STF acelera busca de provas e Bolsonaro vai procurar Toffoli; mas continua com Weintraub na Educação

"Odeio o partido comunista...Ele tá querendo transformar a gente numa colônia. odeio o termo "povos indígenas", odeio esse termo. Odeio. O "povo cigano". Só tem um povo nesse país." Bradou Weintraub

A divulgação do vídeo da reunião presidencial e ministerial ocorrida no último dia 22 de abril, conclui uma etapa importante do andamento do Inquérito, cujo objetivo é apurar suposta tentativa de interferência do presidente, Jair Bolsonaro na Polícia Federal.

Foto: Carlos Moura/STFCelso de Melo Ministro do STF
Celso de Melo Ministro do STF que preside Inquérito de Moro contra Bolsonaro

O ministro Celso de Melo assim finalizou seu despacho de 55 páginas no processo de Inquérito 4.831/STF, para autorizar a divulgação do vídeo [com exceção das questões sensíveis envolvendo relações internacionais], da reunião presidencial que também pode ser chamada de "reunião sanatorial":

"[...] Assinalo que o sigilo que anteriormente decretei somente subsistirá quanto às poucas passagens do vídeo e da respectiva degravação nas quais há referência a determinados Estados estrangeiros. Transmita-se, pelo meio mais rápido possível, cópia da presente decisão aos eminentes Senhores Procurador-Geral da República e Advogado-Geral da União, bem assim à Excelentíssima Senhora Chefe do Serviço de Inquéritos da Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal (SINQ/DICOR), Dra. CHRISTIANE CORREA MACHADO, dando-se ciência imediata, ainda, aos ilustres Senhores Advogados do Senhor Sérgio Fernando Moro.

Determino, finalmente, às ilustres autoridades policiais federais a entrega imediata aos Senhores Advogados de Sérgio Fernando Moro, bem assim aos eminentes Senhores Procurador-Geral da República e Advogado-Geral da União, de cópias da gravação da reunião ministerial de 22/04/2020 e, também, de sua respectiva degravação, ambas objeto do Laudo nº 1.242/2020-INC/DITEC/PF, observadas, porém, as exclusões por mim indicadas – já efetuadas e constantes do Laudo em questão – no despacho que exarei, em 20/05/2020, dirigido à Polícia Federal, mediante o Ofício nº 02/2020-GMCM. Concluiu o relator do Inquérito, ministro Celso de Melo do Supremo Tribunal Federal.

Declarações de Abraham Weintraub na reunião foram apoiadas pro Bolsonaro, não se sabe se continuará a apoiá-las

Aqui o JTNEWS traz alguns trechos do conteúdo escrito do vídeo que o STF divulgou sobre a polêmica reunião do presidente Bolsonaro com seus ministros, neste ponto especial veja parte do que disse o ministro da Educação de Bolsonaro.

Foto: Agência Senadoministro da Educação, Abraham Weintraub  Fonte: Agência Senado
Ministro da Educação, Abraham Weintraub - durante uma de suas visitas ao Senado

Abraham Weintraub: "Tem três anos que, através do Onyx, eu conheci o presidente. Nesses três anos eu não pedi uma única conselho, não tentei promover minha carreira. Me ferrei, na física. Ameaça de morte na universidade. E o que me fez, naquele momento, embarcar junto era a luta pela ... pela liberdade. Eu não quero ser escravo nesse país. E acabar com essa porcaria que é Brasília. Isso daqui é um cancro de corrupção, de privilégio. Eu tinha uma visão extremamente negativa de Brasília. Brasília é muito pior do que eu podia imaginar. As pessoas aqui perdem a percepção, a empatia, a relação com o povo. Se sentem inexpugnáveis. Eu tive o privilégio de ver a ... a mais da metade aqui desse time chegar. Eu fui secretário-executivo do ministro Onyx. Eu acho que a gente tá perdendo um pouco desse espírito. A gente tá perdendo a luta pela liberdade. É isso que o povo tá gritando. Não tá gritando pra ter mais Estado, pra ter mais projetos, pra ter mais... o povo tá gritando por liberdade, ponto. Eu acho que é isso que a gente tá perdendo, tá perdendo mesmo. A gente ... o povo tá querendo ver o que me trouxe até aqui."

Abraham Weintraub: "Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF. E é isso que me choca. Era só isso presidente, eu... eu... realmente acho que toda essa discussão de "vamos fazer isso", "vamos fazer aquilo", ouvi muitos ministros que vi... chegaram, foram embora. Eu percebo que tem muita gente com agenda própria. Eu percebo que tem, assim, tem o jogo que é jogado aqui, mas eu não vim pra jogar o jogo. Eu vim aqui pra lutar. E eu luto e me ferro. Eu tô com um monte de processo aqui no comitê de ética da presidência. Eu sou o único que levou processo aqui. Isso é um absurdo o que tá acontecendo aqui no Brasil. A gente tá conversando com quem a gente tinha que lutar. A gente não tá sendo duro o bastante contra os privilégios, com o tamanho do Estado e é o... eu realmente tô aqui de peito aberto, como cês sabem disso, levo tiro ... odeia... odeio o partido comunista [...].

Foto: Jacinto Teles/JTNewsSTF 8
Entre as palmeiras está a sede do STF - onde ficam os 11 ministros que Weintraub denomina-os de "vagabundos" e que deseja vê-los presos

Abraham Weintraub: Ele tá querendo transformar a gente numa colônia. Esse país não é... odeio o termo "povos indígenas", odeio esse termo. Odeio. O "povo cigano". Só tem um povo nesse país. Quer, quer. Não quer, sai de ré. É povo brasileiro, só tem um povo. Pode ser preto, pode ser branco, pode ser japonês, pode ser descendente de índio, mas tem que ser brasileiro, pô! Acabar com esse negócio de povos e privilégios. Só pode ter um povo, não pode ter ministro que acha que é melhor do que o povo. Do que o cidadão. Isso é um absurdo, a gente chegou até aqui. O senhor levou uma facada na barriga. Fez mais do que eu, levou uma facada. Mas eu também tô levando bordoada e tô correndo risco. E fico escutando esse monte de gente defendendo privilégio, teta. Tendeu? É isso. Negócio. Empréstimos. A gente veio aqui pra acabar com tudo isso, não pra manter essa estrutura. E esse é o meu sentimento extremamente chateado que eu tô vendo essa oportunidade se perder.

Outro Inquérito foi aberto no Supremo Tribunal Federal

Novo Inquérito foi aberto no STF, pelo ministro Celso de Melo, e Folha de hoje (24/5) diz que diante de tal fato novo, Jair Bolsonaro agora avalia procurar o presidente do Supremo, Dias Toffoli, para diminuir o mal-estar e evitar retaliações, conforme noticia o Jornal.

Foto: Carlos Moura/SCO/STFPresidente do STF, Dias Toffoli, recebendo presidente Jair Bolsonaro
Dias Toffoli, recebendo o presidente Jair Bolsonaro; foto registrada em evento bastante anterior à crise atual

Resta saber se todos os ministros vão se dar como satisfeitos com o possível acordo entre os presidentes [da República e do STF].

O governo Bolsonaro teme uma eventual reação da Suprema Corte às declarações feitas pelo ministro da Educação Abraham Weintraub. No vídeo da reunião com o presidente e todo o alto staff  da República Palaciana, ele (ministro da Educação), foi muito mal educado e falou demais como sempre, disse que colocaria "esses vagabundos todos na cadeia", começando, obviamente pelos ministros do Supremo Tribunal Federal.

O ministro Celso de Melo do STF, relator do caso na Corte, deu celeridade especial ao andamento do Inquérito originário nas declarações e sugestões do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro. O curisoso é que o vídeo expõe ao ridículo o próprio presidente da República Jair Bolsonaro, e não expõe apenas as questões de segurança pública.

A reunião presidencial parece mais uma conferência de "sanatório aloprado" do que uma reunião do alto escalão da "República Planaltiana".

Procurador Geral da República tem atuado como advogado de defesa do Presidente

O procurador-geral da República, Augusto Aras, tem agido nesse caso mais como advogado de defesa do que como possível acusador do Presidente da República, Jair Bolsonaro.

Foto: Pedro Ladeira/FolhapressAugusto Aras é o novo Procurador Geral da República
Augusto Aras: Por que o PGR não requisita uma acareação entre Sérgio Moro e Jair Bolsonaro? 

Considerando as declarações e ações do PGR, Augusto Aras, junto ao Iquérito no STF, em que este, tem demonstrado preocupação com a celeridade que tem dado o ministro decano, Celso de Melo, da Suprema Corte às investigações acerca do processo de Inquérito que responde Jair Bolsonaro.

Ante a uma situação dessas, em que o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro faz severas denúncias contra o seu ex-chefe, o presidente Jair Bolsonaro, não não dar para entender o porquê do PGR Augusto Aras não propor uma acareação entre acusado e acusador. Por que o PGR assim se comporta?

Indubitavelmente a acareação num caso de tamanha repercussão [e negação de informações de ambas as partes] já deveria ter sido ao menos proposta pelo titular da Procuradoria Geral da República. Mas, até dar para entender tamanha negativa do Dr. Augusto Aras;  tal comportamento pode estar ligado ao fato de o procurador-geral da República não ter sido escolhido em lista tríplice que hisoricamente [pelo menos na última década ter sido assim], ele deve tão somente ao Presidente da República a sua indicação ao Senado Federal para ocupar a acadeira de Chefe Supremo do Ministério Público da União.

Não sejamaos hipócritas de não acreditar nessa condição. Evidentemente que não deveria o PGR assim proceder, haja vista que a sua permanência no cargo não depende de nenhum possível "agrado" à Sua Excelência, o Presidente da República. Ele ostentou, com tenacidade ímpar, no dia da sua sabatina no Senado Federal a Constituição da República Federativa do Brasíl de 1988. Basta agora, cumpri-la, integralmente e sem subterfúgio.

O que teme o Procurador Geral da República? Se não compete a ele fazer o julgamento? A requisição de acareação não sai por quê?

Essa é a opinião do JTNEWS, salvo melhor ou pior juízo.

Fonte: JTNEWS, com informações do STF

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