Partido de Bolsonaro tenta aumentar estrutura de coleta de assinaturas

Trabalho é feito por cerca de 1.000 pessoas e a sigla aredita que consegue mais gente, enquanto isso opositores contestam ações no CNJ

O Aliança pelo Brasil, partido que o presidente Jair Bolsonaro está criando, estuda formas de aumentar sua estrutura de coleta de assinaturas. O grupo corre contra o tempo: é necessário que 500 mil sejam recolhidas e validadas até abril para a legenda poder participar das eleições municipais deste ano.

Hoje, há cerca de 1.000 pessoas trabalhando sistematicamente, de acordo com o publicitário Sergio Lima, um dos coordenadores da operação. Eles recebem em uma caixa postal em São Paulo fichas de apoiamento enviadas de outros locais, checam se a assinatura tem firma reconhecida, separam por zona eleitoral e fazem os documentos chegarem aos respectivos cartórios para serem computados pela Justiça Eleitoral.

Foto: Alan Santos / Palácio do Planalto / DivulgaçãoJair Bolsonaro
Jair Bolsonaro tenta criar novo partido

Segundo Lima, até a manhã dessa quarta-feira (15), essa engrenagem já havia checado 172.000 assinaturas. A central da operação é uma sala cedida por ele na capital paulista. Todos trabalham voluntariamente, diz.

A expectativa dos correligionários de Bolsonaro é de que o número de pessoas trabalhando de forma sistemática pule para “vários milhares”.

Nos próximos dias, o Aliança Pelo Brasil deverá divulgar em seu site uma espécie de manual -que está em fase final de elaboração. O documento explicará, por exemplo, os padrões a serem seguidos para que seja promovido evento de coleta de assinaturas.

A providência também servirá para inibir a aplicação de golpes. A cúpula do novo partido se preocupa com a possibilidade de pessoas arrecadarem fundos em nome da sigla e embolsarem o valor.

A ideia é que haja pequenas estruturas espalhadas pelo país -por exemplo, na sala da casa de apoiadores- também em condições de dar encaminhamento às assinaturas recolhidas. Até mesmo capacitações presenciais estão sendo cogitadas, mas para o futuro.

De acordo com Lima, ainda não há dinheiro disponível para a estruturação das coletas. Segundo ele, os advogados Admar Gonzaga e Karina Kufa trabalham para viabilizar o recebimento de doações pelo partido. “A vaquinha tem que ser registrada no TSE”, explica.

O publicitário disse ao Poder360 que, até o meio de fevereiro, o partido deverá ter conseguido todas as assinaturas necessárias. “A máquina começou a girar agora”, afirma.

Em janeiro, o Aliança pelo Brasil passou a promover eventos nos Estados para se divulgar e coletar assinaturas. O primeiro foi em Fortaleza, onde teriam sido arrecadas 1.500.

As assinaturas angariadas nesses eventos ainda não foram computadas, e estão fora da contagem de 172.000 citada por Sergio Lima.

Partidos recentemente criados tiveram cerca de metade das assinaturas recolhidas invalidadas. Por isso o Aliança pelo Brasil pede que o apoio seja dado com firma reconhecida. Apenas quando a Justiça Eleitoral avaliar as fichas é que será possível saber em que medida o movimento foi bem-sucedido.

Eleito pelo PSL, o presidente Jair Bolsonaro decidiu criar o Aliança pelo Brasil depois de um racha em seu partido anterior. A escaramuça se tornou pública em outubro de 2019, quando ele foi filmado dizendo que o presidente da sigla, deputado Luciano Bivar (PE), estava “queimado pra caramba”.

Partidos acionam CNJ

Diante da crescente operação do Aliança para colher assinaturas, o PT, o PSB, o PDT, o Psol e o PC do B recorreram ontem (15) ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para que o conselho proíba o apoio de Cartórios de Notas em ações para filiação ao novo partido de Bolsonaro.

As agremiações reclamam de parceria do Aliança com o Colégio Notarial do Brasil (CNB), que representa 9.000 notários em 24 Estados, para que estes trabalhassem pela coleta de assinaturas necessárias para a criação da nova sigla.

“Não se pode ignorar o fato de que o partido político em que os notários estão atuando em favor possui peculiaridades que evidenciam a necessidade ainda maior de respeito à imparcialidade, podendo o seu favorecimento configurar como ato irregular que ofende a coisa pública”, afirmaram os partidos ao CNJ, que é corregedor dos Cartórios de Notas (que são concessões públicas e, por lei, não podem exercer atividades de natureza político-partidária).

Fonte: Poder360

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