Nossa Paixão: nosso sofrimento; por Brandão de Carvalho

Também estamos vivendo nossa Paixão, nosso sofrimento com milhões de pessoas sepultadas, outras entubadas nos hospitais, algumas com sequelas, outras enfim salvas pela ciência e principalmente pela Fé

Inicia-se a Semana Santa, na qual vivenciamos o sofrimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, entregando aos seus algozes uma vida de infinita misericórdia, pois a sua vida foi de entrega ao madeiro, na crucifixão de seu santíssimo e paráclito corpo incorruptível.

Foto: Jacinto Teles/JTNEWSBrandão de Carvalho
Brandão de Carvalho

De um ano para cá, também estamos vivendo nossa Paixão, nosso sofrimento com milhões de pessoas sepultadas, outras entubadas nos hospitais, algumas com sequelas, outras enfim salvas pela ciência e principalmente pela Fé! A fé, meus irmãos, foi mais proeficiente do que a própria ciência médica, que se viu sem chão, em determinados momentos dessa pandemia, sem as respostas, sem a explicação científica que todos esperávamos.

Começa aí nossa Paixão, nossos sofrimentos, nossas perdas, até mesmo nossas esperanças. Tenhais a Fé, essa sustentação pregada por Cristo, que se encontra no livro de Hebreus 11.1: "A Fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos".

Para que haja a fé, é preciso compreender aquilo em que se pode acreditar. Sem compreensão não há fé verdadeira, mas uma turva aceitação do que pode ser inútil. O apóstolo Pedro pregou uma frase dentre tantas dizendo "que debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devemos ser salvos".

Nesses tormentosos e tulmutuados momentos poder-se-ia perguntar: ora, eis que isso não aumentaria a vossa fé? Respondo afirmativamente, a nossa fé é nosso condão libertador, a confiança que não transige para duvidas, é o leme desse barco que parece soçobrar no turbilhão das incertezas que vivemos nos dias atuais. Não tergiversai pelas veredas recalcitrastes da verdade, que se confundem com atalhos e que nos jogam no mar das incertezas.

Cristo amanhã nos oferecerá uma ceia, aquela mesma que nos ofereceu a dois mil anos atrás, que tem extirpado de nosso espírito e do nosso corpo as mazelas que abatem os famintos, enchendo-nos da luz do Espírito Santo Paráclito. Que esse lava pés não seja só no gesto da humildade, mas também que se finque a torrente da Fé, para vencermos essa pandemia que a todos abatem.

Vivemos, de algum tempo para cá, esse sofrimento planetário, dizimador de vidas, transtornos nunca vividos nessa geração moderna. Vamos contemplar a Paixão verdadeira, daquele que por nós se entregou na Cruz.

Nós também estamos crucificados, não no madeiro como Cristo o fez voluntariamente para a salvação da humanidade, estamos sendo crucificados pelos nossos atos e omissões através desse vírus invisível, inimigo perverso do homem, talvez até mesmo criado por ele voluntária ou involuntariamente nos laboratórios químicos das sociedades mais desenvolvidas no afã da procura tresloucada de descobrir as origens de fatos misteriosos!

A Fé é um dom que nos ajuda a passar por essas circunstâncias difíceis, que sempre ocorrem em nossas vidas, como soe acontecer na atualidade; a descrença é a negação da fé, o templo inerte da materialidade, é navegar numa nau sem rumo, sem comandante, a deriva dos anseios mais comezinhos e inoportunos que uma pessoa possa aventurar-se seguir! 

Vamos orar, vamos vigiar, vamos fazer uma corrente inquebrantável da envergadura da Fé, comprometidos com os ensinamentos e o sofrimento do magister magistrorum, nosso Senhor Jesus Cristo, o Mestre dos Mestres, único e último acalento que temos para salvaguardar nosso corpo e nossa alma, nesses momentos de transe vividos por essa pobre humanidade, que pensa ser tudo mas na verdade nada somos a não ser passageiros da agonia.

*Brandão de Carvalho é escritor da Academia de Letras Jurídicas do Piauí e desembargador do Tribunal de Justiça do Estado.

Fonte: JTNEWS

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