Silvio Barbosa

Professor concursado do Curso de Comunicação Social da UFPI, campus Teresina. Doutor em Comunicação e Mestre em Filosofia do Direito é advogado e jornalista, com 24 anos de experiência de mercado, tendo trabalhado em empresas como Rede CBS (Estados Unidos), Globo, Bandeirantes, Record e TV Cultura. Autor dos livros TV e Cidadania (2010) e Imprensa e Censura (no prelo) e dos documentários Vale do rio de lama - no rastro da destruição, e Sergio Vieira de Mello, um brasileiro em busca da paz no mundo.
Professor concursado do Curso de Comunicação Social da UFPI, campus Teresina. Doutor em Comunicação e Mestre em Filosofia do Direito é advogado e jornalista, com 24 anos de experiência de mercado, tendo trabalhado em empresas como Rede CBS (Estados Unidos), Globo, Bandeirantes, Record e TV Cultura. Autor dos livros TV e Cidadania (2010) e Imprensa e Censura (no prelo) e dos documentários Vale do rio de lama - no rastro da destruição, e Sergio Vieira de Mello, um brasileiro em busca da paz no mundo.

Covid-19: o Piauí escapou do pior. Mas será hora de acabar com o isolamento social?

O Piauí está a meio caminho de duas bombas-relógio prestes a explodir

Teresina fica praticamente equidistante de São Luís, capital do Maranhão, e de Fortaleza, capital do Ceará. As duas cidades estão entre as mais duramente atingidas pelo Covid-19.

Cidades turísticas, à beira-mar, com voos internacionais indo e vindo, as duas capitais têm maior circulação de turistas, brasileiros e estrangeiros, que Teresina.

O isolamento da única capital nordestina que não é a beira-mar finalmente trouxe uma compensação. Sem atrativos turísticos próximos, já que o belíssimo litoral fica a 5 horas de estrada, e sem parque industrial, que atrairia executivos e funcionários de outros países, como ocorre com a Zona Franca de Manaus, Teresina não viu a chegada de grandes levas de pessoas de fora, muitas das quais certamente trariam a infecção.

Isso deu tempo dos governos municipal e estadual anteciparem-se, vendo o horror que se desenrolava, primeiramente, em São Paulo e no Rio. A capital e as principais cidades piauienses bloquearam os locais de grande circulação, como shoppings e mercados fechados, a tempo de impedir a contaminação em massa.

Isso evitou o tão temido pico, ou seja, a internação maciça de pessoas com problemas respiratórios. Outras capitais do Nordeste não tiveram a mesma chance ou agilidade. Recife, onde o turismo é uma das mais importantes fontes de renda, e que recebeu gente do mundo inteiro durante o carnaval, teve explosão de casos e, agora, enfrenta o pior momento. As capitais de nossos vizinhos, Ceará e Maranhão, também estão à beira do caos, com o sistema de saúde no limite.

Isso significa que quem precisar de respirador nesses estados, simplesmente não o terá imediatamente, porque já há fila de espera.

O Piauí não sofreu desse mal, até agora. Não há fila de espera para respiradores. Seria, então, a prova de que o isolamento social já funcionou e que é hora de parar com isso e voltar à rotina?

Na verdade, não. A tranquilidade nos hospitais do Piauí é tão passageira quanto as nuvens no céu. A trovoada pode vir a qualquer momento, com um simples descuido, como numa grande festa em local fechado, uma sala de aula lotada ou com a circulação de consumidores num shopping. O perigo está em dividir o mesmo ar do espaço em que uma única pessoa infectada transitou.

Além do risco da contaminação local, há de se pensar que, no caso de caos completo nos sistemas de saúde do Maranhão e do Ceará, serão as vagas disponíveis nos hospitais piauienses que reforçarão essa guerra contra o Covid-19. Sim, um hospital com vaga no Piauí não pode se negar a atender o pedido de transferência de pacientes de outro estado, afinal, nosso sistema de saúde – o SUS - é único e nacional.

Juntando esses fatos, o risco de aumentar a contaminação local com a iminente necessidade de receber pacientes de outros estados, temos que concluir que é cedo para falarmos sobre o fim do isolamento social no Piauí e, em especial, em Teresina, capital a meio caminho de São Luís e Fortaleza. Os governos estadual e municipal precisam discutir como fazer a reabertura gradual da economia, usando os exemplos do exterior como laboratório.

Escolas e shoppings, nem pensar, por que são locais fechados. Mas, será que o atendimento controlado e limitado no comércio em geral, como escritórios, lojas, clínicas, já poderia ser realizado, com o atendimento de clientes na porta ou individualmente no interior do estabelecimento? Feiras livres e mercados de rua representam tanto perigo assim, com as pessoas usando máscaras?

São questões a serem avaliadas o quanto antes para que possamos conciliar nossa segurança com a volta, cuidadosa, aos nossos afazeres.

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