O delegado Júlio Castro [agora Sniper], concluiu no último dia 06 deste mês, o Curso de Atirador de Precisão na Polícia Civil do Distrito Federal. Júlio Castro é o chefe da Divisão de Operações Especiais [D.O.E], unidade que compõe o Grupo de Repressão ao Crime Organizado (GRECO) no Piauí.
O curso foi realizado pela Divisão de Operações Especiais da Polícia Civil do DF e reuniu membros de grupos de operações especiais e profissionais de grupos táticos especializados de diversos estados brasileiros. Tal curso, forma atiradores para operar em situações críticas, cujo tiro é imprescindível a salvar vidas inocentes, visando a propiciar ao agente o conhecimento para montagem e uso de armas de tiro de precisão; escolha de equipamentos e munição, bem como técnicas especializadas de tiro.
O objetivo desse curso é fazer com que, os policiais tenham conhecimento de todas as influências que atuam sobre a trajetória do tiro e avaliação do vento, assim, desenvolvendo cada vez mais habilidades necessárias na rotina operacional de combate ao crime.
Em entrevista exclusiva para a Redação do JTNews, o delegado Júlio Castro, fala sobre o curso de atirador de precisão e qual a importância deste, para o policial. Também nos informa sobre a qualificação constante em que os policiais são submetidos, visando sempre a melhoria dos serviços prestados à comunidade do Piauí.
JTNews: Como foi o curso? Como é na prática, a aplicação operacional desse curso?
Delegado JC: As divisões de operações especiais dentro das instituições policiais, elas têm várias ferramentas que são utilizadas para uma solução de crises dentro de um cenário que a polícia precise de ferramentas especiais. Então o atirador de precisão é uma ferramenta dentro de várias outras, como a gente tem o gerente de crise, o negociador, temos os policiais especializados em entradas táticas, e o atirador de precisão é mais um personagem dentro desse cenário.
A função do atirador de precisão ela basicamente é, observar, proteger e neutralizar ameaças. Então, por exemplo, a situação clássica do atirador de precisão é o tipo de comprometimento, aquela situação que existe um cenário de crise constituído e existe um perpretador do evento crítico, que é chamado de PEC, e quando esse PEC toma o refém, muitas vezes existe apenas uma pequena janela para que se possa fazer o tiro preciso, e esse, ele (o tiro) precisa atuar sobre o sistema nervoso central do agressor, para que ele não tenha nenhum espasmo muscular.
Então se ele tiver com a arma na cabeça do refém ele não consiga contrair a sua musculatura e puxe o gatilho. Nesse caso a gente faz o disparo, e todo o sistema nervoso do agressor, é desligado e o corpo dele relaxa.É um tiro muito preciso em uma região muito específica, demanda todo conhecimento e toda base do armamento e tiro que se constrói ao longo da carreira na polícia e então você primeiro faz um curso de operações especiais, e posteriomente, faz essa especialização [que é o curso de atirador de precisão]. Geralmente são formados poucos atiradores em todo Brasil, nesta modalidade.
JTNews: Quantas pessoas estão especilizadas em atirador de precisão no Piauí?
Delegado JC: Na Polícia Civil do Piauí, eu sou o primeiro a ser formado nessa especialização, pois, é um curso bastante seletivo, é analisado todo o currculo da pessoa que vai participar dessa especialização.
JTNews: E como será difundido esse conhecimento, na equipe do D.O.E. para melhorar a operacionalização do dia a dia?
Delegado JC: Esse é um desafio nosso, formar mais policiais. Sempre tivemos o apoio do secretário de Segurança Pública nesse sentido, para formar mais policiais e a busca de qualificação constante. Nosso objetivo inicial é aquisição de equipamentos, pois esses são de alto custo e de tecnologia internacional, no Brasil, ainda está em fase de desenvolvimento. Então a ideia é, após adquirirmos mais equipamentos, mandarmos mais policiais para fazer esse curso fora, até que tenhamos condições de construir nosso próprio curso dentro do Estado do Piauí.
Quanto mais policiais nós tivermos qualificados é mais interessante para nossa realidade policial, para que possamos prestar melhor serviço à comunidade.

JTNews: E sobre o curso de Combate Velado que já é feito aqui na capital, quando será disponibilizado novas turmas?
Delegado JC: A gente através da Academia de Polícia e através da Academia de Formação Penitenciári (ACADEPEN/PI), nós ministramos esse curso para os policiais de vários lugares do Brasil. Há uma demanda muito grande, e pretendemos abrir em breve, novas turmas para que possamos qualificar o policial no combate que é voltado para a realidade que ele está fora de serviço, quando ele está sem seu uniforme e está em trajes civis, esse curso é muito importante porque hoje o índice de mortes de policiais fora do seu horário de trabalho é grande, e precisamos estar qualificando os policiais para essa realidade e para essas situações.
O curso de Combate Velado já é ministrado no Estado do Piauí, e tem como foco aprimorar os agentes de segurança no manejo de arma de fogo, aperfeiçoando a tática individual de combate, visando aumentar sua capacidade de autodefesa no trabalho e no dia a dia.
De acordo com a 13ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública [registro anual da exposição à violência fatal a que os policiais brasileiros estão sujeitos], divulgado no dia 10 de setembro deste ano, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2018, 343 policiais civis e militares foram assassinados, 75% dos casos ocorreram quando estavam fora de serviço e não durante operações de combate à criminalidade.
A violência a que os policiais estão permanentemente expostos tem efeitos psicológicos graves. Em 2018, 104 policiais cometeram suicídio — número maior do que o de policias mortos durante o horário de trabalho (87 casos) em confronto com o crime.
Fonte: JTNews