Silvio Barbosa

Professor concursado do Curso de Comunicação Social da UFPI, campus Teresina. Doutor em Comunicação e Mestre em Filosofia do Direito é advogado e jornalista, com 24 anos de experiência de mercado, tendo trabalhado em empresas como Rede CBS (Estados Unidos), Globo, Bandeirantes, Record e TV Cultura. Autor dos livros TV e Cidadania (2010) e Imprensa e Censura (no prelo) e dos documentários Vale do rio de lama - no rastro da destruição, e Sergio Vieira de Mello, um brasileiro em busca da paz no mundo.
Professor concursado do Curso de Comunicação Social da UFPI, campus Teresina. Doutor em Comunicação e Mestre em Filosofia do Direito é advogado e jornalista, com 24 anos de experiência de mercado, tendo trabalhado em empresas como Rede CBS (Estados Unidos), Globo, Bandeirantes, Record e TV Cultura. Autor dos livros TV e Cidadania (2010) e Imprensa e Censura (no prelo) e dos documentários Vale do rio de lama - no rastro da destruição, e Sergio Vieira de Mello, um brasileiro em busca da paz no mundo.

Donald Trump e a Besta do Apocalipse

Como um líder enfraquecido busca o confronto para se promover

Donald Trump é aquele candidato rico, midiático e que se elegeu apoiado pelas redes sociais manipuladas com todo tipo de fake news, de mentiras, muitas delas criadas, conforme o Congresso dos Estados Unidos apurou, pelas milícias virtuais operadas pelo governo do Tsar (imperador) de todas as Rússias (como era conhecido o imenso império), Vladimir Putin. Para quem não se lembra, Putin apostou todas as fichas em Donald Trump, um analfabeto em política internacional - porque temia a rígida Hillary Clinton, ex-primeira dama com vasta experiência na Casa Branca e na condução da política externa norte-americana, alguém que dificilmente conseguiria dobrar.

Foto: Site russoEncontro entre os presidentes Donald Trump e Vladimir Putin
Encontro entre os presidentes Donald Trump e Vladimir Putin

Eleito, Trump começou a sangrar com o vazamento das informações de que sua campanha recebeu apoio de um país arquirrival, a Rússia do todo-poderoso Putin. O sangramento continuou com o vazamento do telefonema em que ameaçou o presidente da Ucrânia, que tem a parte leste do país ocupada por separatistas russos. Trump, do Partido Republicano, ameaçou o colega ucraniano – Ou você encontra indícios de negócios ilícitos contra um rival político meu do Partido Democrata ou eu corto toda ajuda na resistência contra os russos.

Por causa desse telefonema, Trump está sofrendo pedido de impeachment no Congresso dos Estados Unidos. O Partido Republicano, do presidente, tem maioria folgada no Senado para negar o pedido. Mas a questão é que as afrontas de Trump, com um discurso agressivo, tipo metralhadora que dispara para todos os lados (conhecemos alguém assim no Brasil, heim!), ofendendo até aliados, tornou o impeachment algo mais próximo de acontecer.

Donald Trump então, num esforço para desviar o foco das atenções de seu enfraquecimento político e de gerar uma rede de apoio nacionalista ao seu governo atrapalhado, decidiu acender mais um pavil de pólvora numa região tão explosiva. Sem dar ouvidos aos conselheiros ou consultar o Congresso (o que seria de bom tom na mais antiga Democracia do mundo), mandou assassinar o mais importante ministro do Irã, país com quem os Estados Unidos vivem às turras desde a vitória da Revolução Islâmica, em 1979, quando os religiosos muçulmanos do ramo xiita, derrubaram o Xá (rei) Reza Pahlevi, aliado de Washington.

Em qualquer lugar do mundo, o assassinato de um ministro seria o equivalente a uma declaração de guerra. Trump sabe disso e sabe que sairá ganhando de qualquer maneira. Se o Irã borrar as botas e ficar quieto, Trump mostrará aos norte-americanos como é machão e como sabe conduzir o mundo. Se o Irã partir para a guerra, Trump ganhará o que mais quer, a chance de preencher as manchetes da imprensa mundial com notícias de combates, em vez de debates sobre seu impeachment.

Por outro lado, Trump fez o maior favor do mundo para o regime dos Aiatolás (líderes religiosos do ramo xiita) do Irã. O país vivia a maior onda de protestos populares desde a Revolução Islâmica. Iranianos, cansados de crise econômica e de repressão religiosa, tocaram fogo em carros e estabelecimentos públicos em dezenas de cidades. Mas o assassinato do general-ministro, um herói nacional, jogou um balde de água fria nos protestos, silenciados pela comoção nacional. Os aiatolás e seu regime medievalista estão salvos do descontentamento das ruas, agora unida no apoio à vingança contra os Estados Unidos.

Mas voltemos à Bíblia, mais especificamente ao livro Apocalipse, revelação divina a São João, que inspira o título desse artigo. O idoso santo, escondido na ilha de Patmos para fugir das perseguições do Império Romano, nos fala dos Anticristo, aquele que conduzirá o mundo a uma longa e sofrida guerra, que só terminará com a batalha final no Vale do Armagedon, em Israel. O anticristo é aquele que age com atos contrários ao caminho de caridade, de humildade e de amor, anunciado pelo Messias.

Trump, que comanda o maior arsenal nuclear do planeta, é tudo, menos humilde, mas vamos detalhar: é arrogante, vaidoso com sua peruca tratada no laquê, midiático ao extremo, no que há de pior, com a criação de factoides e de ofensas aos seus críticos... É também agressivo, ao contrário da mansidão do Mestre da Galiléia. E de caridade, não conhece nada, pois fecha as portas aos refugiados e aos imigrantes, prende crianças e separa famílias. Só para lembrar, a Alemanha, que carrega o pesado fardo do Nazismo, aceitou um milhão de refugiados, principalmente sírios. É... Trump, mesmo conhecendo a palavra de Cristo, caminha para o sentido contrário, para o anticristo, para o apocalipse, para o Armagedon.

E que Deus nos proteja!

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