Como é o blindado que a Alemanha quer que o Brasil ajude a enviar à Ucrânia

A fabricante KMW (Krauss-Maffei Wegmann) tem cerca de 50 guardados em estoque e apenas 23 mil cartuchos de 35 mm usados pelos canhões do modelo

O governo alemão solicitou ajuda ao Brasil para viabilizar o envio de blindados Gepard, de defesa antiaérea, à Ucrânia. A decisão já estava tomada, mas ainda esbarrava em considerações práticas, como a falta de munição.

Foto: Reprodução/DefesanetBlindado Gepard: Brasil pode enviar veículo à Ucrânia para ajudar país na guerra contra a Rússia
Blindado Gepard: Brasil pode enviar veículo à Ucrânia para ajudar país na guerra contra a Rússia

Conforme o jornal Süddeutsche Zeitung, isso vem sendo resolvido com a busca de munições em países que ainda usam o sistema, como o Brasil. A fabricante KMW (Krauss-Maffei Wegmann) tem cerca de 50 guardados em estoque e apenas 23 mil cartuchos de 35 mm usados pelos canhões do modelo. Isso daria pouco mais de 20 minutos de operação em apenas um blindado.

Os canhões do Gepard são atualmente fabricados na Suíça, pela Oerlikon. Mas a Suíça permanece neutra na guerra entre Rússia e Ucrânia e não teria autorizado a exportação da munição.

O que faz o blindado?

O Flakpanzer Gepard é classificado como viatura blindada de combate antiaéreo de alta tecnologia que ataca alvos em baixa altitude. Esse tipo de blindado, o Gepard 1A2, tem capacidades impressionantes:

- dois canhões de 35 milímetros que disparam 1.100 tiros por minuto, com uma munição que alcança 5 km;

- defesa passiva com granadas fumígenas;

- radar de busca com alcance de 15 km, que faz varredura no espaço aéreo com o radar de tiro e também alcança 15 km.

O blindado possui autonomia de 550 km com velocidade máxima de 65 km/h — seu tanque de 985 litros faz 600 metros por litro. São dois motores, o do chassi e o auxiliar, que é responsável pela alimentação de energia dos sistemas de observação, radares e a torre do blindado.

Sem preparação, ele cruza um vão de 0,75 metros, com vedação para não entrar água. Com ajustes, pode chegar a 2,25 metros. Ele pode ainda cruzar um obstáculo de 60 graus na frente e 30 graus de lateral. A blindagem de 20 milímetros.

Ele também é conhecido pelo seu alto nível de proteção, sua alta mobilidade, ser autônomo (só dependente de apoio logístico para combustível e munição), fazer busca independente e sensores de rastreamento, proteção para a tripulação nível NBQ (nuclear, biológico e químico) e capacidade de operar em ambiente de interferências eletrônicas.

Uso no Exército Brasileiro

Em abril de 2013, o Ministério da Defesa do Brasil comprou 34 Gepard versão 1A2 do exército alemão para a segurança de grandes eventos:

- a Jornada Mundial da Juventude com o papa Francisco, em julho 2013, no Rio de Janeiro;

- a Copa das Confederações, de 2013;

- a Copa do Mundo, de 2014;

- os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016

Em 2010, os Gepard 1A2 foram modernizados com novos sistemas de radar e eletrônica que permitem que os tanques permaneçam operacionais até 2030. Recentemente, o Exército Brasileiro havia procurado a Alemanha para revender os blindados e chegou a oferecê-los ao Qatar, que acabou comprando 15 veículos de Berlim para usar na proteção aos estádios da Copa do Mundo de Futebol, que acontecerá no mês de novembro.

História do Gepard

O blindado foi desenvolvido na década de 1960 pelo exército alemão e colocado em campo nos anos 70. Aproximadamente 570 unidades foram produzidas e vem sendo atualizadas. É uma variante projetada sobre a plataforma do carro de combate Leopard, que também foi desenvolvido e produzido nos anos 60/70 pela indústria alemã.

Na época, duas empresas apresentaram propostas e protótipos: a Oerlikon Contraves (hoje Rheinmetall Air Defense) e a própria Rheinmetall. Em 1973, a versão escolhida foi da Oerlikon Contraves com radar Siemens MPDR12.

O principal objetivo do veículo na época era a defesa contra a aviação tática soviética e, principalmente, os helicópteros de ataque equipados com mísseis, como o Mi-24 Hind.

Em 1996, o exército alemão contratou a KMW para aperfeiçoar o Gepard. Foram incorporados ao veículo:

- um sistema de tiro digital;

- visores termais estabilizados;

- datalink conectado a um centro de controle de defesa aérea e monitoramento;

- sensores de velocidade da munição mais aperfeiçoados.

O exército alemão aposentou seus últimos sistemas Gepard em 2010 para abrir espaço para uma solução mais moderna, o veículo de rodas multifunção GTK "Boxer". A versão instalou um sistema de radar diferente, mas perdeu pouco de sua letalidade. Os exércitos do Brasil, Jordânia e Romênia ainda usam o sistema Gepard.

Fonte: UOL Notícias

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