Rui Costa: "O Brasil, mais do que nunca precisa de conciliação e o Lula foi quem mais conciliou"

Sobre prisão em 2ª Instância: "Se tiver prova não precisa esperar para o final do processo; se não tem prova, eu acho que você não pode enjaular uma pessoa sob o risco de amanhã provar que é inocente"

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), foi o principal político entrevistado dessa semana pela Central Globo News, que tem como âncora e apresentador, o jornalista Heraldo Pereira, cuja entrevista foi veiculada novamente neste domingo (27/10). Além do apresentador, a equipe de entrevistadores foi composta pelos jornalistas da Globo News, Valdo Cruz, Cristiana Lobo, Júlio Mosquéra, Ana Flor e Gerson Camaroitti.

Foto: Reprodução/Globo NewsGovernador da Bahia, Rui Costa
Governador da Bahia, Rui Costa

O ponto fulcral da entrevista com o político petista baiano, Rui Costa, foi a degradação ambiental das praias do Nordeste em decorrência do lamentável e até agora misterioso derramamento de óleo/petróleo poluído na costa do litoral nordestino. Obviamente que seria inevitável aos repórteres, bem como ao próprio governador Rui Costa, não falar acerca da política ou de assuntos políticos contemporâneos, a exemplo "do que fazer" o líder petista e ex-Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, após sua eventual liberdade da carceragem da Polícia Federal em Curitiba no Paraná.

O governador Rui Costa, inicialmente foi indagado por Heraldo Pereira, acerca das manchas de óleo nas praias do Nordeste,  que lançou a seguinte pergunta: como está a situação efetivamente e qual pode ser a repercussão para a Bahia e para os demais estados do Nordeste, nos vários aspectos econômico, social e ambiental? 

Foto: Reprodução/Globo NewsGovernador da Bahia, Rui Costa
Governador da Bahia, Rui Costa na Central da Globo News

O governador destacou principalmente dois aspectos, o primeiro ambiental, em que ele enfatizou sobre os Estuários, Manguezais nas prais, mais sensíveis como os corais, dizendo textualmente que: "são as áreas mais difíceis de limpeza e remoçção desse óleo que pode comprometer a reprodução marinha e comprometer a reprodução da vida ali no Litoral", inclusive destacou que dos 9 Estuários existentes no litoral da Bahia, 7 estão contaminados.

E o segundo grande impacto, conforme o entrevistado, é o econômico, "porque a economia do mar, da costa, é uma economia que emprega milhares e milhares de pessoas no Nordeste inteiro, são pessoas que trabalham nas prais nos hotéis, em pousadas, comerciantes e ambulantes que ganham seu ganho pão todos os dias ali trabalhando. Isso já está tendo um impacto grande na renda dessas pessoas. Eu diria que há uma perplexidade, um sentimento de indignação da população com o que aconteceu e com a falta de reação por parte do Governo Federal que tem competência para responder sobre esse vazamento", comentou o governador.

Rui Costa, reclamou que não houve uma reação por parte do governo federal de imediato, nenhuma assistência técnica de orientação chegou aos estados e municípios, porque o governo só orienta tirar o óleo da areia [isso é fácil] o difícil é limpar  os manguesais, "os estados não produzem petróleo, então porque se o governo federal trouxer especialistas para assessorar os estados e municípios estes ajudariam bastante, se necessário for o estado da Bahia faria investimento, compraria equipamentos para agir", o governador destacou ainda que essa assistência técnica seria de responsabilidade da Petrobras e do Ibama.

"É preciso que o governo federal definitivamente, pare com critérios políticos ideológicos e passe a governar colocando o pacto federativo, o respeito aos estados e municípios em primeiro lugar, porque boa parte dessa não reação tem a ver com o estilo de governar que fica indiferente à existência de estados e municípios...", criticou o governador da Bahia, Rui Costa.

Rui Costa foi indagado por Cristiana Lobo, sobre sua opinião acerca do papel do Lula, se ele sair da prisão. Ela prosseguiu: Ele deve fazer mobilizações? Ele deve ficar articulando? Ele deve se resguardar e cuidar da sua defesa?

Rui Costa foi enfática: Sobre o papel do Lula..., Lula é um gigante na política, né? Não só no Brasil, é uma figura ímpar no Mundo inteiro. E Lula é..., eu sei que ele é uma figura que traz muitas paixões e traz também um sentimento de contestação grande por quem não gosta dele. Mas é inegável que ele trouxe [na época que ele governou] uma pacificação para o País, Lula sentava com os empresários botava todo mundo à mesa, fez os conselhos que de forma permanente ouvia os empresários; todos os segmentos da sociedade brasileira, foi o período que o Brasil mais ceresceu, nas últimas décadas, foi o período que ele governou, então eu acho que ele tem o papel extraordinário de voltar a unir o Brasil, independente da sua candidatura ou não, ele é um líder nato e eu acho que ele pode ajudar muito o futuro do Brasil, a pacificar o Brasil, a unir o Brasill de novo e a fazer com que o Brasil volte a ser  repeitado no exterior.

Foto: Reprodução/Globo NewsGovernador da Bahia, Rui Costa
Rui Costa (PT), faz severas críticas a Bolsonaro (PSL) por omissão acerca das manchas de óleo nas praias do Nordeste

Cristina Lobo: Ele volta mais pacificador ou mais incendiário?

Lula [o papel dele] sempre foi de pacificador... Lula é uma pessoa da conciliação, sempre foi; desde o movimento sindical [Lula é um cociliador nato], e fez isso durante o período em que foi governo, ele tratou de conciliar o País, e o País mais do que nunca, hoje, o Brasil precisa de conciliação. [...].

Foto: Facebook/ @lulaLula
Lula ocupou espaço de destaque na entrevista com o governador Rui Costa, da Bahia

O JTNews destaca nessa abordagem da Central da Globo News, as perguntas formuladas no último bloco da entrevista com o governador da Bahia, Rui Costa, pelos diversos jornalistas escalados para entrevistá-lo. 

Rui Costa é questionado e fala ainda mais sobre assuntos econômicos, políticos, educacionais e sugere autocrítica aos partidos políticos, inclusive ao PT,  do qual é um dos fundadores e pelo qual se elegeu governador da Bahia.

Heraldo Pereira: Governador, dizem que você é muito jeitoso na política, inclusive se dá bem com ACM Neto prefeito de Salvador que é do DEM, você se daria bem com o presidente Jair Bolsonaro também?

Olha, eu procuro separar gestão de política. Infelizmente o presidente Bolsonaro até hoje não chamou os governadores, seja do Nordeste ou do Brasil, pra detalhar ações federativas [pacto federativo] para cuidar da população, eu não tive essa oportunidade, se a qualquer momento for chamado pra discutir o cuidado com os seres humanos, com os brasileiros, com os baianos, eu irei prontamente.

Valdo Cruz: Governador você é a favor da prisão após condenação em Segunda Instância?

Olha, eu não sou jurista, portanto pra mim, eu não quero entrar no debate constitucional; eu vou dizer qual é a minha opinião: acho que é um debate artificial isso; pra mim, a pessoa pode ser presa até em primeira instância, se eu tenho um filme [uma imagem] de uma pessoa assassinando uma criança, assassinando outra pessoa, tenho prova  material, por que eu tenho que esperar para(sic) a segunda, para a terceira instância, para essa pessoa começar a cumprir pena? Pra mim como cidadão e não como jurista, a essência não é se é primeira, segunda ou terceira, é se tem prova ou não tem prova. Se tiver prova não precisa esperar para o final do processo; se não tem prova, eu acho que você não pode enjaular uma pessoa sob o risco de amanhã provar que ela é inocente. O que repõe a falta de liberdade de um ser humano por um, dois, cinco anos? Nada repõe isso. Então, eu acho se não tem prova material, prova concreta do início do cometido, a pessoa tem o direito de responder em liberdade até terminar o julgamento final. Se tem prova a pessoa não precisa esperar o julgamento final [pra qualquer tipo de crime], então a essência, como cidadão, não tô falando como jurista, deveria ficar restrita a se tem prova concreta ou se não tem prova concreta.

Cristiana Lobo: Governador, nesse período aí de praias contaminadas com esse óleo tóxico, você tá comendo peixe?

Como peixe e não parei de comer nem marisco nem peixe, a poluição é bom que se registre não causou dana ainda [espero que não cause], na produção de peixe ou mesmo de marisco, são pontuais os pontos que o óleo tocou e eu pero que daqui pra frente seja decrescente e que não cause mais dano na economia do Nordeste ao emprego e a renda e sobrevivência das pessoas, além, evidentemente do meio ambiente.

Ana Flor: O IDEB que mede a qualidade do ensino médio de 2017, a Bahia ficou em último lugar, a que você atribui esse resultado?

Foto: Reprodução/Globo NewsGovernador da Bahia, Rui Costa
Governador da Bahia, Rui Costa lança programas de inclusão dos jovens por meio da Educação

Olha, a Bahia carrega durante muitas décadas indicadores educacionais ruins. Nós estamos fazendo um esforço enorme, eu lancei alguns programas voltados para a juventude [loncei o programa chmado primeiro emprego], onde (sic) a pessoa que conclui o curso técnico tem a oportunidade de dois anos trabalho com carteira assinada, com assistência médica; hoje nós temos 9 mil vagas, isso reduziu o abandono escolar no 2º grau, as pessoas começaram a ver uma luz no final do túnel e aí passam a estudar. Lacei agora recentemente um programa com 10 mil jovens [que é o programa de monitores escolares], eu dou uma bolsa de R$ 200 a 10 mil jovens pra eles ajudarem nas escolas onde eles estudam os alunos de menor rendimento. Então a seleção são os alunos que tiraram notas acima de 8 em matemática e português... em todas as escolas do Estado... jovens proporcional ao número de alunos daquela escola [um monitor para cada 75 alunos] e eles estão fazendo monitoria nas escolas para elevar o desempenho. Eu acredito que nesse ano, a minha convicção [tem prova esse ano] vamos aparecer numa posição muito melhor. Em um outro momento de pergunta formulada por Ana Flor, o governador destacou que a Bahia é o segundo Estado em investimento no País e nunca atrasou um dia de pagamento; perdendo em investimento apenas para o Estado de São Paulo, que é 6 vezes a arrecadação da Bahia.

Júlio Mosquéra: Governador, você declarou numa entrevista que disse ao ex-Presidente Lula, que os partidos deveriam deixar a vaidade de lado para buscar um projeto de esquerda comum. Qual é o tamanho da vaidade do PT? 

Olha, eu [risos] eu diria que essa é uma pregação que eu faço todos os dias, os políticos [deputados, senadores, governadores, prefeitos] coloquem... todos nós somos vaidosos [todo ser humano tem um grau de vaidade] se alguém disser: 'eu não tenho vaiudade nenhuma é mentira, não é verdade'. O que você tem, é que controlar sua vaidade para que fique pelo menos um degrau abaixo do projeto de Nação, do projeto de País, entao acho que os partidos [todos, incluído o PT], tem que colocar em peimeiro lugar o interesse dos brasileiros, então esse é meu apelo pra os partidos de centro, de esquerda, pra que nós posssamos criar um projeto de Nação já pro ano que vem, inclusive, para que nós possamos nos unir nas eleições municipais e reconstruir nosso Brasil, para deixarmos no passado esse discurso de ódio, de raiva, de racismos, de preconceito que isso não tenha a ver com a alma do brasileiro, assim eu acredito que isso só é possível se todo mundo colocar sua vaidade pessoal a um degrau abaixo... esse exercício é cotidiano que todos têm que fazer.

Gerson Camarotti: Governador, o senhor se recuspu a receber o presidente Bolsonaro na inauguração do aeroporto de Vitória da Conquista [no interior da Bahia]. Aí eu lhe pergunto...[isso foi feito é... foi visto no Palácio do Planalto como um gesto de hostilidade do senhor]; foi um gesto de hostilidade?

Não. Ao contrário, eu convidei o Presidente. Essa obra [a obra do aeroporto] foi feita pelo governo do Estado da Bahia [a área física daquela obra é do governo do Estado da Bahia]. A obra iniciou no governo da Presidenta Dilma, eu concluí a obra em dezembro de 2018 quando Bolsonaro ainda não era presidente, muitos disseram: 'Ah governador inaugura logo em dezembro por que em janeiro o Bolsonaro toma posse, pra ele não poder vir na inauguração.' Eu disse: 'eu não inauguro obra que não funcione no outro dia, eu não faço isso!' Então, naquele momento a obra tava pronta, mas faltava a papelada pro aeroporto poder funcionar; a ANAC fazer vistoria, a Aeronáutica fazer vistoria, eu não vou inaugurar o aeroporto em dezembro e esperar 3, 4 meses pra papalada chegar e o povo ficar perguntando: 'cadê o aeroporto que você inaugurou?'  Então, quando ficou pronta toda a papelada eu liguei pro ministro e disse: 'essa é uma obra que tem recursos federais e eu estou convidando o Presidente da República pra vir para a inauguração.' Infelizmente eles transformaram um ato institucional de inauguração do aeroporto em um ato político. E das 400 cadeiras que teriam... primeiro que eu queria fazer um evento aberto para a população pra botar lá 5 mil pessoas. O Governo Federal  não quis, disse que o evento era restrito, iria ter 600 cadeiras e das 600 cadeiras disseram que a Bahia só pdia colocar 60 pessoas, que o resto era o Governo Federal que iria botar [eles iriam indicar as pessoas], ou seja, eles quiseram fazer um palanque político partidário chamando militantes do PSL [do partido do Presidente, dos aliados do Presidente] pra fazer um ato político partidário, então eu preferí me ausentar do que ter um atrito no local, até por que muitos militantes queriam ir pra o aeroporto. Você imagine eventual confronto de uma multidão lá tentando entrar no aeroporto e as Forças Armadas não permitindo que as pessoas entrassem; eu não sou uma pessoa de provocar, expor o cidadão de bem a um episódio desses, eu preferí me ausentar e orientar a todos que não fossem pra inauguração pra evitar o confronto com os militantes partidários já que eles transformaram o ato em militância partidária, mas quem convidou o Presidente fui eu, pra que ele fosse inaugurar.

Fonte: JT News, com informações da Globo News

Comentários