Ministro Sérgio Moro pede exoneração após Bolsonaro impor troca na Polícia Federal

Presidente informou ao ministro da Justiça que mudança no comando da PF deve ocorrer nos próximos dias, o que, obviamente, desagradou a Sérgio Moro

O ministro da Justiça, Sérgio Moro, segundo esta matéria da Folha de S.Paulo, aqui repercutida pelo JTNEWS, teria pedido exoneração ao presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira (23) ao ser informado pelo presidente da decisão de trocar a diretoria-geral da Polícia Federal, hoje ocupada por Maurício Valeixo.

Foto: Jacinto Teles/JTNewsMinistério da Justiça
Ministério da Justiça: possível queda do ministro Sérgio Moro pode repercutir muito ali ao lado no Congresso Nacional (foto)

Bolsonaro informou o ministro, em reunião, que a mudança na PF deve ocorrer nos próximos dias. Moro então pediu demissão do cargo, e Bolsonaro tenta reverter a decisão.

Os ministros Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) foram escalados para convencer o ministro a recuar da decisão.

Foto: Isaac Amorim/MJSPMinistro Sérgio Moro da Justiça, que tem manifestado contra soltura de assaltantes com base em Recomendação do CNJ
Ministro Sérgio Moro da Justiça, que, segundo a Folha de S. Paulo pediu exoneração nesta tarde de hoje (23/04)

Se Valeixo sair, Moro sairá junto, segundo aliados do ministro.

Valeixo foi escolhido por Moro para o cargo. O atual diretor-geral é homem de confiança do ex-juiz da Lava Jato. Desde o ano passado, Bolsonaro tem ameaçado trocar o comando da PF. O presidente quer ter controle sobre a atuação da polícia.

Moro topou largar a carreira de juiz federal, que lhe deu fama de herói pela condução da Lava Jato, para virar ministro. Ele disse ter aceitado o convite de Bolsonaro, entre outras coisas, por estar "cansado de tomar bola nas costas".

Tomou posse com o discurso de que teria total autonomia e com status de superministro. Desde que assumiu, porém, acumula recuos e derrotas.

O ministro também tem se mostrado, nos bastidores, insatisfeito com a condução do combate à pandemia do coronavírus por parte de Bolsonaro. Moro, por exemplo, atuou a favor de Luiz Henrique Mandetta na crise com o presidente.

Com esse novo embate, Moro vê cada vez mais distante a promessa de uma vaga no Supremo Tribunal Federal. Esse caminho já estava enfraquecido especialmente depois da divulgação de mensagens privadas que trocou com procuradores da Lava Jato.

Foto: Sérgio Lima/Poder360Bolsonaro e Sergio Moro: campanha do governo visa a dar visibilidade ao projeto defendido pelo ministro da Justiça
Bolsonaro e Sérgio Moro: que estaria entregando o Ministérioda Justiça em razão da queda do diretor da PF pelo Presidente

Sob o comando de Moro, a Polícia Federal viveu clima de instabilidade no ano passado, quando Bolsonaro anunciou uma troca no comando da superintendência do órgão no Rio e ameaçou trocar o diretor-geral.

No meio da polêmica, o presidente chegou a citar um delegado que assumiria a chefia do Rio, mas foi rebatido pela Polícia Federal, que divulgou outro nome, o de Carlos Henrique de Oliveira, da confiança da atual gestão. Após meses de turbulência, o delegado assumiu o cargo de superintendente, em dezembro.

No fim de janeiro, o presidente colocou de volta o assunto na mesa, quando incentivou um movimento que pedia a recriação do Ministério da Segurança Pública. Isso poderia impactar diretamente a polícia, que poderia ser desligada da pasta da Justiça e ficaria, portanto, sob responsabilidade de outro ministro.

Bolsonaro depois voltou atrás e disse que a chance de uma mudança nesse sentido era zero, ao menos neste momento.

Oportunamente o JTNEWS trará mais informações [não necessariamente nesta matéria]acerca da notícia bombástica deste incício de tarde em Brasília.

Fonte: Folha de S. Paulo | Edição complementar do JTNEWS

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