Saiba as recomendações e contraindicações para quem contrair o coronavírus

Atualmente, cientistas correm contra o tempo para desenvolver uma vacina e medicações capazes de combater a covid-19. Já foram registrados mais de 384.000 casos em 184 paíse

O tratamento preventivo à covid-19 no organismo é como o de uma gripe comum e pode ser feito em casa, diz a doutora Heloísa Ravagnani, infectologista e presidente da SIDF (Sociedade de Infectologia do Distrito Federal). O recomendável é o uso de analgésicos e antitérmicos, como paracetamol e dipirona, assim como hidratação e repouso.

Foto: Amanda Perobelli/ReutersViajantes, usando máscaras como medida de precaução para evitar a contração de coronavírus
Viajantes, usando máscaras como medida de precaução para evitar a contração de coronavírus

Segundo Heloísa Ravagnani, a busca por tratamento em um hospital é recomendada apenas para casos mais graves (saiba os sintomas ao final do texto).

“Não temos vacina e nem medicação para tratar a covid-19. Não tem medicação específica, então a gente vai indicar a medicação para os sintomas e dar o suporte que for necessário em hospital. Se for necessária a ventilação mecânica, será dado esse suporte, se não for necessário e se o paciente tiver sintomas brandos, ele pode ficar em casa, com repouso e tomando analgésico comum, como paracetamol e dipirona, além de hidratação”, disse em entrevista ao Poder360.

Atualmente, cientistas correm contra o tempo para desenvolver uma vacina e medicações capazes de combater a covid-19. Já foram registrados mais de 384.000 casos em 184 países. A preocupação de muitos líderes mundiais é a superlotação dos hospitais e a possibilidade de os sistemas de saúde serem incapazes de prestar atendimento a todos os contaminados.

A recomendação tem sido para que pessoas com sintomas leves fiquem em isolamento em casa. Apesar disso, os diagnosticados com a doença não devem fazer a automedicação sem orientação médica.

Na última quinta-feira (19), a OMS (Organização Mundial de Saúde) retirou a restrição ao uso de medicamentos à base de ibuprofeno no tratamento contra a covid-19. A infectologista Heloísa Ravagnani afirma que, apesar da organização ter voltado atrás da sua posição inicial, o uso ainda não é recomendado.

“Os estudos estão muito precoces. Qualquer medicamento que tenha algum indício de que poderia fazer mal, é preferível a não prescrição. Foi o caso do ibuprofeno. E agora a OMS voltou atrás por não ver nenhum embasamento forte para a sua proibição. Isso não significa que não possa vir a ter. Ela continua não recomendando, mas também não proíbe o uso”, disse.

Testes de cloroquina e hidroxicloroquina

Duas medicações estão sendo testadas em pacientes para combater a covid-19: a cloroquina e a hidroxicloroquina. Ambos são medicamentos usados contra a malária, artrite reumatoide e lúpus. A cloroquina chegou a ser testada nos Estados Unidos em tratamentos contra o covid-19, mas a sua eficácia não foi comprovada.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu enquadrar as substâncias como medicamentos controlados. Com isso, a venda nas farmácias só pode ser feita mediante apresentação de receita branca especial em duas vias.

Foto: Reuters/Agustin MarcarianPesquisa, coronavírus
Ainda não há vacina contra o coronavírus

No último sábado (21), o presidente Jair Bolsonaro anunciou que mandou o Exército aumentar a produção da cloroquina devido ao otimismo do governo sobre a possibilidade de a medicação ter eficácia contra a doença que já infectou mais de 2.200 pessoas no país. Disse que o Hospital Israelita Albert Einstein iniciou testes em pacientes.

Sobre os medicamentos, a infectologista Heloísa Ravagnani afirma que, por ainda estarem em fase de teste, o uso não é recomendável para casos de covid-19 leve ou como preventivo. Segundo ela, a ingestão pode causar efeitos colaterais graves.

“Quanto à cloroquina e à hidroxicloroquina, não está recomendável seu uso profilático. Estamos começando alguns estudos para os pacientes graves e eles devem ser prescritos sob orientação médica para pacientes internados e em modos de estudo. Não pode-se comprar cloroquina na farmácia para usar preventivamente para o coronavírus, por exemplo. Isso pode provocar uma falta da medicação para quem realmente precisa e pode haver efeitos diversos muito sérios e graves com essas medicações se usadas sem acompanhamento médico e sem indicação”, disse.

A gastroenterologista e hepatologista Daniela Louro falou sobre os efeitos colaterais que podem ser causados pela hidroxicloroquina.

“Precisamos lembrar que é uma droga que possui muitos efeitos colaterais e interações medicamentosas, não devendo ser usada sem indicação e acompanhamento médico. Podemos citar alguns efeitos colaterais como anemia, diminuição das células brancas do sangue, problemas na pele, dores de cabeça, coceiras, irritabilidade, nervosismo, psicose, convulsões, perda de peso, perda de apetite, problemas visuais, perda e descoloração dos cabelos, diminuição da audição, sensibilidade à luz”, listou.

“Os efeitos colaterais relacionados ao trato digestivo são vômitos, diarreia e cólicas. No fígado, a hidroxicloroquina pode gerar elevação das enzimas hepáticas, podendo causar hepatite medicamentosa grave e até mesmo insuficiência hepática”, completou.

Nos Estados Unidos, 1 homem morreu de parada cardíaca no domingo (22.mar.2020) e sua mulher está internada em cuidado intensivo depois de terem tomado fosfato de cloroquina em uma tentativa de automedicação contra a covid-19. As informações foram divulgadas por uma rede que opera hospitais na cidade de Phoenix, nos Estados Unidos, onde o casal foi atendido.

Pode tomar antibióticos?

A infectologista Heloísa Ravagnani afirma que o uso de antibióticos contra a covid-19 também não é recomendável, uma vez que a medicação não é 1 ativo contra vírus. Segundo ela, o uso só deve ser feito por diagnosticados com a covid-19 sob orientação médica em casos de alguma infecção em decorrência da doença.

“Quando uma doença é estritamente viral, não adianta usar antibiótico nem como profilaxia e nem para tratamento, em nenhum momento. É claro que durante a infecção viral pode haver uma infecção com bactérias, isso é muito comum. E aí a gente vê uma piora no quadro do paciente e o antibiótico pode ser associado conforme o critério do médico que está assistindo. Isso seria uma complicação de infecção viral. Só nesses casos, com complicação bacteriana é que a gente se beneficia do uso do antibiótico”, alertou.

Fake news

Nas últimas semanas houve o compartilhamento crescente nas redes sociais e em grupos de aplicativos de mensagens com informações relacionando o tratamento ou prevenção da covid-19 ao uso da vitamina C, de chá de ervas ou a ozonoterapia, entre outras formas. Segundo Heloísa Ravagnani, as informações são falsas e a ingestão de tais indicações podem prejudicar o diagnóstico.

“Quanto ao tratamento com vitamina C, uso de ervas, ozonoterapia, isso é tudo fake news. Isso atrasa o diagnóstico, às vezes compromete até a renda da população que acaba correndo atrás de comprar 1 monte de vitamina. E a gente sabe que o excesso de vitamina também é muito prejudicial. Então, tudo isso são fake news”, disse.

Sintomas da covid-19

De acordo com a OMS, os sintomas mais comuns da covid-19 são febre, tosse e dificuldade para respirar. Os sinais para os casos mais graves são: febre alta; falta de ar com respiração curta; pressão baixa; calafrio; necessidade de esforço para respirar.

Fonte: Poder360

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