Lula em entrevista para a Rádio de Passos (MG) destaca que privatização da Eletrobras resultará em mais desemprego

O ex-presidente Lula (PT), durante a entrevista voltou a se posicionar contra a venda da Eletrobrás e falou sobre temas como Reforma Trabalhista e controle da inflação

Na manhã dessa terça-feira (22/02), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participou de entrevista na Rádio Passos FM, de Passos (MG), com transmissão para outras rádios do Sudoeste Mineiro.

Foto: ReproduçãoEntrevista de Lula à Rádio Passos (MG), nesta terça-feira (22/02)
Entrevista de Lula à Rádio Passos (MG), nesta terça-feira (22/02)

A conversa com o apresentador Mário Júnior e o comentarista convidado Juarez Moreira aconteceu dentro do programa 'Passos em Debate', retransmitido por outras rádios do Grupo JM de Comunicação, e também pelas redes sociais do ex-presidente.

Privatização da Eletrobras

O ex-presidente Lula (PT), durante a entrevista voltou a se posicionar contra a venda da Eletrobrás. Ele ressaltou que a empresa, além de garantir empregos e o fornecimento de energia elétrica para a população brasileira, garante que a conta de luz não aumente de maneira desordenada.

"Não há nenhuma necessidade de vender um patrimônio que foi construído pelo povo brasileiro e com dinheiro do povo brasileiro, e uma empresa que pode ser a reguladora do sistema elétrico do país, não permitir o abuso dos aumentos da energia que estamos vivendo hoje no Brasil. Por isso sou contra a privatização da Eletrobrás", pontuou.

O petista destacou que a venda da estatal implicará em mais desemprego. "Vender a Eletrobrás a preço de banana, como eles querem vender, é se desfazer do patrimônio público para enriquecer ainda mais os mais ricos. O resultado disso será o desemprego, mais redução de salários, mais trabalho intermitente e mais trabalhadores fazendo bico, porque não vão ter emprego seguro como têm em uma empresa como a Eletrobrás. Por isso sou totalmente contra", ressaltou.

Reforma trabalhista

O ex-presidente Lula voltou a criticar a reforma trabalhista aprovada em 2017, no governo de Michel Temer, ironizou a “Ponte para o futuro” do emedebista, e explicou como pretende restabelecer os direitos de trabalhadores.

“Nós deveremos fazer o que qualquer país civilizado e democrático tem que fazer. Nós tivemos uma reforma que não foi reforma, foi uma destruição”, declarou o petista, ao ser questionado sobre as mudanças na legislação.

O ex-presidente comentou que o cidadão acha que a palavra reforma tem o sentido de melhorar, mas que o que ocorreu foi justamente o contrário.

“É como se eles tivessem dinamitando os direitos que os trabalhadores vinham conquistando desde 1943, com a instituição da CLT. Olha, não é que a gente queira ficar preso ao passado. Mas nós queremos juntar outra vez os empresários, os sindicatos, o governo, se for o caso juntar universidade, e vamos discutir qual é a legislação trabalhista que nós precisamos para ser adequada ao momento político, econômico e cultural que nós estamos vivendo”, afirmou.

Foto: Divulgação/Ricardo Stuckert/PTEx-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Controle da inflação

Lula ressaltou que uma das principais prioridades em um eventual governo seria “debelar” imediatamente a inflação, já que os preços dos alimentos afetam diretamente o bolso da população.

“As pessoas estão assustadas com os preços na classe média, imagina na classe pobre. (…) Agora tá caro o arroz, o feijão, a mandioca, o leite, o povo pobre tem uma inflação infinitamente maior que a classe média e os ricos”, afirmou.

Segundo o ex-presidente, durante seu governo a meta da inflação, estabelecida em torno dos 4,5% anuais, sempre foi cumprida. Isso se traduzia em crescimento da economia e geração de empregos, na maior parte das vezes com carteira assinada e direitos para os trabalhadores. Também afirmou que os tempos atuais remetem ao que se via no Brasil de décadas atrás.

“A inflação é a desgraça na vida do trabalhador. (…) Tenho visto muita gente dizendo que compra menos no supermercado. Que mundo é esse? No país que é o 3º maior produtor de alimentos do mundo”, criticou Lula.

Lula volta a defender regulação da mídia

O presidenciável voltou a defender a regulação da mídia como forma de combate às fake news, rebateu críticas de que medida é forma de “censura” e reafirmou sofrer perseguição de meios de comunicação.

“Ninguém pode usar a internet pra contar mentira, pra fazer maldade. Tem que ter um limite, tem que ter uma regulação. Vou juntar os internautas desse país, juntar as pessoas que entendem disso, e vamos tentar fazer uma regulação civilizada”, disse à rádio Passos de Minas Gerais.

Lula se defendeu das críticas recebidas da imprensa quando o assunto é regulação de mídia e disse que é alvo recorrente de mentiras “inventadas e fomentadas” por representantes dos meios de comunicação.

“Se tem um cidadão que é censurado nesse país, sou eu. Pode fazer as contas de quantos anos eu fiquei sem aparecer nos meios de comunicação (…) Porque inventaram muitas mentiras, e agora estou provando que era mentira, e eu disse que era mentira desde o começo. E vou provar todas as mentiras que foram inventadas e fomentadas por alguns representantes dos meios de comunicação”, afirmou.

Foto: Divulgação/ Ricardo Stuckert/PTÀ Rádio Passos, Lula defende pacto nacional pela reconstrução do país
À Rádio Passos, Lula defende pacto nacional pela reconstrução do país

De volta ao mapa da fome

Lula afirmou que é inaceitável a situação do país, hoje de volta ao Mapa da Fome das Nações Unidas. “Que [injusto] mundo é esse, em um país que é o terceiro produtor de alimentos do mundo, onde a agricultura familiar já deu demonstração de competência?”, espantou-se. “70% do alimento que vai para a mesa do brasileiro é produzido por pequenos e médios agricultores. No nosso governo, garantíamos que o alimento chegasse barato na mesa do povo”.

“Se as pessoas estão reclamando dos preços dos alimentos na classe média, imagina na classe pobre”, apontou Lula. “Quando vemos que está diminuindo a área de plantio de feijão… A Conab tinha de ter um estoque regulador, isso acabou. No nosso tempo, tínhamos um estoque regulador para impedir que o preço oscilasse muito para cima. Agora está caro o arroz, o feijão, a mandioca, o leite”, elencou. Hoje, o desgoverno de Bolsonaro deixou a população à própria sorte. “Por isso que hoje temos 19 milhões de pessoas passado fome, 116  milhões de pessoas com algum tipo de insegurança alimentar”.

Elite contra o povo

Lula aproveitou o gancho do tema da educação para criticar a elite brasileira, sempre atuando em proveito próprio e deixando a maioria do povo com as migalhas. “Cada vez que a gente começa a produzir riqueza e o país começa a crescer, vem alguém e dá um golpe. E com o apoio da elite brasileira, que sempre quer tirar direitos do povo trabalhador”, argumentou Lula.

“A elite brasileira fez, em 100 anos, 140 escolas técnicas.  Nos governos do PT, entre Lula Dilma, fizemos quase 550 novas escolas técnicas, que ajudam no desenvolvimento regional”, disse.

Confira a entrevista completa do ex-presidente Lula para a Rádio Passos FM

Fonte: JTNEWS

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