A fome nossa de cada dia; por Flávio de Ostanila

"Quando me queixava, minha mãe dizia: "Vai dormir, que passa". Não sabia eu que teria na vida muitos outros tipos de fome"

Na infância, eu tinha muita fome de comida. Quando me queixava, minha mãe dizia: "Vai dormir, que passa". Não sabia eu que teria na vida muitos outros tipos de fome.

Foto: Arquivo PessoalFlávio José [ou Flávio de Ostanila] é policial penal, professor e escritor
Flávio José [ou Flávio de Ostanila] é policial penal, professor e escritor

Fome de dinheiro, pois no Brasil se trabalha durante quase seis meses só para pagar impostos. E, sem grana, sofre-se de outra fome: a de respeito. 

Fome de justiça. O que se vê é político desviando recursos públicos, impunemente, para locupletar a si, a seus familiares e apaniguados.

Fome de dignidade; visto que, sem economias, não se pagam as dívidas nem se realizam sonhos.

Fome de reconhecimento, porque só são importantes as pessoas que integram determinados grupos, aquelas com pouvoir financier

Fome de oportunidade, já que a condição financeira não é satisfatória o bastante para custear cursos preparatórios, para fazer uma viagem ou para montar um negócio.

Fome de pessoas: nada nem ninguém acontece de graça. 

Até mesmo fome de amor - quando a mulher amada resolve deixá-lo para "colar" em alguém que possa lhe proporcionar mais conforto.

A vida é um prato vazio. Alguns terão como enchê-lo; outros mal terão o prato. Aqueles vão se empanturrar de satisfação e alegria. Estes terão como abastança somente peleja e angústia.

Flávio José Pereira da Silva [Flávio de Ostanila] é policial penal, escritor, bacharel em Direito e professor de Língua Portuguesa.

Confira AQUI a última crônica do autor, publicada com exclusividade pelo JTNEWS.

Fonte: JTNEWS

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