A importância do Projeto Criar, para a difusão do conhecimento arquitetônico na formação das cidades

O projeto idealizado por alunas do curso de arquitetura da UniNovafapi, retrata em artigo científico a importância da Igreja N. S. das Mercês em Jaicós como patrimônio para a formação do Estado do PI

O JTNews recebeu em sua Redação nessa sexta-feira (06), uma comissão de alunas do grupo de estudos e desenvolvimento multidisciplinar denominado 'Criar', do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário [UniNovafapi] de Teresina no Piauí. 

O Grupo tem como objetivo principal promover a produção de artigos científicos, bem como a proposta de estimular o processo de aprendizagem, a partir das trocas de experiências, por meio de pesquisas fora do ambiente da universidade, trazendo crescimento pessoal e profissional. 

Foto: JTNews/Jacinto TelesEntrevista com o grupo Criar
Entrevista com o Grupo Criar, que é composto por  Élida Damasceno, Tayná Rodrigues, Tamyres Cristina, Maria Eduarda Coutinho, Vanessa Cabral, Inara Carlos, respectivamente.

Além das fundadoras do Criar, entrevistamos três alunas que são membros do grupo ora referenciado [fruto da orientação do projeto], que produziram um artigo sobre a cidade de Jaicós (PI), uma das mais antigas do Estado. No artigo, elas usam a arquitetura, dentro do eixo de patrimônio, para falar sobre a origem da fundação do Município e a importância da preservação da história da região.

O Criar, está subdividido em três eixos: urbanismo [trata da análise da formação de cidades através de patrimônio, do desenvolvimento e planejamento urbano e demais temas que possa englobar essa temática], patrimônio [procura mostrar para a sociedade, a riqueza que existe nessa temática, buscando a valorização e a disseminação cultural], e sustentabilidade [busca mostrar a importância da sustentabilidade no desenvolvimento profissional e nos trabalhos que engobam toda a temática que envolve o grupo criar].

JTNews: Como começou o grupo de estudo "Criar"?

Tayná Rodrigues: O grupo começou com a vontade de ajudar nossos amigos (as), até porque inicialmente éramos somente três pesquisadoras na Faculdade. Éramos quem procurava escrever e desenvolver trabalhos fora da universidade, fora da sala de aula. Então através dessa pesquisa e do anseio dos nossos amigos a querer participar, decidimos ajudá-los. 

Começamos com esse grupo de estudo informal, pedimos uma sala na Faculdade, que atendeu ao pedido e começamos a convidar professores e amigos. Isso durou dois meses. Depois desse tempo, tivemos a vontade de crescer mais. Com esse crescimento, com a ajuda coordenação da faculdade, que nos deu total apoio desde o início, formalizamos o grupo e ele se transformou no que é hoje.

Foto: JTNews/Jacinto TelesEntrevista com o grupo Criar
Entrevista com o grupo Criar, nesta foto Duda Coutinho e Vanessa Rodrigues

JTNews: Qual a importância de escrever dentro da faculdade?

Inara Carlos: Nós cursamos Arquitetura e Urbanismo, que é um curso que é muito prático. Temos disciplina de projetos em todos os semestres e a escrita, mais especificamente a produção de artigo, foi uma coisa que nos foi apresentada desde o começo. Então decidimos começar a escrever e foi criado o grupo.

Começamos a orientar pessoas, por que sabemos o quanto é importante criar um hábito de escrita, e a partir disso criar um hábito de leitura. Para quem quer seguir na carreira da pesquisa, pós-graduação, especialização, mestrado e doutorado, é importante manter esse hábito e quando é iniciado dentro da graduação, é continuado mais facilmente após a saída da academia.

JTNews: Qual a importância do Criar?

Élida Damasceno: Nosso projeto é importante por ser o primeiro do curso de Arquitetura e Urbanismo da história do Centro Universitário Uninovafapi, então ele veio de uma iniciativa única. Por isso ele foi aplaudido tanto pelos professores, como pelos outros alunos. O grupo, desde a criação, têm recebido muito apoio. Nossa iniciativa de ser o primeiro foi o diferencial, o que deu uma maior visibilidade. Mostramos que eles também podem escrever, não só algumas pessoas, mas todo mundo pode. É muito gratificante poder trabalhar voluntariamente produzindo e ensinando os alunos.

JTNews: "Paróquia de Nossa Senhora das Mercês como Patrimônio para a Formação do Estado do Piauí: O Poder da Igreja na Formação da Cidade". Como vocês chegaram nesse tema?

Tamyres Cristina: Conhecemos o grupo Criar e com ele os eixos temáticos que poderíamos abordar. Como nos identificamos com a área de patrimônio, então a Maria Eduarda que é de Jaicós, sugeriu a "Nossa Senhora da Mercês". Nos sensibilizamos com relação ao patrimônio e com a questão histórica também.

Nossa intenção era mostrar a história da cidade e fazer com que a população criasse um laço, para que também pudessem proteger, porque só protegemos aquilo que amamos e só amamos aquilo que conhecemos.

Verificamos também que existiam outras edificações que tinham um valor histórico e foram derrubadas, como a residência do Padre Marcos de Araújo Costa que ficava próximo à igreja [da qual foi o idealizador]. As pessoas não sabem da importância histórica dessas construções, isso não acontece com a igreja porque ainda é usada. Agora essas casas da época colonial são vistas como ultrapassadas pelos padrões modernos.

Foto: JTNews/ Jacinto TelesEntrevista com o grupo Criar
O grupo Criar foi ponto de partida para a produção do artigo "Paróquia de Nossa Senhora das Mercês Como Patrimônio Para a Formação do Estado do Piauí: O Poder da Igreja na Formação da Cidade" 

JTNews: Sobre a fundação da cidade entorno da Igreja. O que o artigo aborda sobre a história de Jaicós?

Maria Eduarda Coutinho: Em 1833, o Padre Marcos de Araújo Costa fundou a Paróquia e a partir  daí se deu a formação de Jaicós, por isso escolhemos falar da Igreja. A importância dela como patrimônio e como centro na formação da cidade, isso é visível por ser cercada de casas históricas, com arquitetura colonial.

Sobre o desenvolvimento da cidade é importante falar sobre o Padre Marcos, que foi o responsável pelo pontapé inicial na construção e desenvolvimento da cidade. Além de fundar a Paróquia Nossa Senhora das Mercês, ele atuou  na educação da cidade. O padre construiu a primeira escola do Estado na Fazenda Boa Esperança, foi o berço da educação piauiense. Era poliglota e ensinava latim na escola que mantinha na fazenda. Também atuou em cargos políticos, mas o que ele amava era de ser educador voluntário e a sua vida na Igreja. Inclusive, era visto como um homem de pouca ambição para o nível intelectual e acadêmico que detinha.

JTNews: O que vocês podem contar sobre a arquitetura da Igreja? 

Vanessa Cabral: Ela possui um estilo Barroco e, no Piauí, esse estilo foi difundido como arquitetura colonial e sacra. Não é particulamente rica no exterior: foi construída com materiais locais, pedra e barro. Possui uma planta simples e por sua simplicidade no exterior, supreende por ter um altar trabalhado com uma profusão de ornamentos reservados para o interior em lugares pontuais.

Como indicador da importância dessa Igreja pode se considerar o arquivo onde estão registrados todos os batizados ocorridos até o início do século, no território que abrange a paróquia, compreendendo os municípios de Picos e Paulistana.

Fonte: JTNews

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