Jair Bolsonaro desfaz mal-estar e se encanta com ofensiva de charme da China

Em visita de poucos resultados concretos, presidente demonstra pragmatismo nas relações com país comunista

PEQUIM - A Folha de S.Paulo trouxe ontem (25), reportagem especial acerca da viagem do presidente brasileiro à China, que aqui o JTNews reproduz parcialmente. Confira...

Diz a Folha: Crítico ferrenho do comunismo, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) passou em revista nesta sexta-feira (25) o Exército de Libertação Popular da China, o mesmo que 70 anos atrás ajudou Mao Tsé-Tung a implantar a “revolução” no gigante asiático.

Foto: Divulgação/Agência BrasilCumprimentos oficiais dos chefes de Estado brrasileiro e chinês, Jair Bolsonaro e Xi Jimping
Cumprimentos oficiais dos chefes de Estado brrasileiro e chinês, Jair Bolsonaro e Xi Jinping, respectivamente

Xi Jinping, dirigente máximo chinês, acompanhou Bolsonaro na caminhada diante do Palácio do Povo e da Praça da Paz Celestial. Enquanto isso, uma banda tocava os hinos dos dois países e crianças cuidadosamente ensaiadas pulavam e balançavam bandeirinhas da China e do Brasil.

A cerimônia é planejada para impressionar e faz parte da ofensiva de charme que os chineses dispensam aos seus principais parceiros, principalmente em tempos de guerra comercial com os Estados Unidos. No ano passado, o intercâmbio entre China e Brasil chegou ao recorde de US$ 98,5 bilhões.

Foto: Noel Celis/AFPBolsonaro passou em revista às tropas ao lado do dirigente chinês Xi Jinping em Pequim
Bolsonaro passou em revista às tropas ao lado do dirigente chinês Xi Jinping em Pequim

A iniciativa parece ter surtido efeito. Na reunião privada com Xi, que ocorreu logo em seguida, Bolsonaro disse que estava “feliz” com a maneira que vinha sendo tratado. Ele também se reuniu com o primeiro-ministro, Li Keqiang, e com o presidente da Assembleia Popular, Li Zhanshu.

Sempre ruidosas, as redes bolsonaristas se mantiveram caladas. Durante a viagem, que terminou nesta sexta-feira (25), nem mesmo o “guru” do presidente, Olavo de Carvalho, fez uma crítica sequer no Twitter.

No início do ano, quando uma comitiva de deputados bolsonaristas esteve na China para conhecer a tecnologia de reconhecimento facial do país, o escritor chamou os congressistas de "palhaços" e “semianalfabetos”.

Em todas as declarações públicas, Bolsonaro demonstrou pragmatismo e deixou de lado a retórica de campanha, quando chegou a dizer que “a China não estava comprando no Brasil, mas comprando o Brasil”.

Dessa vez, o presidente brasileiro estendeu o tapete vermelho para os chineses, convidando-os a participar da cessão onerosa de petróleo, dos leilões de concessão e a entrar na privatização de estatais.Diante de uma plateia de 19 CEOs locais, chegou a anunciar que vai isentar os chineses de visto para entrar no Brasil, uma medida polêmica e que desperta o temor de imigração ilegal. Afinal, vivem na China 1,4 bilhão de pessoas.[...].

Bolsonaro presenteou Xi com um blusão do Flamengo, que acaba de ir para a final da Copa Libertadores. Admirador do futebol brasileiro, o dirigente chinês agradeceu e adulou o colega brasileiro dizendo que a carne exportada pelo Brasil é “inigualável”.

Foto: Jason Lee/ReutersPresidente Bolsonaro saúda crianças chinesas ao lado de Xi Jimping
Presidente Bolsonaro saúda crianças chinesas ao lado de Xi Jimping

Hábil, Bolsonaro não esqueceu de mandar recados aos seus eleitores, quando disse que estava num “país capitalista” e quando permitiu que a imprensa o acompanhasse numa caminhada por um moderno shopping center. Já a tradicional visita a Muralha da China ele preferiu fazer sem a companhia dos repórteres.

Apenas um tema se manteve “tabu” durante toda a visita: a gigante de tecnologia Huawei, que vem sofrendo sanções dos Estados Unidos por causa da tecnologia 5G.

No banquete de gala, Bolsonaro perguntou a Xi como estavam suas relações com Donald Trump, considerado um ídolo pelo brasileiro, e teve uma resposta protocolar. E já quase de saída do país, o presidente revelou aos repórteres que já tratou do assunto Huawei reservadamente com o colega americano. 

Fonte: Folha de S.Paulo

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