Câmara de Teresina concede título ao auditor fiscal do Piauí, Francisco Antônio de Alencar

A propositura do título foi do então vereador Olésio Coutinho em 2005; Alencar optou em recebê-lo na data em que completou 70 anos de idade

A Câmara de Vereadores de Teresina entregou nessa semana, no último dia 14/02, às 19:30h o título de cidadania teresinense ao auditor fiscal [aposentado] da Secretaria de Estado da Fazenda do Piauí, Francisco Antônio de Alencar. "Alencarzinho" como é conhecido no meio dos amigos, recebeu a honraria no dia do seu aniversário de 70 anos, cuja solenidade oficial ocorreu no Finess Bufett na Zona Leste da capital teresinense sob a presidência do vereador Aluísio Sampaio, à mesa estiveram presentes o secretário de Governo Municipal, Fernando Said, o deputado federal, Júlio Cesar, o deputado estadual Marden Meneses e autor da honraria, Olésio Coutinho; concomitante à comemoração do aniversário, do qual participou dezenas de parentes e amigos de diferentes segmentos sociais.

O título de cidadania fora aprovado ainda em 2005 pelo então verador Olésio Coutinho, aprovado por unanimidade dos vereadores da época, inclusive pelo hoje Editor do JTNEWS, Jacinto Teles [que na ocasião era detentor do mandato parlamentar].

Francisco Antônio de Alencar tem uma trajetória de vida que honra não só à família e aos amigos, mas à sociedade piauiense, mesmo tendo adentrado ao serviço pública da forma mais democrática possível, ou seja, por concurso público, exerceu diversos cargos  de confiança, todos do mais alto escalão do governo estadual do Piauí, dentre estes, foi  secretário de Educação do governo Bona Medeiros, secretário-chefe do gabinete do governador Freitas Neto, bem como secretário de Segurança Pública, da Justiça, além de outros não menos importantes.

Quando a história transforma-se no discurso do homenageado, torna-se impossível não contar

O JTNEWS dispensa as 'aspas', considerando que desde logo fica consignado: o texto é literalmente extraído do discurso do cidadão teresinense, Francisco Antônio de Lencar. Confira-o:

Começo agradecendo a Deus por esta noite e dizendo que uma senhora, de pouquíssimas letras, durona e às vezes, até rude, é a grande responsável por este momento mágico da minha vida:  comemorar os meus 70 anos, ao lado de tantos amigos, juntamente com a minha companheira de 42 anos, 5 meses e 13 dias, Carmelita, dos filhos Vanessa, Vivian e Victor, dos netos Matheus, Filipe, Pedro, João, Alícia e a Larinha, dos genros Roosevelt Filho, Marcus Sabry e da nora, Kennia Monção.

Foto: divulgaçãoOlésio Coutinho, autor da honraria, entrega título de cidadania ao homenageado
Olésio Coutinho, autor da honraria, entrega título de cidadania a Alencar

Se isso já não bastasse, recebo também nesta noite o título honorário de cidadão de Teresina, graça a proposta apresentada pelo então vereador Olésio Coutinho e aprovada, à época, por unanimidade pelos ilustres vereadores da Câmara Municipal de nossa Capital.

A senhora a que me referi, amigos, é a minha mãe Izabel Matutina de Alencar, conhecida por Bezinha. Infelizmente ela não está mais conosco, assim como meu pai, Antônio Luís Carlos de Alencar e a minha única irmã, Lília, mas tenho certeza que os três, lá de cima, estão vibrando com esse momento.

Fui um menino que aprontou muito e, diferente de hoje, com o tal do politicamente correto, recebia dela o castigo merecido e proporcional ao malfeito realizado.

Poucas vezes, se pode dizer que um porre traga algum resultado positivo. No meu caso, isso é fato.

Corria o ano de 1962, alguns amigos, entre aspas, provocaram a mim e ao meu primo-irmão, Manoel Bezerra, professor universitário aposentado, diácono da nossa arquidiocese e sogro do vereador Luís André, para ver quem conseguia beber mais, e olha, a bebida era a cachaça cariri, famosa na região.

Na hora, Vitalino, irmão de Manoel chega e manda parar tudo. Vitalino leva o seu irmão para casa e a d Bezinha leva a mim, também para casa.

Esse meu porre teve um efeito positivo, e explico. No dia seguinte, minha mãe, como total apoio e concordância do meu pai, procurou o nosso vigário, Padre João Moraes para viabilizar a minha vinda para o Seminário do Sagrado Coração de Jesus, aqui em Teresina.

E as coisas funcionaram muito bem, em pouco tempo estava tudo acertado e no final da tarde do dia 8 de fevereiro de 1963, uma sexta-feira, após pegar o expresso de luxo, na cidade de Picos, às 04 horas da manhã, chegamos à praça Saraiva, local de embarque e desembarque dos ônibus, pois nossa Teresina não contava à época com uma rodoviária.

Não se assustem, esse era um tempo normal para a viagem. Asfalto, apenas coisa de 5 km na entrada da Capital

Da praça Saraiva, seguimos num jipe willys diretamente para a casa do casal João Gonçalves e d Adélia Almeida. Um parente nosso, José Josias de Carvalho nos havia indicado.

Registro, com muita alegria, as presenças aqui de 5 filhas do casal: Inês, Maria de Lourdes, Purificação, Rosário e Socorro.

Começava, então ali, a minha relação com essa cidade que já registram 56 anos, 11 meses e cinco dias.

Sábado, logo após o café, pedi a Rosário, a caçula da casa, para me levar até o prédio do IAPC. Queria ver e subir no prédio mais alto da cidade. Realizei então naquela manhã de um sonho. Subi pelas escadas, não esperei o elevador.

Terça-feira, dia 12, a dona Bezinha me internou no Seminário do Sagrado Coração de Jesus há 2 dias de completar os meus 13 anos

Estudei no Seminário de 1963 a julho de 1968.  Naquele educandário consolidei toda a formação que meus pais desejaram para mim e procuraram transmitir pelo exemplo: honestidade, lealdade e gratidão.

A minha saída do Seminário na verdade não foi voluntária, e de certa forma, me sinto um pouco culpado, pois não falei a verdade para os meus pais. Não menti, mas omiti.

Na verdade, numa segunda-feira de abril de 1968, fui chamado ao gabinete do nosso Reitor, Monsenhor Mateus Cortez Rufino. Ele havia sido informado que eu estava namorando, detrás de uma rural willys, na praça Pedro II. Fato verdadeiro.

Ele foi direto, meu filho, você não serve para ser padre, mas como é um bom aluno, não lhe vou expulsar neste instante, mas de já, fica comunicado que não deverá voltar no segundo semestre.

Pensa, num desespero, meus pais não disponham de recursos para me manter em Teresina. No Seminário, eles conseguiram pagar os dois primeiros anos, mas a partir do terceiro, passei a estudar com uma bolsa.

Se o porre me trouxe ao Seminário, a comunicação de que não deveria voltar, me permitiu, com a ajuda inestimável de Diogo José Moraes Ayres Soares, me entregar de corpo e alma ao mister de aprender datilografia. Me cedeu uma máquina Olivetti e me passou a responsabilidade de datilografar as fichas catalográficas dos seus livros.

A Assembleia Legislativa abriu concurso para preenchimento de 5 vagas de datilógrafo. Provas em julho. Fui aprovado em 4º lugar. Aí fui gozar o final das férias em Pio IX e comuniquei aos meus pais que não iria voltar para o Seminário. Ante a tristeza de minha mãe, informei que iria assumir um cargo na Assembleia Legislativa como de fato aconteceu, no dia 8 de agosto de 1968.

Foto: Jacinto Teles/JTNewsCâmara de Teresina entrega título de cidadania a Alencar
Momento dos 'parabéns' Alencar recebe o suporte especial da família, ao seu lado d. Carmelita, há 42 anos

Quando fui fazer a minha inscrição, duas pessoas, uma minha conhecida e afilhada de um desembargador, e a outra não, mas que depois aposentou-se como procurador de justiça. Essas duas pessoas saíram do gabinete do Vice-Governador João Clímaco d Almeida (Joqueira), com as suas fichas de inscrição marcadas com uma cruz. Saí triste, mas tomei a decisão, vou preparar-me melhor ainda, pois só serão 3 vagas. Como eu estava enganado, nenhum dos dois candidatos passou.

Mesmo tendo vivido esse fato, em janeiro de 1974 quase cometo um erro crasso, só não o fiz graça a intervenção do meu conterrâneo e amigo, José Hailton de Alencar.

Inscrito para o concurso de Agente Fiscal de Tributos Estaduais que seria realizado nos dias 1º e 2 de fevereiro, corria na cidade a conversa que as 30 vagas já teriam destino certo, e os nomes a que se referiam, eram todos da elite do Estado, numa atitude impensada decidi viajar para gozar as férias na minha querida cidade natal, Pio IX.

Avisado pelo meu primo Ranulfo, a quem também devo muito, José Hailton, seu genro, me procurou e me fez desistir, e mais, acertou com José Júlio e Francisco Caland, dois craques em contabilidade e que iriam também fazer o concurso, passamos a semana toda, estudando de manhã e de tarde, apenas contabilidade. Resultado, fui aprovado juntamente com aqueles dois amigos. Faço esse registro para dizer da minha gratidão aos três citados.

Aconselho a todos, quando se inscreverem num concurso, acreditem em si, estudem. Quem sabe passa.

Quis fazer esse pequeno introito sobre o início da minha relação com Teresina, para dizer que aqui tenho vivido muitos momentos de alegrias, me casei, nasceram os meus três filhos, meus 6 netos, e fiz uma gama enorme de amigos.

Militei na política estudantil, desde o Seminário até a Faculdade de Direito, tive a oportunidade de exercer diversos cargos públicos e merecer a confiança de grandes administradores como Dirceu Mendes Arcoverde, Atila Lira, Hugo Napoleão, José Raimundo Bona Medeiros e Freitas Neto.

Por dever de justiça devo também registrar os nomes de João Paulo Simões Accioly de Carvalho, presidente da CEPISA, no primeiro Governo Alberto Silva, José Lopes dos santos, secretário de governo do Governador Dirceu Arcoverde e do meu colega fiscal, Waldemar Macedo, que me fez seu chefe de gabinete, quando exerceu o cargo de Vice-Governador do Estado.

Sou muito grato também a Cristina Miranda que me fez Vice-Diretor da Faculdade NOVAFAPI e Vice-Reitor dos Centro Universitário UNINOVAFAPI. Tenho muito orgulho de ter participado da equipe que comandou aquela instituição de ensino superior. De lá saí levando muita saudade, mas sem falsa modéstia, com a certeza que também deixei saudade.

Ao meu amigo Olésio Coutinho o meu mais sincero agradecimento pela ideia da homenagem. Não vou esquecer nunca.

A você, Aluísio Sampaio, que tão prestimosamente se colocou à disposição para organizar essa solenidade. O Aluísio me chama de tio, como todos os seus irmãos, assim como os meus filhos, também chamam o casal Benício/Lygia, de tios.

Amigos, convido a todos para assistirem um vídeo de 12 minutos, onde são mostradas algumas obras das quais participei, quando no exercício de cargos públicos. Uma maneira que encontrei de agradecer a esta querida cidade que me deu tudo.

No início falei sobre a comemoração de dois momentos, os 70 anos e o recebimento do título de cidadania, e agora encerro, acrescentando mais um fato para coroar esta noite. Por volta das 17:00 horas, recebi um telefonema do vereador Edmilson Junior, de União, me comunicando que Câmara Municipal daquele município havia aprovado, ontem,  projeto de sua autoria,  me concedendo a cidadania daquele importante município do nosso Estado.

Muito obrigado.

Fonte: JTNews

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