Advogado do senador Flávio Bolsonaro se encontra com o Presidente fora da agenda, no Alvorada

O advogado Frederick Wassef reuniu-se com o Presidente da República Jair Bolsonarao hoje (21), mas não deu declaração à imprensa acerca do que foi tratado

A Folha de S. Paulo divulgou reportagem neste sábado (21) em que informa a audiência do advogado de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), Frederick Wassef, com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) no Palácio da Alvorada, em Brasília. O encontro não consta na agenda oficial do presidente da República.

Foto: Bruno Santos/FolhapressAdvogado de Flávio Bolsonaro
Advogado Frederick Wassef, que defende o senador Flávio Bolsonaro

Segundo a Folha, o advogado chegou ao Alvorada por volta das 11h e deixou o local às 14h20. Bolsonaro se recupera da cirurgia realizada no último dia 8 para correção de um hérnia, a quarta realizada em decorrência da tentativa de assassinato que sofreu em setembro do ano passado. Wassef representa o primogênito do presidente na investigação feita pelo Ministério Público do Rio de Janeiro contra o senador.

Procurado neste sábado pela Folha de S. Paulo, o advogado, que também é amigo do presidente, primeiro perguntou se a reportagem tinha certeza de que se tratava dele mesmo. Depois, questionou o período exato em que ele teria estado no palácio. Após ouvir a resposta, disse que não tinha nada a declarar e que estava apressado pois iria pegar voo para São Paulo.

Já a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto afirmou que o compromisso não estava na agenda oficial do presidente e que, por isso, não tinha informação.

Foto: Jacinto Teles/JTNewsPalácio da Alvorada, foto tirada da área externa de segurança na noite do dia 18 de setembro
Palácio da Alvorada, foto tirada da área externa de segurança na noite do dia 18 de setembro

Em julho, a pedido da defesa do senador, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, suspendeu investigações criminais envolvendo relatórios de órgãos de controle (Coaf, Banco Central e Receita Federal) que especifiquem dados bancários detalhados sem que tenha havido autorização da Justiça para tal.

Na prática, a decisão paralisa a apuração do Ministério Público do Rio sobre o filho do presidente. Também atinge outros inquéritos e procedimentos de investigação criminal (tipo de apuração preliminar), de todas as instâncias da Justiça, baseados em informações desses órgãos de controle. O julgamento da questão no plenário da corte está marcado para 21 de novembro, mas Toffoli pode antecipá-lo. 

Flávio é investigado por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Os crimes supostamente praticados estão ligados ao gabinete dele na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Foto: Jacinto Teles/JTNewsCongresso Nacional
Congresso Nacional, da esquerda para a direita: o Senado (cúpula embassada) onde Flávio Bolsonaro faz parte da direção

O filho do presidente foi deputado estadual de 2003 a 2018 e, segundo o Ministério Público, há indícios robustos desses crimes de 2007 a 2018, período em que Fabrício Queiroz, pivô da investigação, trabalhou com o então deputado estadual como uma espécie de chefe de gabinete.

Relatório do Coaf apontou uma movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta bancária do ex-assessor de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio, de janeiro de 2016 a janeiro de 2017. Além do volume movimentado, chamou a atenção a forma com que as operações se davam: depósitos e saques em dinheiro vivo, em data próxima do pagamento de servidores da Assembleia.

Foto: Antônio Cruz/Agência BrasilPresidente Jair Bolsonaro sanciona Lei de Abuso de Autoridade com 36 dispositivos vetados
Jair Bolsonaro recebe advogado Frederick Wassef fora da agenda, no Alvorada

Queiroz já admitiu que recebia parte dos valores dos salários dos colegas de gabinete. Ele diz que usava esse dinheiro para remunerar assessores informais de Flávio, sem o conhecimento do então deputado. A Promotoria suspeita de um esquema conhecido como "rachadinha", em que servidores são coagidos a devolver parte do salário para os deputados. 

Como mostrou reportagem da Folha, a quebra de sigilo bancário e fiscal autorizada pela Justiça na investigação do Ministério Público do Rio sobre Flávio atingiu pessoas que nem sequer foram nomeadas pelo senador e não tiveram nenhuma transação financeira com Queiroz.

A peça do Ministério Público também atribui equivocadamente ao gabinete de Flávio uma servidora da Assembleia que acumulou outro emprego e apresenta falhas ao relatar suspeitas contra Queiroz. 

Em entrevista à Folha em julho, Wassef afirmou que barbaridades foram cometidas na investigação contra Flavio. “O que não podemos é o poder ilimitado e sem controle de alguns membros do Ministério Público adentrar na vida financeira de qualquer indivíduo”, afirmou o advogado.

OUTRAS VISITAS A BOLSONARO

Além dele, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), esteve na manhã deste sábado no Alvorada por cerca de uma hora. No encontro, segundo a assessoria do parlamentar, ambos discutiram a pauta da próxima semana.

No início da tarde, chegaram ao palácio o ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Filipe Martins, assessor especial da Presidência para assuntos internacionais. Bolsonaro também foi visitado pelo médico Ricardo Camarinha, da equipe da Presidência. 

Bolsonaro viaja nesta segunda (23) a Nova York, onde participará da Assembleia Geral da ONU. Na cidade, deve participar de um jantar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Na terça, Bolsonaro fará um discurso no encontro anual de líderes internacionais.

Fonte: JTNews, com informações da Folha de S. Paulo

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