A Prefeitura de Campo Maior, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Desenvolvimento do Turismo, firmou um contrato que beira R$ 1 milhão para a locação de estruturas e equipamentos destinados a grandes eventos. O documento, assinado em 5 de maio de 2025, prevê o pagamento de R$ 932.064,00 à empresa Extrutura Produções de Eventos e Locações Ltda, sediada em Teresina, com vigência de 12 meses.
O contrato, resultado do Pregão Eletrônico nº 002/2025, lista itens com valores que chamam atenção, como diárias de R$ 12,8 mil para iluminação de grande porte, R$ 10,7 mil para sonorização de grande porte e R$ 76,6 mil para um único palco de grande porte por apenas 10 dias de uso. Também estão incluídos camarins a R$ 2 mil por dia, arquibancadas a R$ 1.140 por metro e painéis de LED que custam R$ 3.283 a diária.
Embora a licitação siga a Lei nº 14.133/2021, a justificativa para valores tão altos não aparece de forma detalhada no documento público. Na prática, a prefeitura se compromete a arcar com gastos que, somados, se aproximam de um orçamento capaz de financiar reformas de praças, compra de equipamentos permanentes para escolas ou reforço em serviços de saúde.
O contrato também não exige garantia de execução, o que significa que, em caso de problemas, a administração municipal terá que recorrer a medidas administrativas ou judiciais para reaver prejuízos. Outro ponto questionável é que o acordo prevê pagamentos “conforme o uso”, mas não estabelece com clareza quais eventos de fato receberão a estrutura, deixando espaço para um uso pouco transparente dos recursos.
Com uma vigência que vai até maio de 2026, o gasto milionário ocorrerá em um cenário em que Campo Maior enfrenta desafios em áreas essenciais. A destinação de verbas dessa magnitude para eventos, sem clareza sobre retorno social ou turístico, abre espaço para questionamentos sobre prioridades e responsabilidade na gestão do dinheiro público.
Enquanto a população lida com demandas urgentes, o investimento em diárias altíssimas para palco, som e iluminação parece reforçar um velho problema: o uso do orçamento público para ações de grande visibilidade, mas de impacto limitado e passageiro.
Fonte: JTNEWS