Vacinação de agentes de segurança pública começa apenas em alguns estados e causa preocupação

Segunda fase da Campanha de Vacinação contra a gripe, que abrangeria policiais, estava prevista para iniciar ontem (16) em todo o País, mas iniciou apenas em alguns estados; o que causou preocupação

Cumprindo divulgação anunciada no último dia 8 pelo Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), os profissionais da segurança pública, dentre estes os policiais penais, incluídos na segunda fase do calendário de vacinação contra a gripe H1N1, teve início na data de ontem (16) em parte dos estados e do Distrito Federal.

Foto: Jacinto Teles/JTNewsFabiano Bordignon
Fabiano Bordignon, diretor do Depen, luta para uniformizar ações de combate à COVID-19 no Sistema Prisional do País

O Ministério da Saúde havia atendido ao pleito do ministro da Justiça, Sérgio Moro, que conseguira a garantia de que os servidores do Sistema Prisional fossem incluídos no início dessa 2ª fase da vacinação [confira aqui o ofício expedido], juntamente com os demais profissionais da segurança.

Espera-se que, com a exoneração do ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta não haja interrupção dos serviços, aliás, o que se propugna é que seja agilizada a vacinação onde ainda não foi iniciada a campanha da sefunda fase da vacinação prevista para ontem (16).

Foto: Fabio Rodrigues PozzebomMoro volta a defender a Lava Jato
Ministro Sérgio Moro - que conseguiu antecipar a vacina para 16/04, mas em parte dos estados esta ainda não começou

Além dos membros das forças de segurança e salvamento, a segunda fase da campanha de vacinação abrange doentes crônicos, caminhoneiros, trabalhadores do transporte coletivo, portuários e a população indígena.

Apesar de não ser eficaz contra o Coronavírus, a vacina pode auxiliar profissionais de saúde na exclusão do diagnóstico para a COVID-19, já que os sintomas são parecidos. No entanto, em vários estados, a segunda fase da campanha ainda não começou.

O JTNEWS confirmou com membros gestores de unidades da Federação, bem como com dirigentes classistas, que  Alagoas, Rio Grande do Norte, Paraíba, Espírito Santo, Pará, Pernambuco e Distrito Federal a vacinação começou efetivamente nessa quinta-feira (16) e está em andamento, e que Estados como São Paulo e Goiás a campanha foi antecipada, sendo que em São Paulo continua nos presídios até atingir cem por cento dos presos, pois os policiais penais já foram atendidos em sua maioria, conforme informações repassadas por servidores antes da conclusão da reportagem.

Já com relação ao Estado de Goiás a vacina foi aplicada ainda na primeira semana de imunização nas penitenciárias e órgãos adminidtrativos. Esta semana está sendo liberada para os servidores nos postos de saúde e em todo o Sistema Prisional, fato que é digno de reconhecimento, por ter havido uma conjugação de esforços. E assim todos ganham com esse tipo de ação.

Foto: Jacinto Teles/JTNewsCel. Lindomar Castilho - comandante geral da PM/PI
Lindomar Castilho, comandante geral da PM/PI, recebeu da Prefeitura de Teresina comunicado de atraso da vacina

No Piauí, em especial em Teresina, há atraso na aplicação das vacinas 

Nenhum dos órgãos de segurança pública foi contemplado com a vacinação, pois a Fundação Municipal de Saúde (FMS), ontem  (16) ainda estava fazendo drive thru para vacinar os idosos.

Está bastante atrasada a campanha de vacinação, informações preliminares dão conta de que esse atraso é ocasionado pela demora do Ministério da Saúde em fazer a entregas das vacinas, entretanto, o JTNEWS não conseguiu falar com a dra. Amariles Borba da Fundação Municipal, a qual é responsável por essa área de vigilância.

No Sistema Prisional do Estado, o secretário Carlos Edilson, recebeu informação da Fundação Municipal de Saúde que a vacinação nos estabelecimentos penais para Policiais Penais e detentos começa na próxima semana a partir do dia 22 do mês em curso, e com base nessas informações a diretoria de Humanização do órgão já anunciou o calendário de ação.

"A vacina deve começar com uma semana de atraso em relação ao início previsto e anunciado pelos órgãos públicos nacionais responsáveis, ou seja, com considerável e lamentável atraso", observou Marcos Paulo Viana Furtado, que é presidente a Associação dos Policiais Penais do Piauí.

Foto: DivulgaçãoPoliciais Penais no Corso de Teresina 2020
Policiais Penais do Piauí, como todos do Brasil, aguardam ansiosos a vacina contra a Influenza H1N1

O secretário da Justiça, Carlos Edilson informou ao JTNEWS que o Sistema Prisional do Piauí segue sem nenhum caso de COVID-19 registrado, o que torna o ambiente menos tenso nesse momento de Pandemia, registrou o gestor do Sistema Prisional em visível estado de satisfação.

 O JTNEWS ouviu o comandante Geral da Polícia Militar do Piauí, Cel. Lindomar Castilho, o qual declarou que, em razão do atraso da vacinação na primeira etapa, a vacinação das forças de segurança pública ficou para a próxima semana. Segundo o comandante, o Hospital da Polícia Militar (HPM), também receberá as doses e vacinará todos os militares estaduais.

O delegado geral da Polícia Civil do Piauí Luccy Keiko, informou que conversou com o presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS), Manoel Moura Neto, e este relatou que houve atraso da vacina por parte do Ministério da Saúde e que a prioridade hoje é concluir a vacinação dos profissionais da saúde e idosos para em seguida atender aos constantes da segunda fase.

Em diversos estados do País a vacinação não aconteceu

O JTNEWS ouviu o diretor de Saúde e Previdência da Associação dos Policiais Penais do Brasil (AGEPPEN-BRASIL), Roberto Neves, que é dirigentes sindical no Paraná e informou que lá a vacina ainda não chegou aos presídios.

O representante classista efendeu que a data de vacinação para as forças de segurança pública precisa ser mantida. "[...] a tendência é que, se funcionários e presos não forem vacinados contra a influenza urgentemente, começarão a apresentar sintomas dessa doença que será, inevitavelmente confundidos com os sintomas da COVID-19, gerando grande número de afastamento do trabalho além de um pânico generalizado entre a massa carcerária", afirma Neves.

"O trabalho do policial penal dentro do sistema penitenciário é imprescindível e não pode parar, nem mesmo em tempo de Pandemia como essa que o mundo está atravessando", acrescenta Roberto Neves.

Nessa mesma linha o também diretor da Ageppen-Brasil, Wilson Camilo, informou que no Estado do Rio de Janeiro a vacinação não começou, e tampouco teve conhecimento de calendário anunciado pelos gestores do Sistema Prisional. O policial penal, demonstrou muita preocupação com esse atraso, sobretudo pela representação que o Rio de Janeiro ocupa no cenário nacional do Sistema Prisional, tanto pela quantidade de presos como pelo número de servidores no Estado.

Coordenadoria do Depen manifesta acerca da Vacinação

Segundo o coordenador de Saúde do DEPEN, Rodrigo Lopes, a segunda fase vai até o dia 09 de maio. "Nesta fase estão inclusos profissionais das forças de segurança e salvamento, servidores do sistema prisional e população privada de liberdade entre outros.

Foto: Reprodução/DEPENRodrigo coordenador de Saúde do Depen
Rodrigo Lopes coordenador de Saúde do Depen

O Ministério da Saúde distribui as doses para todo o País, e a execução acontece no nível estadual e municipal, é uma grande estratégia de distribuição e organização local do cronograma. Esse arranjo é complexo e por isso o calendário dá uma margem de 3 semanas.

Além disso, por causa da COVID-19 houve uma antecipação em toda essa logística e a distribuição está sendo de forma mais lenta e gradual", informa o coordenador.

Mais dois casos de  COVID-19 no Sistema Prisional aumenta tensão entre policiais penais

Mais dois casos graves de COVID-19 no Sistema Penitenciário registrados nessa quinta-feira, em que um deles resultou em óbito, trouxe mais preocupação entre os servidores do Sistema, em especial junto aos Policiais Penais, principalmente nos estados do Pará e em Santa Catarina.

No Pará a Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP) lamentou a morte do servidor penitenciário, Marco Antônio Coelho, cujo laudo médico ainda não foi divulgado, mas servidores que conversaram com familiares do falecido, suspeitam que a morte foi em razaão da COVID-19.

Marco Antônio, que há mais de 25 anos prestou serviços no Sistema Prisional paraense como agente penitenciário 'temporário', atualmente era lotada na Central de triagem da Marambaia.

Outro caso, este confirmado pela própia Secretaria de Administração Prisional e Socioeducativa (SAP) de Santa Catarina confirmou a contaminação por coronavírus em um preso de Imbituba, no Sul do Estado.

Esse é o primeiro caso confirmado da doença em unidades prisionais daquele estado e, ao contrário do que chegou a ser divulgado pela administração do Sistema Penitenciário catarinense de que o preso não teve contato com outros detentos, o presidente do Sindicato dos Policiais Penais do Estado, Ferdinando Gregório informou ao JTNEWS que o infectado pelo Coronavírus teve sim contato com outros detentos e inclusive, com servidores. 

Fato que aumenta a tensão e a preocupação de todos com a situação da COVID-19 no Sistema Prisional, o que levou o Sindicato a defender que a vacinação ocorra de forma celére e concomitante nos diversos estabelecimentos penais estaduais, haja vista que a vacina começou em SC, mas não existe ainda um plano que atenda a todas unidades prisionais de forma simultânea.

Presidente da Associação dos Policiais Penais do Brasil (Ageppen-Brasil) cobra cumprimento do calendário de vacinação anunciado pelo Ministério da Saúde, sob pena de instalar-se o caos no Sistema Penitenciário

A vacinação contra a Influenza (H1N1) tem função primordial na estratégia de combate aos efeitos da COVID-19, pois com sintomas semelhantes, e sobretudo com a aproximação do inverno, pode haver uma grande concentração de pessoas acometidas pela Influenza procurando o sistema público de saúde imaginando estar com a COVID-19.

Por outro lado poderá também ter incontáveis casos de pessoas que, mesmo com a COVID-19, não procurarão tratamento médico por achar que tais sintomas trata-se apenas da Influenza, pontuou o presidente da Entidade nacional, Wagner José Monteiro Falcão.

Foto: Jacinto Teles/JTNewsWagner José Monteiro Falcão - presidente da Associação dos Policiais Penais do Brasil (AGEPPEN-BRASIL)
Wagner Falcão - presidente da AGEPPEN-BRASIL cobra respeito ao calendário anunciado pelo Ministério da Saúde

Preocupada com a disseminação da Covid-19 nos estabelecimentos penais, ambientes extremamente fragilizados ao novo coronavírus pela grande concentração de pessoas confinadas, onde os serviços penais não podem parar, a Associação dos Policiais Penais do Brasil (Ageppen-Brasil), orienta a todas as entidades de representação de Policiais Penais no País, que exijam junto aos seus respectivos órgãos de administração penitenciária, visando cumprir o calendário de vacinação do Ministério da Saúde para os servidores do sistema penitenciário com determinação para ter iniciado ontem (16) em todas as unidades da Federação.

Essa orientação é pelo reconhecimento da grande possibilidade de contágio entre os trabalhadores policiais penais durante sua jornada de trabalho de contato direto com pessoas encarceradas, cuja contaminação cruzada poderá ocorrer facilmente entre esses dois segmentos populacionais.

Em recente pesquisa realizada pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra da Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE/UFRJ) mostrou os índices de risco que os trabalhadores brasileiros têm de serem contaminados pelo novo coronavírus. Nessa pesquisa, os policiais penais aparecem com o índice de 83,7% de chance de contágio pelo coronavírus. Maior índice entre todos os trabalhadores da segurança pública.

Foto: Jacinto Teles/JT NewsCPA15
CPA de Altos no Piauí um dos maiores presídios do Estado [inaugurado recentemente], onde a vacina ainda não chegou

"Será uma irresponsabilidade sem limites se qualquer gestor [seja no âmbito nacional, estadual ou municipal, já que o SUS é administrado pelo município a quem compete a distribuição da vacina após recebimento pelo Ministério da Saúde] não observar a importância dessa vacinação para policiais penais e presos na data prevista pelo Ministério da Saúde, pois com a chegada dos dias mais frios a tendência é que essas populações comecem a apresentar sintomas dessa doença que será, inevitavelmente confundidos com os sintomas da COVID-19, o que gerará grande número de afastamento do trabalho além de um pânico generalizado entre a massa carcerária", observa Wagner Falcão.

“O trabalho do policial penal dentro do sistema penitenciário é imprescindível e não pode parar, nem mesmo em tempo de epidemia como essa que o mundo está atravessando. Por isso toda atenção deve ser dada para que esse serviço não entre em colapso pela possível negligência de gestores indiferente à dinâmica do ambiente prisional em meio a essa crise de saúde pública internacional”, conclui Wagner Falcão, presidente da Agepen-Brasil.

Situação no Maranhão

Sistema Prisional do Maranhão já registra casos de COVID-19 tanto em presos quanto em servidores. A informação que chegou ao JTNEWS é que lá também não começou a vacinação dos policiais penais nem dos detentos.

O JTNEWS vai continuar atualizando essas informações, portanto quem puder informar dados concretos pode nos encaminhar para o E-mail: [email protected] ou pelo Whatsapp: 86 9816-6583

Fonte: JTNEWS

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