Pós Pinochet, ondas de protestos no Chile põe Exército nas ruas com Sebastián Piñera

O que ficou bastante evidente é que os protestos ficaram longe de terem ocorridos apenas e tão somente devido ao aumento das passagens do metrô

Há informações desencontradas sobre os protestos em Santiago [capital do Chile], ora informam que são três mortos, ora informam dois; uns falam de 300 detidos, mas existem meios de comunicação que informam que foram mais de 700 pessoas presas numa onda de incêndios e saques avassaladora.

Foto: Edgard Garrido/ReutersChile
Santiago está tomada por militares do Exército do Chile após protestos - fato novo pós ditadura

Diante de protestos violentos, a capital do Chile, Santiago, amanheceu patrulhada por militares, o que não acontecia desde o final da ditadura do general Augusto Pinochet, em 1990.

Quase 10 mil membros das Forças Armadas estão nas ruas da capital. Após o presidente chileno, Sebastián Piñera, decretar estado de emergência, Santiago e outras regiões do país, como Valparaíso e Concepción, estão sob toque de recolher.

As primeiras manifestações começaram de forma pacífica no dia 14 contra o aumento de preço do metrô de Santiago, que passaria do equivalente a US$ 1,12 para US$ 1,16. Ontem (19), o governo anunciou a suspensão do reajuste.

Desde sexta-feira (18), entretanto, os protestos se intensificaram e os chilenos expressam insatisfação com as políticas do governo Piñera, com o sistema previdenciário chileno, administrado por empresas privadas, o custo da saúde, o deficiente sistema público de educação e os baixos salários em relação ao custo de vida.

Informações dão conta que as vítimas fatais são duas mulheres, cujos corpos foram encontrados carbonizados dentro de um supermercado, que foi saqueado e incendiado, na região de Santiago. Inicialmente, autoridades haviam falado em três vítimas, mas o número foi corrigido.

O que ficou bastante evidente é que os protestos ficaram longe de terem ocorridos apenas e tão somente devido ao aumento das passagens do metrô, o que está explícito é uma insatisfação política no país governado por Sebastián Piñera.

O povo começa a demonstrar insatisfação com sua política de direita, aliás, uma política não alinhada com os desejos da maioria da população, que apostou que mudaria junto com a figura do presidente da República, ou seja, saindo Michelle Bachelet e entrando Sebastián Piñera.

No entanto, nada melhorou na indústria, aliás houve um retrocesso tanto nesta como na atividade agropecuária e pouco melhorou em alguns setores da economia [como nos serviços pessoais e empresariais e imobiliários] é o que se nota em informações constantes de relatórios econômicos internos do próprio país.

Onda de protestos violentos se espalha pelo Chile e deixa ao menos 7 mortos

Apesar de toque de recolher, manifestantes mantêm atos e incêndios se multiplicam pelo país

A Folha de S.Paulo atualiza as informações sobre os conflitos sociais no Chile e o JTNews traz essas atualizações com profunda tristeza ao constatar que mais 5 pessoas morreram neste domingo em decorrência do acirramento da situação com as forças armadas nas ruas.

Uma terceira pessoa ficou gravemente ferida, com 75% do corpo queimado. Os bombeiros levaram cerca de duas horas para conter as chamas.

Outras cinco pessoas morreram em um incêndio na fábrica de roupas Kayser, também na capital. O grupo ficou preso no segundo andar, onde estavam armazenadas roupas íntimas.

Foto: Leia notíciasConflitos acirram no Chile
Conflitos acirram no Chile pela imposição de intervença militar na ruas de Santiago

 Além disso, o ministro do Interior, Andrés Chadwick, disse ainda durante a madrugada que duas pessoas foram feridas a tiros após um incidente com policiais.

Os saques ao comércio se estenderam por vários pontos de Santiago. Apesar dos grandes supermercados permanecerem fechados, muitos foram invadidos e saqueados após grupos arrombarem as portas.   

Imagens que circulam nas redes sociais mostram como pessoas, na maioria, jovens, forçaram os acessos a um supermercado da rede Jumbo e a outro da rede Lider.

A polícia e os militares —encarregados da segurança após a instauração do estado de emergência no sábado— tentaram impedir os saques, mas ficaram sobrecarregados. 

Foto: G1Protestos e destruições aumentam com enfrentamento determinado por Sebastián Piñera
Protestos e destruições aumentam com enfrentamento determinado por Sebastián Piñera

Os agentes de segurança usaram bombas de gás lacrimogêneo e jatos d’água contra os manifestantes. 

Assim, o centro de Santiago virou um cenário de destruição: semáforos no chão, ônibus queimados, lojas saqueadas e milhares de destroços nas ruas após os protestos.

Os manifestantes entoavam palavras de ordem como “chega de abusos” e, nas redes sociais, utilizam a hashtag “Chile despertó” (Chile acordou). 

Foto: G1Protestos pegam fogo literalmente no Chile com Forças Armadas nas ruas
Protestos pegam fogo literalmente no Chile com Forças Armadas nas ruas

Os protestos começaram na segunda (14), mas só ganharam força na sexta, após os manifestantes convocaram uma “evasão em massa” no metrô contra o aumento de 3,75% na passagem em horários de pico —a maior alta na tarifa desde 2010.

A população exige ainda mudanças no modelo econômico, para que sejam garantidos o acesso à saúde e à educação, hoje serviços quase completamente privados. 

Manifestantes também denunciam a desigualdade social e o baixo valor das aposentadorias. 

“Cansamos, já basta. Enquanto no enganam, os políticos fazem o que querem e vivem longe da realidade”, afirmou a socióloga Javiera Alarcón, 29, que protestava em frente ao palácio presidencial. 

O Ministério Público informou que, até este domingo, 1.462 pessoas haviam sido detidas em todo o país por participação nos atos.

Os manifestantes também atacaram ônibus e estações do metrô —de acordo com o governo, 78 estações foram atingidas e algumas ficaram completamente destruídas. 

O prejuízo no metrô de Santiago supera US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,2 milhão) e algumas estações e linhas demorarão meses para voltar a funcionar, afirmou o presidente da companhia estatal, Louis de Grange.

Dezenas de concessionárias e pedágios foram saqueados ou incendiados. “Estamos vivendo um alto nível de delinquência, pilantragem e roubos”, declarou Alberto Espina, ministro de Defesa.

O governo anunciou que as aulas foram suspensas na capital pelo menos até a próxima sexta-feira (25).

No aeroporto de Santiago, centenas de pessoas estão impedidas de viajar e estão dormindo no chão, aguardando que a programação de voos seja normalizada. 

Além disso, várias estações do metrô foram incendiadas com coquetéis molotov. 

Neste domingo, o presidente Piñera convocou uma reunião com ministros, aliados políticos e representantes de outros poderes para debater a situação. 

“A democracia deve se defender, usando todos os instrumentos que ela possui e o Estado de Direito, para combater quem quer destrui-la”, afirmou ele em discurso. 

O presidente convocou um diálogo “amplo e transversal” para atender as demandas da sociedade, mas até o momento nenhum líder foi convidado a negociar.

Além da paralisação do metrô, as linhas de ônibus também estão suspensas temporariamente, depois que cinco veículos foram queimados no centro de Santiago, o que deixou sete milhões de pessoas sem transporte público. 

“Não gosto de violência nem que quebrem tudo, mas de repente temos que permitir essas coisas para que deixem de nos enganar, subindo sem freio todos os preços para que os ricos se tornem mais ricos”, disse a vendedora de móveis Alejandra Ibánez, 38. 

Fonte: JTNews, com informações da Agência Brasil do Uol

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