EXCLUSIVO: Profissionais de dança denunciam abordagens truculentas de fiscais do CREF-PI

Na última quarta-feira (29/9), alguns profissionais relataram abuso de poder por parte da equipe de policiais militares e dos fiscais do Conselho Regional de Educação Física do Piauí (CREF-PI), durante uma fiscalização realizada em uma aula de Zumba no Centro de Esportes Unificados (CEU) no bairro Santa Maria da Codipi na zona norte de Teresina (Piauí). 

Foto: Arquivo Pessoal

Juan Douglas

De acordo com os profissionais, que relatram ao JTNEWS, houve constrangimento e truculência nas abordagens dos ficais do CREF-PI, de forma bastante exacerbada.

Juan Douglas que trabalha com Zumba há dois anos, denunciou ao JTNEWS que foi autuado pelos fiscais de forma injusta sem oportunidade de defesa, num ato absolutamente desarrazoável.

"Eu fui autuado de maneira injusta por parte do Conselho, por exercer a profissão de instrutor de Zumba. Não só eu, mais um outro profissional na aérea de treinos funcionais, também foi autuado de forma grosseira e injusta por parte do CREF. Em nenhum momento a gente teve a oportunidade de se defender, eles chegaram com intimidação, falas agressivas e até alegaram coisas que não existiram", ressaltou.

Ainda segundo Juan, a intimação alega que ele não seria capacitado ou licenciado, mas destaca que a sua profissão é instrutor de Zumba e foi notificado oficialmente como Professor de Ginástica.

"A intimação que foi feita a mim, vem alegando que não sou capacitado e nem licenciado para trabalhar com a Zumba e ainda que eu estaria tirando proveito dos clientes/alunos, fora que minha profissão é instrutor de Zumba e eles notificaram a minha profissão como professor de Ginástica.

Para os que não conhecem a Zumba, acham que a profissão se encaixa nos critérios do CREF [ou seja, que deve ser fiscalizada por esse órgão], mas existe lei que artes, danças, lutas, yoga não podem ser fiscalizadas, tampouco autuadas pelo CREF, ainda mais a dança e a arte que são consideradas como cultura popular de livre manifestação", pontuou.

De acordo com o coordenador-geral da Zumba no Norte/Nordeste e especialista em dança e fisiologia do treinamento desportivo e didático, professor Sérgio Renato Souza, no CREF 15  existe uma Resolução, a 497, que deixa claro que eles não podem fiscalizar profissionais de dança, e mesmo que pudesse jamais poderia usar da truculência.

Nayra Karoline, que testemunhou o momento da fiscalização, relatou que a Polícia interrompeu as atividades recreativas que estavam sendo realizadas para a comunidade carente e autuaram o estagiário de Educação física e o professor de dança, de forma truculenta, não permitindo que ambos pudessem se identificar, causando constrangimento exacerbado.

"Os fiscais chegaram acompanhados de uma guarnição da Polícia Militar, sem se identificarem correetamente, foram logo interrompendo as atividades recreativas que estavam sendo realizadas para a comunidade carente. Autuaram o estagiário de Educação Física e o professor de dança de forma truculenta, nao deixaram nem eles se identificarem..., alegando que eles estavam no exercicio ilegal da profissão, humilharam e debocharam dos voluntários. Haja vista que o estagiário esta cursando o 6°( sexto) periodo de Educação Física e o professor de dança é habilitado e credenciado pelo Zumba Fit, podendo atuar como instrutor de dança em todo o território nacional sem a necessidade de um diploma do nível superior de Educação Física. Posto que dança se enquadra na categoria de expressão cultural, bem como a pintura, o teatro e as artes marciais", relatou ao JTNEWS.

Carla Mata, membro da Federação Piauiense Skateboard FEPISk e da Associação Teresinense de Skate ATS, relata que o professor de Zumba da comunidade teve a ideia de reunir os colegas estudantes de Educação Física e professores de dança para darem aulas para as pessoas no espaço do CEU, pois o local estava desativado sem atividades há um bom tempo, devido a falta de recusos da prefeitura.

Foto: Reprodução/Instagram

Carla Mata defende as aulas de Zumba em locais públicos comunitários como expressão da cultura

"Eles se reuniram recenteente e começaram a fazer aulas de dança, que é um projeto que já existia na prefeitura em gestões anteriores de Zumba na praça, a atual gestão da prefeitura de Teresina reativou esse projeto de Zumba agora no mês de agosto, e em aluns locais de Teresina está tendo aulas de Zumba, mas esse CEU lá na Santa Maria da Codipi não estava recebendo essas aulas desse projeto da prefeitura. Então os próprios moradores da comunidade reuniram e começaram a fazer as aulas de forma vonluntária sem receber nenhuma remuneração, é uma iniciativa popular".

Segundo Carla Mata, a abordagem foi violenta e sem qualquer diálogo, ela ratifica as declarações já prestadas a este órgão de imprensa e diz textualmente assim: "O CREF, fez uma fiscalização e chegou lá no espaço na semana passada, interrompeu as aulas, autuou duas pessoas, um profissiona da dança que é um professor de Zumba e um estudante de Educação Física, que estava no momento ensinando a Zumba para as pessoas que estavam no local. A forma da abordagem foi ruim, rude e não preserva o direito ao diálogo, a explicação e autua pessoas que estão dançando, o que é uma manifestação cultural como se fossem profissionais de Educação Física", destacou.

Versão do presidente do CREF-PI

Procurado pelo JTNEWS o presidente do Conselho Regional de Educação Física do Piauí (CREF15), Danys Queiroz, informou que no momento da abordagem feita pelos fiscais não houve qualquer tipo de violência.

Foto: Reprodução/Youtube

Denys Queiroz é presidente do CREF-PI

Segundo ele, se trata de uma "irresponsabilidade" um profissional atuar sem a devida qualificação para manejo de atividade.