Governo determina que Forças Armadas façam segurança no âmbito da Penitenciária Federal de Brasília

Ibaneis Rocha ao criticar Moro por inaugurar presídio, esquece que foi Michel Temer do seu MDB quem construiu o estabelecimento penal, justo “o melhor presidente do País”

BRASÍLIA  - O presidente Jair Bolsonaro autorizou o uso das Forças Armadas para reforçar pelos próximos quatro meses a proteção externa do presídio federal em Brasília, local onde está preso a principal liderança da facção criminosa Primeiro Comando da Capital, Marco Camacho, o Marcola.

Foto: Alan Santos/PRPresidente Jair Bolsonaro em evento no Palácio do Planalto, em junho, ao lado do ministro da Justiça. Sérgio Moro, que preside o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas
Jair Bolsonaro - assinou LGO no Planalto com o ministro da Justiça, Sérgio Moro

O decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) com a permissão do emprego dos militares nas imediações da penitenciária foi publicado nesta sexta-feira no Diário Oficial com a assinatura de Bolsonaro e dos ministros da Defesa, Fernando Azevedo, da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno.

A presença dos militares no local, segundo o decreto, será desta sexta até o dia 6 de maio e caberá ao ministro da Defesa a "alocação dos meios disponíveis e o raio de atuação para o emprego" deles. O texto não especifica quantos vão participar da iniciativa.

O decreto prevê que o emprego da Forças Armadas será realizado em articulação com as forças de segurança pública competentes e com o apoio de agentes penitenciários do Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

"A decisão atende a pedido do Ministério da Justiça e Segurança Pública e tem caráter preventivo, com o objetivo de se manter elevado nível de segurança do local onde estão isolados integrantes de organizações criminosas", afirmou nota conjunta divulgada nesta sexta pelas assessorias de comunicação social da Defesa e da Justiça.

"A ação dá continuidade a uma série de medidas preventivas que vêm sendo feitas de forma integrada pelos dois ministérios e que terão continuidade", completou.

Uma fonte com conhecimento direto do caso afirmou à Reuters, sob a condição do anonimato, que foi detectado recentemente movimentações de integrantes do PCC na capital do país com o intuito de libertar Marcola. Por isso, destacou, a decisão de empregar as Forças Armadas.

Marcola completará em março um ano no presídio federal em Brasília.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), tem criticado a presença do líder do PCC na capital do país e questionado publicamente a atuação de Sérgio Moro na área de segurança pública.

Em entrevista nesta sexta em Brasília, o ministro da Justiça afirmou que, com a GLO, a intenção do governo é estar sempre na frente em relação aos criminosos. "A ideia é prevenir qualquer espécie de tentativa de um eventual resgate", disse ele, que não quis confirmar se houve um plano concreto.

Sérgio Moro não quis responder diretamente o governador do DF sobre o fato de ele não estar sendo informado das ações referentes à penitenciária federal. "Há essa reclamação, a gente compreende a posição do governo, mas, como eu disse, o governo federal está se antecipando", completou.

A incoerência do governador Ibaneis Rocha

Para o JTNEWS, as declarações do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), parece não ter a coerência necessária, haja vista que ele (Ibaneis) fez duras críticas, recentemente em Teresina no Piauí [dia 27/01], ao ministro Sérgio Moro, quando participou da Convenção do MDB.

Foto: Jacinto Teles/JTNewsConvenção do MDB em Teresina com a presença do governador do DF, Ibaneis Rocha
Convenção do MDB em Teresina (PI) com a presença do governador Ibaneis Rocha

As críticas do governador, foram justamente, segundo ele, por ter o ministro Sérgio Moro, construído a Penitenciária Federal de Brasília; alegou o governador que, pelo fato de ter "tantas" autoridades nacionais e internacionais na capital federal jamais poderia existir um presídio para abrigar presos de alta periculosidade.

Ora, na mesma ocasião [em solo piauiense], o governador distrital asseverou que, o melhor presidente da República deste País foi Michel Temer. O que tem de incoerente nisso? Primeiro, é que essa é uma assertiva imensamente controversa; segundo, é que foi justamente Michel Temer quem concluiu a obra da Penitenciária Federal de Brasília, inclusive o Raul Jugman [ex-ministro de Temer] foi quem fez a inauguração da penitenciária federal em referência.

Portanto, salvo melhor juízo, não parece razoável essa crítica de que o ministro Moro não entende de segurança pública porque inaugurou um presídio federal na capital da República, pois não teria outra opção, após o estabelecimento penal federal ter sido construído pelo "melhor presidente da República brasileira", à luz do entendimento do governador Ibaneis Rocha.

Por outro lado, a justificativa do chefe do Executivo do DF, também parece equivocada e bastante discriminatória quando diz que na capital federal não pode ter presídio que abrigue presos de alta periculosidade, enfatizando que lá [em Brasília] residem altas autoridades.

Qual a base racional para tal assertiva? Será se dentre tais autoridades não algumas destas não deveriam estarem confinadas na própria Penitenciária Federal? O tema é polêmico e merece uma abordagem mais acurada.

Assessorias de Comunicação Social emitem Nota à Imprensa sobre GLO no âmbito da Penitenciária Federal de Brasília

Em cumprimento ao Decreto Presidencial Nº 10.233/2020, publicado no Diário Oficial da União, o Ministério da Defesa emprega as Forças Armadas brasileiras em Operação de Garantia da Lei e da Ordem no perímetro externo da Penitenciária Federal em Brasília (DF).

Foto: Jacinto Teles/JTNewsMinistério da Justiça
Ministério da Justiça e Segurança Pública

A decisão atende a pedido do Ministério da Justiça e Segurança Pública e tem caráter preventivo, com o objetivo de se manter elevado nível de segurança do local onde estão isolados integrantes de organizações criminosas.
A ação faz parte de uma série de medidas preventivas que vêm sendo feitas de forma integrada pelos dois Ministérios e que terão continuidade.

Foto: Pedro de Oliveira/ AlepMinistro Sérgio Moro
Ministro Sérgio Moro

O emprego das Forças Armadas se dará a partir desta sexta-feira (7) até o dia 6 de maio de 2020 em articulação com as forças de segurança pública e com o Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Assessoria de Comunicação Social do Ministério da Defesa
Assessoria de Comunicação Social do Ministério da Justiça e Segurança Pública

Fonte: JTNews, com informações da Reuters e Assessorias de Conunicação Social dos Ministérios da Defesa e da Justiça

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