Centrão tira Ana Moser do Esporte e emplaca Fufuca no Ministério; Ciro Nogueira dá 1º passo na sangria do governo Lula

O primeiro alvo do PP na reforma ministerial foi a pasta do Desenvolvimento Social, comandada por Wellington Dias (PT), que é adversário político de Ciro Nogueira no Piauí.

BRASÍLIA - O deputado maranhense André Fufuca foi anunciado nesta quarta-feira (6/9) como o novo ministro do Esporte, no lugar da ex-atleta Ana Moser. A matéria desta edição tem como fonte integral, a Folha de S.Paulo, acrescida da edição pontual de título e fotografias do JTNEWS. Ele representa a entrada do PP no primeiro escalão do governo Lula (PT).

Foto: Jacinto Teles/JTNEWSLula enfatiza acerca da Democracia como valor fundamental do Povo
Presidente Lula cede à pressão do Centrão e anuncia Reforma Ministerial

Parlamentar desde 2015, é médico, mas seguiu na política assim como o pai. Herdou o apelido de Francisco Dantas Ribeiro Filho, mais conhecido como Fufuca Dantas e atual prefeito de Alto Alegre do Pindaré (219 km de São Luís). Ele será o ministro mais novo da Esplanada —completou 34 anos na semana passada.

A rápida ascensão política foi respaldada por alianças, principalmente com personagens de oposição ao PT e a Lula. Sem um histórico de proximidade com o atual presidente, Fufuca chegou ao ministério do petista por uma costura que envolveu o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Foto: Ricardo Stuckert | PRovos ministros André Fufuca (esquerda) e Silvio Costa Filho (direita) com o ministro Alexandre Padilha (centro).
Novos ministros André Fufuca (esquerda) e Silvio Costa Filho (direita) com o ministro Alexandre Padilha  ao centro, acomodações de adversários expurga aliados de "primeira hora" do governo Lula.

Lula decidiu abrir espaço no governo para atender a demandas do centrão e tentar formar uma base mais sólida de deputados.

Na política nacional, o deputado esteve no lado oposto ao PT. A história dele passa por fortes alianças com Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara e pivô do impeachment de Dilma Rousseff (PT), e com Ciro Nogueira, presidente do PP e ex-ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro (PL).

Fufuca, porém, é conhecido pelo pragmatismo. Na política local, construiu laços com partidos de esquerda no Maranhão. No estado, o PP esteve ao lado de Flávio Dino (PSB) quando o hoje ministro da Justiça foi governador. A família Fufuca também mantém laços com o clã Sarney.

Como mostrou a Folha, enquanto negociavam ministérios no governo Lula, as cúpulas de PP e Republicanos buscaram preservar diálogos com o bolsonarismo. A estratégia é deixar portas abertas com os dois campos políticos à espera de qual será o melhor rumo a ser tomado nas próximas eleições e na correlação de forças no Congresso Nacional.

O parlamentar ocupa uma posição estratégica nesse plano. Ele faz parte do grupo de homens de confiança de Ciro Nogueira, que mantém pregação contrária a Lula e mira a vice em eventual chapa presidencial de Tarcísio de Freitas (Republicanos) em 2026.

Ciro Nogueira comanda o PP. E Fufuca costuma ser acionado em momentos decisivos. Em julho de 2021, o deputado assumiu interinamente a presidência do partido assim que Ciro Nogueira foi para a Casa Civil de Bolsonaro. Isso foi visto como uma forma de ele manter o controle sobre a sigla.

Foto: Jacinto Teles/JTNEWSMinistro Wellhington Dias no gabinete do MDS em Brasília
Ministro Wellhington Dias ganha queda de braço com os fisiologistas-bolsonaristas do Centrão; população em vulnerabilidade social ganha assim mais "um fôlego" na luta pela sobrevivência. Ciro Nogueira começa "sangrar" governo Lula, deu apenas o 1º passo.

O primeiro alvo do PP na reforma ministerial foi a pasta do Desenvolvimento Social, comandada por Wellington Dias (PT), que é adversário político de Ciro Nogueira no Piauí.

O novo ministro do Esporte não começou a carreira no PP. Ele ingressou na política pelo PSDB, migrou para o PSD e foi eleito deputado federal pelo PEN, partido nanico que tinha apenas dois representantes na Câmara em 2015.

Começou a ganhar projeção ainda no PEN, quando se aproximou de Cunha, que à época presidia a Câmara. O então presidente da Casa tinha forte controle sobre o plenário ao liderar uma aliança de partidos de centro, inclusive do baixo clero, e de oposição à ex-presidente Dilma.

Fufuca foi da tropa de choque de Cunha que colocou em prática diversas manobras para protelar a cassação do mandato do ex-presidente da Câmara. Enquanto isso, o grupo articulou o impeachment de Dilma –o novo ministro de Lula votou a favor do afastamento da petista, em abril de 2016.

O maranhense, porém, segue a cartilha pragmática do centrão. Como líder do PP na Câmara, fez acenos ao governo e se fortaleceu à medida que Lula ficava mais dependente de Lira na Câmara.

Mas a articulação arrastada para Fufuca assumir o Ministério do Esporte também teve um preço. Integrantes da bancada do PP passaram a criticar a postura dele na negociação e dizem que ele já entra enfraquecido na Esplanada.

Dessa forma, permanecem as dúvidas sobre quantos votos o governo Lula conseguirá atrair com a nomeação do deputado federal no lugar de Ana Moser, ex-atleta que deixa a pasta do Esporte.

Texto de Thiago Resende e Julia Chaib, jornalistas da Folha de S.Paulo.

Fonte: Folha de S.Paulo | Edição pontual do JTNEWS

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