A Justiça decidiu manter a prisão preventiva de Francisco de Assis Pereira da Costa e Maria dos Aflitos Silva, réus acusados de envenenar dez pessoas em Parnaíba, Litoral do Piauí. A decisão foi tomada durante a audiência de instrução e julgamento realizada nessa sexta-feira (05). O caso envolve um dos episódios mais graves de envenenamento em série já registrados no estado, com oito mortes e dois sobreviventes. A decisão foi proferida pelo juízo da 1ª Vara da Comarca de Parnaíba.
Segundo denúncia do Ministério Público, os crimes ocorreram entre agosto de 2024 e janeiro de 2025, quando os acusados utilizaram o veneno agrícola terbufós para contaminar alimentos consumidos pelas vítimas. Entre os mortos estão crianças e adultos da mesma família, como João Miguel da Silva (7 anos), Ulisses Gabriel da Silva (8 anos), Manoel Leandro da Silva (18 anos), Maria Lauane Lopes Silva (3 anos) e Francisca Maria da Silva (32 anos).
Durante a audiência, Maria dos Aflitos foi ouvida por cerca de 20 minutos. Ela negou participação nos assassinatos e alegou que chegou a acreditar que a vizinha Lucélia Maria da Conceição, presa em agosto de 2024 pelos envenenamentos iniciais, fosse a responsável pelas mortes. No entanto, após a tragédia de 1º de janeiro deste ano, quando cinco pessoas morreram depois de comer baião de dois contaminado, a acusada disse ter desconfiado do companheiro Francisco de Assis.
“Eu acreditava que tinha sido ela, mas quando aconteceram as outras mortes eu desconfiei do Assis. Tá errado. Foi ele que matou meus filhos. Eu não tenho culpa e não tenho envolvimento. Estou pagando por algo que não devo”, declarou.
A acusada também negou ter consumido o arroz envenenado durante o almoço de Ano Novo, afirmando que estava passando mal e de ressaca. A defesa destacou ainda que, no dia 31 de janeiro, Maria chegou a confessar à polícia ter assassinado Maria Jocilene, vizinha que morreu após tomar café em sua casa, mas disse que, à época, estava “com muita coisa na cabeça”. Na audiência, ela voltou atrás e negou envolvimento, rejeitando também a versão da Polícia Civil de que teria tido um relacionamento amoroso com a vítima.
A audiência havia sido inicialmente marcada para 30 de julho, mas foi adiada após a Defensoria Pública solicitar um exame de sanidade mental para Francisco de Assis. O laudo, divulgado em 2 de setembro, confirmou que o réu é mentalmente são. A defesa de Maria também pediu o adiamento, alegando dificuldades de logística devido à prisão da acusada em Teresina.
Fonte: JTNEWS com informações do GP1