Após ser preso desnecessariamente, jornalista Tony Trindade é inocentado pela Justiça Federal

A Polícia Federal ainda não veio a público ao menos desculpar-se acerca da exacerbação da prisão do jornalista piauiense; da superintendente da PF no Piauí, espera-se uma 'explicação'

A Justiça Federal decidiu por inocentar o jornalista e apresentador do programa Alerta Geral da TV Band Piauí, Tony Trindade [sediada em Teresina], e tomou tal decisão  após não encontrar  motivos plausíveis ou minimamente razoáveis para agir contrariamente, nem mesmo a Polícia Federal que prendera o jornalista encontrou motivos sequer para indiciá-lo.

A decisão ocorreu há aproximadamente um ano, após o profissional ter sido preso em agosto de 2020, durante a Operação denominada 'Acessso Negado', em que Tony Trindade foi acusado de obter informações privilegiadas e repassá-las a interessados, ao tempo em que as Polícias Civil e Federal investigavam desvios de recursos da educação no município de União, localizado no que pode-se chamar da Grande Teresina no Piauí. 

Foto: DivulgaçãoAdvogados criminalistas, Lucas Villa e Marcelo Pio
Advogados criminalistas, Lucas Villa e Marcelo Pio patrocinaram a defesa do jornalista Tony Trindade 

Os advogado do jornalista, Lucas Villa e Marcelo Pio, esclareceram que Tony foi inocentado de qualquer acusação e foi retirado do processo. "Depois da investigação, tanto a Polícia Federal, quando o Ministério Público Federal, chegaram à conclusão que não existia qualquer indício em torno do Tony, de que ele tivesse cometido  qualquer tipo de delito" afirmou o advogado criminalista Lucas Villa.

"Por essa razão o Tony não foi indiciado pela polícia e nem denunciado pelo Ministério Público Federal. Tony foi excluído do processo e isentado  de qualquer tipo de acusação, porque ficou demonstrado que não havia qualquer prova de cometimento de crime por parte dele", concluiu Lucas Villa. 

Na decisão, o Juiz Leonardo Tavares Saraiva, da 1ª Vara Federal Criminal do Seção Judiciária no Piauí, afirma que Tony Trindade era responsável pelo marketing político de gestores da Prefeitura de União, e que teria recebido informações sobre a operação por trabalhar na imprensa e apenas se comprometeu a monitorar os fatos como jornalista.

O juiz relata que Tony Trindade agiu como jornalista e que não teve acesso a nenhuma informação confidencial da Polícia. "Não foi possível apontar com a certeza exigida pelo direito penal que Itamir José (Tony Trindade) acessou ou tentou ter acesso a informações de caráter sigiloso que pudesse comprometer a rigidez da investigação", diz trecho da decisão.

Foto: DivulgaçãoJornalista, Tony Trindade, apresentador do programa Alerta Geral da TV Band Piauí
Tony Trindade, que, não obstante seu sorriso permanente, deve levar algum tempo para apagar a agústia como um 'marco infeliz' tão peculiar a quem tem seus direitos vilipendiados; cuja realidade ocorre no cotidiano desta sociedade essencialmente injusta

Tony Trindade, que permaneceu em silêncio durante todo o período de investigação diz que faz-se justiça, mas os estragos causados não são reversíveis.

“Tenho 36 anos de profissão. Não sou a palmatória do mundo. Cometi erros e acertos nessa caminhada, mas jamais imaginei que tentariam me transformar num marginal.

Sei que tenho inimigos silenciosos, poderosos, que não gostam de minha postura como jornalista, mas não quero acreditar que eles estejam por trás de toda essa trama sórdida.

O que me resta agora é seguir em frente, de cabeça erguida, certo que sou cidadão e profissional, temente a Deus e que minha família e meus milhares de telespectadores, ouvintes e leitores poderão continuar confiando e acreditando em mim.” afirmou Trindade. 

Operação Acesso Negado 

A Operação Acesso Negado foi deflagrada pela Polícia Federal no dia 18 de agosto de 2020 com objetivo de cumprir cinco mandados de busca e um mandado de prisão na cidade de Teresina, União e Monsenhor Gil. O nome da operação faz referência à conduta daqueles que obtém acesso ilegal a informações resguardadas pelo sigilo, conforme a própria instituição policial federal.

A operação tinha como alvo principal o jornalista Tony Trindade, que foi preso em sua residência em Teresina (PI). O mandado de prisão foi expedido para investigar suposto vazamento de informações privilegiadas, com objetivo de atrapalhar investigações da Polícia Federal no âmbito da Operação Delivery. 

Computadores e celulares pessoais do jornalista e familiares, foram levados para investigação policial no ato da sua prisão. Três dias após a prisão, o juiz concedeu liberdade provisória ao jornalista, por "inexistir elementos que indicasse risco à ordem pública".

Ainda no contexto do fato

Considerando que a Polícia Federal é uma instituição séria, porém constituída de homens e mulheres suscetíveis a erros e acertos, como, obviamente todos nós seres humanos; e, considerando sobretudo, a forma como a Superintendência da PF no Piauí, por meio da delegada federal, Mariana Paranhos, conduziu a malfadada notícia midiática da prisão de Tony Trindade.

Foto: Divulgação/ADPFDelegada Mariana Paranhos, superintendente da PF no Piauí
Delegada Mariana Paranhos, superintendente da PF no Piauí

É de se esperar que a delegada titular da respeitável Instituição Policial no Piauí, venha a público pedir desculpas, não pelo fato de ser o jornalista Tony Trindade o alvo dessa querela, mas, principalmente em respeito ao trabalho da própria instituição que ainda tem um índice de credibilidade bastante razoável no seio da sociedade piauiense, mesmo ante a açodamentos muitas vezes injustificados e sem razão de ser, por parte de quem detém os mais altos cargos na instituição.

Diga-se de passagem, isso ocorre pela vontade "midiática" de uma minoria, pois a maioria esmagadora da Polícia Federal é composta de homens e mulheres de condutas irretocáveis que têm relevantes serviços prestados à sociedade.

Todavia, a cada ação que desempenha sem os cuidados que devem ser inerentes à função constitucional tão nobre que exerce, a Polícia Federal perde um "tantinho" de seu prestígio institucional.

Isso não é privilégio apenas dessa repeitável instituição policial, tal fato ocorrre com toda e qualquer instituição que, não raraz vezes prima mais pelos holofotes do que pela essência do que realmente deve ser perseguido, que inevitavelmente, deve ou deveria ser, a verdade real objeto da persecução penal.

Vários desdobramentos ainda podem ser demandados nesse fatídio episódio.

Essa é a nossa opinião, salvo melhor ou pior juízo.

Confira o inteiro teor da decisão judicial aqui referenciada.

Fonte: JTNEWS

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