Fabricante de seringa para vacinas vê dificuldade para atender pedidos de governos

O aumento da demanda no mundo e limitações da produção nacional devem inflar preço do produto

Será impossível atender a uma corrida do governo federal e dos estados por seringas para a vacinação contra a COVID-19, diz um dos principais fabricantes do produto no país.

Foto: Siphiwe Sibeko/REUTERSvacina

O diretor-técnico da Saldanha Rodrigues, Tomé Mauro da Silva, afirma que a capacidade de produção da empresa está comprometida com pedidos de 80 milhões de seringas para governos estaduais, o que reduz sua margem de manobra para entrar em novas concorrências. “Não podemos entrar em aventuras”, diz.

Segundo Silva, a empresa vem trabalhando com capacidade máxima e precisará de quatro meses para entregar o material já encomendado pelos estados. Para o executivo, falta planejamento, e os governos fariam melhor se restringissem as compras aos volumes que serão realmente usados.

A alta do dólar neste ano encareceu em 50% o polipropileno, plástico que é o principal insumo usado na fabricação das seringas, afirma o diretor da Saldanha Rodrigues. O aumento dos custos fez a empresa trabalhar para atender à demanda do mercado sem acumular estoques nos últimos meses.

Fracassou nessa sexta (11/12) o terceiro pregão realizado por São Paulo para adquirir seringas e agulhas para a vacinação. Como nas licitações anteriores, as ofertas ficaram acima do preço de referência, baseado em compras anteriores. A Secretaria Estadual da Saúde fará novo pregão.

São Paulo diz ter 11 milhões de seringas estocadas e quer comprar mais 50 milhões. Ao anunciar a primeira fase do seu plano de vacinação, que promete iniciar em 25 de janeiro, o governador João Doria (PSDB) disse que 9 milhões de pessoas serão imunizadas, o que exigirá a aplicação de 18 milhões de doses.

Um distribuidor que está negociando com vários estados prevê que os preços das seringas aumentarão dramaticamente, com o crescimento da demanda no mundo inteiro e as limitações da capacidade de produção nacional. O mesmo aconteceu no início da pandemia com respiradores, máscaras e equipamentos de proteção.

Ele calcula que uma caixa com cem seringas, que custaria no máximo R$ 35 em outros tempos, poderá chegar a R$ 180 nos próximos meses — uma diferença superior a 400%. Sondagens feitas nos últimos dias indicam que os preços do produto no mercado internacional também estão aumentando de forma acelerada, diz o distribuidor.

Fonte: Folha de S. Paulo

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