ministério da Saúde

O fato é que, de posse dos dois ou três relatórios existentes, e todos devidamente divulgados deve-se chegar a uma "conclusão" mais adequada possível à solução do episódio bastante lamentável ocorrido na Cadeia Pública de Altos no ano de 2020.

É imprescindível que tudo seja esclarecido, pois não faltou quem tirasse concluões estapafúrdias e até esdrúxulas. Houve, inclusive, quem atribuisse todo o anormal evento à tortura praticada por policiais penais, conclusão que pareceu midiática e até mesmo um tanto quanto irresponsável por quem assim manifestou-se, sem antes ter uma acurada apuração.

Nesse momento nada tira a gravidade do fato já ocorrido, afinal de contas foram 06 pessoas privadas de liberdade [sob custódia do Estado] que tiveram suas vidas ceifadas, porém a verdade deve prevalecer doa a quem doer, sobretudo para que outros casos não venham a se repetir nem aqui nem alhures.

O JTNEWS continua no seu compromisso de informar, e informar com a responsabilidade que lhe é peculiar, sobretudo considerando a repercussão que teve e tem esse fatídico episódio que trouxe consequências irreparáveis às vítimas.

Essa é a nossa opinião salvo melhor ou pior juízo.

Fonte: JTNEWS com informações do EL PAÍS

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